Quando fiz o quarto ano do curso primário no Esperança de Oliveira,
minha professora foi a D. Mariazinha. Minha mãe vivia dizendo que ela fora sua
professora também. Eu achava o fato extraordinário. Como podia ser possível,
havendo uma diferença tão grande de idade, de uma menininha para outra
menininha, da mãe para a filha? Outro fato curioso que ela sempre citava era
sobre o Padre Salústio. Segundo ela, foi quem fez seu casamento. Quando
eu nasci, ele fez o meu batizado e disse: “ Vou fazer o casamento dela também.”
Isto não aconteceu, mas tive tempo de conhecê-lo. Estas situações me levaram a
refletir sobre quantas vezes durante o meu magistério, eu me vi na mesma situação
que a Dona Mariazinha, primeiro trabalhando com a mãe e depois com os
filhos. Vou falar. Trata-se da Maria Ocléris Martins, filha do falecido Diogo
Martins, um dos proprietários da Fazendinha, onde ficava a primeira escola em que
lecionei. Quando ali cheguei para dar aula, Maria Ocléris era uma menina
que sonhava com a mudança para a cidade e assim continuar os estudos. Fui eu
que a preparei para o exame de admissão ao ginásio. Aprovada no exame de
admissão, fez o ginásio e depois o Curso Normal. Eis uma nova professora
formada e, sem perder tempo, logo estava na sala de aula. Muito bonita, logo se
casou e teve seus filhos. Por uma dessas incríveis coincidências, construíram
uma linda casa na Rua Gabriel Oliveira Rocha, rua da Escola do Parque
Residencial São José. Apenas uma rua separava a casa da escola. Os anos foram
passando e eis que a história se repete: recebo como minha aluna, sua filha
Giovana. Mãe e filha alunas de uma mesma professora. Atingi três gerações da
família de Seu Diogo Martins: sua filha Maria Ocléris, suas netas Giovana e
Alice, suas bisnetas Daniela e Débora. Além de ser professora de todas, fui
colega de trabalho da Alice, já em final de carreira. Alice protagonizou
experiências divertidas enquanto suas filhas estudaram comigo. Tinha sempre uma
lembrança de seu tempo de menina, lá na Fazendinha, e transportava para a minha
sala de aula através de suas filhas. Uma muito boa foi a ficha usada para
contagem na zona rural. Era fruto de uma árvore enorme que ficava bem na frente
da casa de seu avô. Quem diria que aquela ficha tão seca e tão dura, quando
plantada, germinaria? Pois foi isso que aconteceu. E com muito cuidado foi
levada por suas filhas para o local de onde veio.
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