Como descrever a Dona Maria? De todos os professores que tivemos, dona
Maria foi a mais aberta, a mais acolhedora, a mais próxima. Sua casa era a
nossa casa. Não tinha hora para nos receber. Na sala onde nos recebia, havia um
piano que ela gostava de tocar para nós. Da sala para a cozinha, era um pulo,
principalmente, quando havia alguma coisa para oferecer, e sempre havia. A
matéria que ela lecionava se chamava Canto Orfeônico, ou seja, Música. Gostava
muito de falar de sua formação, de quanto precisou estudar para se tornar
professora. Às vezes, passava noites em claro, estudando escondido, utilizando
um farolete para não despertar atenção. Não foi fácil, também para nós,
aprender as primeiras noções de música.
Fazia parte do conteúdo, entoar os hinos pátrios, assim como saber a
biografia de seus autores, ou seja, autor da letra e da música. Além deles,
aprendemos os hinos do Exército, da Aeronáutica, da Marinha e muitos mais.
Solfejar, quanto estudar! Mas o pior mesmo era o Ditado Rítmico. Escalas, claves,
notas musicais, pautas, isto tudo sem falar no orfeão.
Dona Maria se casou com um lençoense, Osvaldo Coneglian. Quando
engravidou, ficou muito feliz. Infelizmente, perdeu o bebê. Foi um período
muito difícil para ela e para nós. Lembro-me dela olhando pelo vitrô do
Virgilio Capoani, na direção do cemitério, com lágrimas nos olhos. Deus foi
muito bom com ela, concedeu-lhe o dom de ser mãe novamente. Desta vez, um
menino, que criou com muito carinho e que lhe deu netos.
Dona Maria, enquanto viveu, era presença marcante em todos os eventos
culturais de nossa cidade.Seu nome ficou gravado para sempre na História de
Lençóis. A Casa da Cultura leva o seu nome, uma justa homenagem a quem adotou
Lençóis e contribuiu tanto!
Sou Lilian Bove sobrinha de Maria Bove Coneglian e em nome da família gostaria de agradecer essa homenagem muito linda. Deus te abençoe
ResponderExcluirQue bom, Lilian, que você gostou.Homenagear aqueles que abriram a porta do saber para tantos, também me faz muito feliz. Dar o nome de Maria Bove Coneglian à Casa da Cultura foi uma justa homenagem. Beijos, Zuleika.
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