domingo, 31 de agosto de 2014

Raridades

As lembranças que guardo do ginásio estão em minha memória. Fotografia não era comum. O máximo era ir até ao fotógrafo para tirar foto três por quatro, para documentos. Eu não possuo nenhuma foto desse período, a não ser as da caderneta de estudante. Não tenho nem aquela tradicional, feita por profissionais que apareciam na escola e tiravam da turma toda, na escadaria, com o professor e o diretor. Ou aquela que colocavam o aluno atrás de uma mesa, a mesa do professor, arrumada com o globo terrestre e outros objetos escolares. Meus irmãos alcançaram este tempo. Suas fotos estavam na exposição do Centenário do Esperança de Oliveira. Raridades, despertaram a atenção de todos que tiveram oportunidade de vê-las. Como havia a relação dos alunos da turma, todos queriam encontrar alguém conhecido, ou com muita sorte, se encontrar na foto. Foi muito legal. O meu grande desejo era encontrar alguém de minha turma que pudesse ter uma foto dessas. Infelizmente, não encontrei ninguém. Passado algum tempo, chega às minhas mãos, uma foto tirada na frente do Virgílio Capoani. Quem me trouxe foi o Milton Moretto, que também aparece nela. O que estávamos fazendo ali? Que ano foi? Quem são as coleguinhas que aparecem? Trabalho de detetive. Consegui identificar três: Milton Moretto, Roza Maria Cecília Coneglian, Maria Irinéia Fernandes e eu, claro. Vou publicar a foto, quem sabe descubro as outras. Puxando pela memória, lembrei-me de uma encenação sobre Monteiro Lobato. Isto foi no ano de 1957, quando estávamos na primeira série, turma mista, do ginásio.

Alunos da primeira série mista do curso ginasial (1957)

Cleide Aparecida Cicconi Antonio Carlos Oliveira Lima
Geni Faria Antonio Clóvis Bianchini
Leoni Nelli Antônio Guilherme Rocha de Mattos
Maria Ângela Trecenti Belmiro Benedito Radichi
Maria Aparecida Martins Dairo Orozimbo de Souza
Maria Aparecida Paccola Dumas Vicente Casagrandi
Maria Aparecida Profeta Ferreira Erseni João Nelli
Maria Irinéia Fernandes Hermes Augusto Batistela
Maria Izabel Paccola José Antonio Prandini
Maria Lúcia Paccola João Domingues
Maria Lucília Fernandes Orsi Leopoldo Andretto
Maria Stella Campanari Mário Gasparini Filho
Nilce Capella Marcos Antonio Langoni
Olga Maria Patriani Ferraz Milton Moretto
Rosa Nagay Odair Antonio Artioli
Roza Maria Cecília Coneglian Oswaldo Antonio Dalben
Tereza Peres Santiago Walter Cavalari
Zuleika Boso Wanderley Medola

       

Com esta relação e a fotografia, quem sabe identifico quem são as outras coleguinhas. 
Vocês podem me ajudar?

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

ESTA TURMA FICOU NA HISTÓRIA

1956: ano em que entrei para o ginásio. Na minha memória ficou gravada a reprovação em massa e os nomes das duas únicas coleguinhas aprovadas, ANA MARIA AZEVEDO e LÚCIA TEIXEIRA MENDES. Sentia uma necessidade muito grande de voltar no tempo e visualizar a classe toda. Foi, então, que pude contar com a Rita, funcionária do Virgílio Capoani. Foi ela que encontrou, no arquivo de alunos, uma ata da segunda prova parcial de 1956. Imaginem a minha emoção quando ela me ligou. Fui buscar imediatamente. Ao me entregar, disse: olhe D. Zuleika, seu nome está aqui. Minha memória não havia falhado. Meu número de chamada, naquele ano, foi 32. Ao chegar em casa, analisei com carinho nome por nome e concluí que a turma foi mudando nas séries seguintes, pois muitos que ali estavam, não terminaram o ginásio comigo. Poucos permaneceram em Lençóis. A vida foi dando destinos diferentes a eles. Alguns mudaram de escola, outros de cidade, não tenho notícias deles. Mesmo assim, faço questão de relacionar os ALUNOS da PRIMEIRA SÉRIE, TURMA FEMININA, do ANO de 1956.
Anna Maria Azevedo
Áurea Jardim
Carmem Lygia Paccola
Catlen Mari Paschoarelli
Denise Masseran
Doralice Maria Artioli
Élia Pereira
Elisete Teresinha Coneglian
Glaudete Scian
Ida Marilza Coneglian
Idalina Daré
Inez Carvazan
Leda Maria Resta Costa
Lúcia Teixeira Mendes
Maria Aparecida Paccola
Maria Aparecida Profeta Ferreira
Maria Célia Carani
Maria Cristina Rossi
Maria de Lourdes Souza
Maria do Carmo Nunes
Maria Helena Biral
Maria Isabel Paccola
Maria Lúcia Paccola
Maria José Lourenço
Maria Regina Martins
Maria Stella Campanari
Rosa Maria Cecília Coneglian
Soely Paccola
Terezinha Dantas Monteiro
Terezinha Emiliano
Zulei Luminatti
Zuleika Boso
No final da ata, lavrada pela secretária Mariza Therezinha Marins Bosi, encontro para minha surpresa, a assinatura do Sr. Lidio Bosi, Inspetor Federal, e do Sr. Mário Paccola, Diretor do Estabelecimento. Como todo documento escolar, a assinatura do diretor era imprescindível. O que eu estranhei foi a assinatura do Inspetor Federal. 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O SONHO QUE SONHAMOS JUNTOS

Adeus Grupo Escolar Esperança de Oliveira. Hora de encarar uma nova escola. Nosso destino, o Virgílio Capoani. Sabíamos que só o estudo nos proporcionaria a realização de nossos sonhos. Mas, para decepção geral, perdemos a primeira batalha, fomos todos reprovados na primeira série, com exceção de duas coleguinhas, a Aninha e a Lúcia. Foi um choque muito grande, mas não conseguiu nos jogar para baixo, pelo contrário, encheu-nos de ânimo para ir atrás de nossos ideais. Iniciamos o novo ano. Houve mudança de professores, o novo já não nos assustava tanto, mas o principal era poder contar com o nosso novo diretor, Sr. Mário Paccola, de personalidade completamente diferente do Sr. Elzo Terra Garbino.
Seu Mário, que nos acompanhou por longos anos, do ginásio até o curso normal, foi um “grande pai”, tamanha era a sua bondade, seu jeito de se dirigir a nós, de conversar, sua forma de dialogar com os professores, pais, funcionários, etc. Seu Mário tinha em suas mãos a administração de uma grande escola. Em termos de prédio, não faltava praticamente nada. Muitas salas de aula, laboratório, diretoria, secretaria, sala dos professores, sala de inspetor de alunos, sala da orientadora educacional, biblioteca, etc. Também dispunha de um amplo galpão, que servia, entre outras funções, para as festas, pois era dotado de um palco com dois camarins.
Quero agora justificar o título dessa página: ”O SONHO QUE SONHAMOS JUNTOS”, nós alunos e nosso querido diretor. É sabido que o primeiro passo para realizar alguma coisa é sonhar, e nosso diretor sonhava grande e nos contagiava. Mas, afinal de contas, o que faltava para uma escola tão completa? Faltava ocupar a grande área ociosa com um projeto que contemplasse a formação física dos alunos, faltava a sala de aula do professor de educação física. Não seria uma sala comum, uma simples quadra de esportes, teria que ser um verdadeiro complexo esportivo: pista de atletismo, piscina,quadras, etc. Imaginem a nossa empolgação diante de tão grande sonho! Vimos o sonho começar a tomar forma. As máquinas iniciaram a obra de terraplanagem. O local da pista de atletismo já podia ser visualizado, mas por mais que sonhássemos com a concretização do grandioso projeto, ele ficou apenas no papel . O máximo que o Virgílio conseguiu foram as quadras esportivas. Por muito tempo, nossos valorosos professores de educação física buscaram alternativas para suas aulas e nunca deixaram de realizar o seu trabalho com um profissionalismo ímpar. Registro aqui nomes que marcaram a educação física em Lençóis: D.Edméia, S. Joaquim, S. José Alfredo, D. Maria Marta e tantos outros.
A cidade cresceu, o nosso querido grupo escolar não comportava mais a grande quantidade de alunos. Era urgente a criação do segundo grupo escolar. Foi assim que teve início a construção de um novo prédio para o Virgílio Capoani, na parte alta da cidade, cedendo o antigo para o SEGUNDO GRUPO ESCOLAR DE LENÇÓIS PAULISTA, hoje Dr. Paulo Zillo.
Ao completar 40 anos de formatura, tivemos a oportunidade de reencontrar nosso querido diretor, S. Mário Paccola, que mesmo em idade avançada, conservava seu jeito carinhoso e bondoso de ser.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Professor de Latim: Célio Pinheiro

Chegou muito jovem em Lençóis. Seu Marcelino, professor anterior,  havia se aposentado, e seu Célio veio para preencher sua vaga. Foi ele que, juntamente com a Dona Vera, conseguiu nos ensinar Latim. Seu Célio tinha uma boa formação na língua, pois havia estudado no seminário. Não lembro quem nos contou isso, a verdade é que foi com ele e a Dona Vera que começamos a aprender a língua. Ele era muito bonito e a maioria das meninas sonhava com o professor. E não é que foi fisgado por uma aluna? Seu Célio se casou com a Leonor Carani, uma de suas alunas e nossa colega de turma.
Voltemos ao Latim. Se com o seu Marcelino foi difícil entender a língua mãe, com o seu Célio as coisas começaram a andar. Percebemos a importância de dominar as principais noções de gramática, principalmente a função sintática das palavras na frase, para então conseguir fazer as versões e traduções. Graças à Dona Vera, nossa Professora de Português, nosso aprendizado de gramática foi crescendo e com isso nossas habilidades no Latim. Lembro-me das declinações que tínhamos que decorar, pois uma mesma palavra mudava sua terminação na frase conforme sua função: sujeito, predicativo do sujeito, objeto direto, vocativo, etc. As desinências identificavam a qual declinação pertencia a palavra. Regina, reginae (rainha) era da primeira, rex, regis (rei), da segunda e assim por diante. Declinar era saber as desinências de cada função, do nominativo, genitivo, acusativo, vocativo, ablativo, no singular e no plural.
A partir de então, começamos a nos sentir mais confiantes e o fantasma do trauma sofrido na primeira série, com a repetência da classe toda, com exceção da Aninha e da Lúcia, foi caindo no esquecimento. Seu Célio nos acompanhou nas quatro séries do ginásio e no curso normal. Atualmente, mora em Araçatuba. Quando nossa turma completou quarenta anos de formatura, conseguimos reunir a maior parte de nossos professores. Seu Célio veio com a Leonor. Foi uma noite muito agradável. Agora já completamos cinquenta. Pretendemos, qualquer dia desses, fazer a mesma coisa. 

sábado, 9 de agosto de 2014

Maria Bove Coneglian

Como descrever a Dona Maria? De todos os professores que tivemos, dona Maria foi a mais aberta, a mais acolhedora, a mais próxima. Sua casa era a nossa casa. Não tinha hora para nos receber. Na sala onde nos recebia, havia um piano que ela gostava de tocar para nós. Da sala para a cozinha, era um pulo, principalmente, quando havia alguma coisa para oferecer, e sempre havia. A matéria que ela lecionava se chamava Canto Orfeônico, ou seja, Música. Gostava muito de falar de sua formação, de quanto precisou estudar para se tornar professora. Às vezes, passava noites em claro, estudando escondido, utilizando um farolete para não despertar atenção. Não foi fácil, também para nós, aprender as primeiras noções de música.
Fazia parte do conteúdo, entoar os hinos pátrios, assim como saber a biografia de seus autores, ou seja, autor da letra e da música. Além deles, aprendemos os hinos do Exército, da Aeronáutica, da Marinha e muitos mais. Solfejar, quanto estudar! Mas o pior mesmo era o Ditado Rítmico. Escalas, claves, notas musicais, pautas, isto tudo sem falar no orfeão.
Dona Maria se casou com um lençoense, Osvaldo Coneglian. Quando engravidou, ficou muito feliz. Infelizmente, perdeu o bebê. Foi um período muito difícil para ela e para nós. Lembro-me dela olhando pelo vitrô do Virgilio Capoani, na direção do cemitério, com lágrimas nos olhos. Deus foi muito bom com ela, concedeu-lhe o dom de ser mãe novamente. Desta vez, um menino, que criou com muito carinho e que lhe deu netos.
Dona Maria, enquanto viveu, era presença marcante em todos os eventos culturais de nossa cidade.Seu nome ficou gravado para sempre na História de Lençóis. A Casa da Cultura leva o seu nome, uma justa homenagem a quem adotou Lençóis e contribuiu tanto!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Professor Laudelino de Lima Rolim

Como poderia deixar de registrar as lembranças que guardo de meus professores, verdadeiros ícones da educação no município? Seu Laudelino, natural de Itapetininga, veio para Lençóis como Professor de Desenho. Jovem, bonito, talentoso, além de dar aula, envolveu-se com a História do Município. Estávamos no ano de 1955, quando este fato aconteceu. O município não tinha Brasão de Armas e logo completaria cem anos. Era preciso que alguém se debruçasse em sua história e conseguisse representar no papel, através de símbolos, todos os fatos relevantes até então. Foi o professor Laudelino de Lima Rolim, quem ideou o Brasão de Armas de Lençóis. Quer conhecer a história de nosso município de  maneira sucinta, mas na essência? Procure a Lei número 189, de 20 de janeiro de 1955, assinada pelo então Prefeito Municipal, Virgílio Capoani. Ao lê-la, vamos reconhecer a sensibilidade e habilidade de Seu Laudelino, que idealizou o Brasão de Armas de Lençóis como se fosse um cidadão lençoense. Que orgulho ter sido sua aluna.
Centenário de Lençóis Paulista, ano de 1958. Como forma de comemorar, a prefeitura de Lençóis mandou confeccionar em latão, o Brasão de Armas, e o distribuiu para toda população, que orgulhosamente, colocou-o na porta de entrada de suas casas. Minha mãe guarda esta relíquia até hoje.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Missal da Dona Vera

Muito jovem, chegou em Lençóis para dar aula no Virgilio Capoani. Tão jovem, que acabou se apaixonando e casando com o Seu Gerson Giacomini, de tradicional família lençoense. Logo mostrou sua competência como professora de Português. Hoje, porém, quero falar mais de quanto ela foi importante, pelo exemplo que, espontaneamente, dava. Era discreta ao se vestir. Lembro que gostava muito de usar um tipo de roupa chamada jardineira, de preferência xadrez, com uma blusinha por baixo. Nos pés, sapato tipo mocassim, com meia soquete. Parecia uma colegial. Tinha uma pasta de couro, daquelas que só professor tinha. Vivia lotada de provas para corrigir. Dona Vera, infelizmente, tinha um hábito nada saudável, fumava muito. Quando nos olhava, parecia que penetrava em nossas entranhas. Dona Vera era muito católica. Ia à missa todos os domingos. Não ocupava os primeiros bancos, nem a parte central, ficava na lateral. Em suas mãos, um MISSAL muito grosso. Eu ficava embevecida com ela, vendo-a acompanhar a missa em Latim, pelo missal. Foi ela que despertou em mim, o desejo de ter também um missal. O missal de Dona Vera devia ter a liturgia diária, pois era muito grosso. Anos mais tarde, pude adquirir o meu. Não era igual ao dela, era mais simples, um missal Dominical ”Ave Maria”, dos Padres Claretianos. Dom Vicente Zioni era Bispo Auxiliar, na época, e, a primeira edição data de 1961. O meu é da edição de 1962, um ano antes da minha formatura como Professora. Estava no segundo ano do curso normal. Foi com ele que fui aprendendo e entendendo o calendário litúrgico, a liturgia da Santa Missa, os objetos litúrgicos para celebrar a santa missa, as cores dos paramentos, e, principalmente, a acompanhar a Santa Missa em Latim e Português. O meu missal trazia apenas as missas dominicais, dias santos e principais festividades litúrgicas. Suas páginas estão amareladas, mas o conservo com muito carinho.
Seria muito importante que cada escola despertasse em seus alunos, o interesse de conhecer a biografia de seu patrono. Lembro-me de um livro que li na minha juventude, cujo título era “ HOMENS QUE FIZERAM O BRASIL”. Ali conheci a vida de grandes brasileiros. Hoje, poderíamos escrever um livro cujo título poderia ser “PROFESSORES QUE FIZERAM A HISTÒRIA DA EDUCAÇÂO NO MUNICÌPIO DE LENÇÒIS PAULISTA”. Com certeza, Dona Vera estaria entre eles. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Professores Inesquecíveis

Hoje quero homenagear três grandes professores: Seu Marcelino, Dona Vera e Dona Nilza.
Seu Marcelino, já bastante idoso, prestes a se aposentar, foi quem nos iniciou no Latim. Era Pai de nossa professora do curso de admissão ao ginásio. Morava próximo de minha avó Carmela, por isso conhecia bem sua família. Não lembro o nome de sua esposa, mas Edna e Elisa eram os nomes de suas filhas. Edna foi embora de Lençóis, mas Elisa mora aqui. Seu Marcelino, muito amoroso conosco, não conseguiu colocar em nossas cabeças o tal do Latim. Creio que foi uma das matérias na qual fiquei retida. Seu Marcelino bem que tentou, mas quem conseguiu foi o Professor Célio Pinheiro no ano seguinte.
Dona Vera, Professora de Português, merece um livro, não um simples comentário. Ela foi amada e odiada ao mesmo tempo. Vou explicar o porquê. Era competentíssima e muito exigente. Suas aulas nos transportavam para situações nunca vivenciadas antes. Ocupava a lousa como ninguém. Tudo partia de um texto de um autor famoso. Expunha a vida do mesmo como se tivesse vivido na mesma época. Dali, para a gramática aplicada ao texto, era muito fácil para ela. Nossos cadernos não tinham pé, nem cabeça, tamanha era a quantidade de ensinamentos que passava. A lousa ficava cheia, não da forma convencional, parecia que queria dar forma a tudo que falava. Eram rabiscos, breves anotações, setas, etc. Sem falar das redações que corrigia com caneta vermelha. Tive oportunidade de ir várias vezes em sua casa. Sempre a encontrava mergulhada na correção das redações. Foi com a Dona Vera que comecei a entender e gostar de Português. Atribuo a ela, também, o gosto despertado em mim pelo Latim. Amada e odiada. Por quê? Porque muitos alunos não conseguiam atingir o nível de aprendizagem que ela queria e, por décimos, repetiam o ano. Muitas vezes ficavam só em Português, mas tinham que fazer todas as matérias. VERA  BRAGA FRANCO GIACOMINI é nome de uma escola em Lençóis Paulista, no Bairro Cecap. Homenagem justa e merecida.
Dona Nilza, Professora de Francês, também veio de fora para dar aula no Virgílio Capoani. Seu marido era Professor de Educação Física. Moravam em uma casa em frente à escola. Além das aulas normais, duas vezes por semana, Dona Nilza se dedicava ao Clube de Francês. Era uma atividade extraclasse para os alunos que queriam aprender  além do que era dado em sala de aula. Dona Nilza era muito simpática e aprender francês com ela era muito legal. Aprendemos a rezar a Ave Maria, o Pai Nosso. Frére Jaques, acalanto, era  cantado em dois grupos. Também sabíamos entoar a Marselhesa, Hino Oficial da França. Eram momentos muito agradáveis de convivência com a professora. Dona Nilza ficou no meu coração,  assim como o francês. Na minha lembrança ficaram as cenas bucólicas descritas no livro de textos em francês. Parece que sinto as folhas dos plátanos caídas no chão no outono. Não tive dificuldade para aprender o Francês.
Seu Marcelino, Dona Vera e Dona Nilza são professores que me marcaram muito. Minha eterna gratidão.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Lembranças

Quando fiz a primeira série, a maioria dos meus professores vinha de fora, poucos moravam aqui. Todos deixaram lembranças que guardo com muito carinho. Eu gostava muito do seu João, professor de matemática. Era de São Manuel. Certa vez, lançou um desafio. Era um problema de raciocínio. Foi chamando os alunos pela ordem de chamada para ver quem daria a solução. Rodou a classe toda e eu torcendo para chegar a minha vez. Que glória! Eu fui para a lousa e resolvi o mesmo. Era um problema baseado em uma das propriedades da subtração. Seu João era legal. Aluno distraído era alvo certo de sua pontaria com tocos de giz. Gostava de pescar e vinha sempre na fábrica de farinha do meu pai comprar quirela para usar como isca. Tenho certeza que não foi a matemática que me reprovou na primeira série. Eu sempre gostei muito da matéria.
Dona Edméia, professora de Educação Física, também era de São Manuel. Baixinha, gordinha, impecável no seu uniforme branco, era a responsável por todas as apresentações do Virgílio Capoani na cidade e fora. Na época do ginásio, apresentamos muitas demonstrações de Educação Física. Os desfiles cívicos eram maravilhosos. Lembro que o branco era a cor que predominava nos uniformes. Branco da cabeça aos pés. Havia uma recomendação especial, nada de pulseira, relógio ou qualquer outro adorno. Tínhamos muito orgulho de passar desfilando pela Rua 15 de Novembro. Passar pelo palanque das autoridades, ser aplaudido pela multidão, enchia o nosso coração de alegria. Quantas vezes nosso time de voleibol foi jogar em São Manuel, sua cidade. Dona Edméia amava o que fazia e nós correspondíamos.
Dona Julieta, Professora de Trabalhos Manuais, vinha de Botucatu. Desconheço outra professora que seja tão prendada nas artes manuais quanto ela. Foi a verdadeira mãe em sala de aula. Era alta, magra, de traços delicados, impecavelmente vestida, cabelos sempre bem cuidados e penteados, unhas bem feitas, tudo nela era gracioso. Tinha mãos de fada. Com muito carinho e sabedoria, nos ensinou a arte de ser uma mulher prendada. Quem passou pelas suas mãos, aprendeu desde pregar botão, até fazer aplicação em ponto paris, tricô, crochê, frivolité, nhanduti, richelieu, rendas, macramê, ponto cruz, ponto cheio e muitas coisas mais. Enquanto ensinava, conversava, e muitas noções introduzia.
De Agudos, vieram dois professores, Seu Santana, de Geografia, e Seu Osvaldo, de História. Seu Santana era uma figura paternal. Muito amoroso, calmo, enchia a lousa de gráficos. Eu não estava amadurecida para assimilar todo aquele conteúdo da primeira série do ginásio. Lembro-me de Nicolau Copérnico, do Sistema Solar, dos Planetas, das Eclipses, da  figura do professor carinhoso, que respeitava as nossas limitações. Ele eu abraçaria como um pai.
Seu Osvaldo, Professor de História, alto, magro, sério, era o oposto do Seu Santana. Nenhum professor de História conseguiu a façanha de me fazer gostar da matéria. Não sei de onde vem tamanha aversão. Nunca entendi a tal linha do tempo. Primeiro nos ensinaram a História do Brasil, depois a Historia Geral, mas afinal de contas, o que vem antes, o que vem depois? Tudo foi ensinado muito fragmentado e o rolo foi aumentando com o passar do tempo. Sem falar que muitas vezes o conteúdo não era vencido.
Apesar de tudo, meus professores marcaram positivamente a minha vida. Sou grata a todos. Esta é uma página longa. Quero escrevê-la sem pressa. Até!

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A maior bomba da minha vida

Prestamos o exame de admissão e, aprovados, fomos para o ginásio. Escola nova, professores novos, tudo muito diferente do grupo escolar. De crianças, passamos a ser chamados de adolescentes e, como tal, tratados. O maior impacto foi o número de professores e suas respectivas matérias. Não tínhamos mais um professor, mas vários. O ”meu professor” foi  substituído por “nossos professores”.
A grande quantidade de matérias nos deixava atônitos. Eram aulas de Matemática, Português, Latim, Francês, História do Brasil, Geografia, Ciências, Música, Trabalhos Manuais, Desenho e  Educação Física. Era um esquema completamente novo. Tivemos que nos adaptar a uma nova rotina de estudos, com horários pré-estabelecidos, e ter a nossa volta, além dos  professores, inspetor de alunos, orientador educacional, diretor, etc. 
Éramos mais de trinta alunos na classe. Como meu nome começa com z, sempre fui a última da chamada. Isso não era legal. Nas chamadas orais, o professor sempre escolhia o primeiro ou o último número, por isso era preciso ter sempre a matéria em ordem, para não ficar com ponto negativo. 
Outra coisa que ficou na minha lembrança, foi o controle de frequência. Cada aluno tinha a sua carteira de estudante. Na porta de cada sala, havia uma caixinha, onde depositávamos a mesma logo na entrada. O inspetor de alunos recolhia, diariamente, e carimbava a presença. Nela eram lançadas também as notas e outras observações. O momento mais temido era a entrega dos boletins pela Orientadora Educacional. Ela se posicionava na frente da classe e chamava um por um, fazendo as devidas observações sobre aproveitamento, frequência, etc. A avaliação era rigorosa. Além das provas escritas, havia as orais. No final do ano, exames escritos e orais, e a famosa segunda época para os alunos que não haviam alcançado média em duas matérias. Última chance de ser promovido.
O ano de 1956 chegou ao fim. Não foi fácil. Fomos bem sucedidos em algumas matérias, mas em outras, foi um desastre. A classe inteira foi reprovada, com exceção de duas alunas, uma delas, a Ana Maria Azevedo, a Aninha, que tive a alegria de rever no Dia do Reencontro. 
Guardo lembranças lindas e preciosas de meus professores da primeira série do ginásio. É sobre eles que vou falar na próxima postagem. 

sábado, 2 de agosto de 2014

FESTA NO CÉU

Último dia do mês, 31 de julho, e a notícia do falecimento da tia “Marica”, como carinhosamente era chamada, começou a correr a cidade. Foi logo de manhã. O telefone não parava de tocar, tanto para dar a notícia, como para ratificar o fato. De manhã, fico com minha neta Ana Luiza. Como dar a ela a notícia do falecimento da tia Marica? Ela já sabia que ela estava muito velhinha e doente. Foi, então, que falei claramente que ela havia morrido, mas que não ficasse triste, pois o céu estava em festa, a vovó Elisa estava lá e todos os seus irmãos já falecidos também. Era uma família se encontrando agora para sempre, na eternidade. Tia Marica entrou no meu blog porque foi alguém que marcou positivamente sua passagem nesta vida!
Tia Marica era muito conhecida pela sua alegria de viver e sua disposição ao ajudar nas festas beneficentes. Apesar de sua idade avançada, era a primeira a chegar e a última a sair. Enquanto pôde, trabalhou na barraca do Lar das Crianças na Facilpa. O seu aniversário coincidia com o período da festa, portanto, sempre ganhava um bolinho para comemorar. Neste ano, no dia 3 de maio, Tia Marica completou 97 anos. Viveu quase um século. Fez tudo que teve vontade. Um de seus sonhos era conhecer o Rio de Janeiro. E não é que realizou?  Como isso aconteceu? Vou contar. Toda vida morei perto da Tia Marica e estudei com a sua filha Maria Aparecida. Éramos amigas, companheiras de todas as horas. Quando estávamos no ginásio, saíamos correndo na hora do recreio, para buscar a famosa latinha de pirulitos que tia Marica fazia para a Maria Aparecida vender. Não sobrava nenhum. Eram disputadíssimos. Foi graças a essa habilidade que ela foi parar no Rio de Janeiro. A famosa Ana Maria Braga disse uma vez que tinha muita vontade de descobrir quem sabia fazer os pirulitos que chupava quando criança. Não deu outra. Descobriu a “Alice do Gildo” que é hábil na arte. O programa Mais Você veio para Lençóis, fez as gravações e conheceu a tia Marica, pioneira na fabricação dos pirulitos. Ao entrevistá-la, descobriu uma outra habilidade da Tia Marica e de sua irmã, Tia Ines, pamonha. O pessoal da Globo ficou encantado com a dupla. Fabrício, o repórter, adotou a tia Marica como “vó”. Foi uma festa aqui no pedaço no dia da gravação. O programa foi ao ar. Tia Marica tornou-se “global”. Durante a gravação, manifestou o desejo de conhecer o Rio de Janeiro, o Cristo Redentor. A Rede Globo realizou o seu sonho. A dupla foi, com direito a viagem de avião, hospedagem, passeio pela praia, visita ao Cristo Redentor, sem falar da participação ao vivo no Programa Mais Você! O programa pode ser visto ainda hoje. Basta acessar o link.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Feliz Iniciativa a do Primeiro Encontro da Esperança

Formar a comissão, programar as reuniões, discutir a programação, partir para a concretização das ideias, não levou muito tempo. Seu Geraldo sabia exatamente o que queria e sob a sua batuta, as coisas foram tomando corpo, pois ele não queria que as coisas esfriassem. Queria muito que fosse um encontro alegre, como os realizados anualmente como diretor, e que homenagens fossem prestadas a algumas pessoas que, de uma forma ou de outra, se destacaram no cenário do município. Inicialmente, expôs suas ideias para a comissão e, daí para a realização, foi muito rápido. Incansavelmente fez um corpo a corpo digno de um atleta. Não demorou nada e fomos surpreendidos com o convite para a tão sonhada noite, que ficaria marcada como o PRIMEIRO ENCONTRO DA ESPERANÇA.
O local não poderia ser mais apropriado: o galpão do nosso querido grupo escolar. Lá estava o nosso anfitrião todo feliz aguardando os convidados, como se fosse mais um evento dentro do calendário escolar, como se o tempo não tivesse passado. Sua emoção era indescritível. Não sei como descrever tudo que ocorreu. A chegada de cada convidado era uma festa. Abraços, beijos, apertos de mão, um clima muito agradável. Quando a solenidade teve início, nosso coração bateu mais forte ao entoarmos o Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Lençóis Paulista. Um dos momentos mais marcantes foi a entrega de medalhas para pessoas que contribuíram com seu trabalho enaltecendo o município. Alguns na saudade, outros presentes!
Dias depois,  Seu Geraldo teve a gentileza de trazer para eu ver, o álbum que fez para documentar o PRIMEIRO ENCONTRO DA ESPERANÇA. Parabéns, Seu Geraldo! Em nome de todos os professores, quero agradecer a medalha que honrosamente recebi representando a nossa classe.