Seu Sebastião tinha um jeito bonachão. O sorriso estava
sempre estampado em seu rosto. Para as crianças, tinha mais jeito de Vô do que
de Diretor, para se impor, não precisava ser autoritário. Era muito amigo,
porém, por trás desse seu jeito havia uma águia. Captava tudo, por isso também
travou grandes batalhas com quem se atreveu a se desviar da sagrada missão de
educar. Tinha uma visão muito clara do seu papel de profissional da educação.
Exercia-o com segurança e autoridade, nem que para isso tivesse que ir “as vias
de fato” com alguns profissionais. Nunca pecou por omissão. Sempre pôde contar
com professoras extremamente zelosas, tanto na parte burocrática, quanto na
parte administrativa. Deise, Anita, Neide, Marilene, foram os braços direito de
seu Sebastião. Quantas vezes, eu fui surpreendida com a presença dele na minha
sala de aula. Quando a classe estava concentrada em atividades, ele entrava
sorrateiramente, e me assustava, porque nem eu mesma percebia sua presença.
Fazia isso com prazer, sempre para levar um papinho. Às vezes, na hora do recreio,
entrava na sala dos professores. Só mesmo quando tinha alguma coisa importante
para comunicar. Nesse ponto, contava sempre com a Neide, extremamente delicada
na condução de relações humanas dentro da escola. Seu Sebastião ficou muito
tempo no Esperança como Diretor. Foi ali que se aposentou. Grandes professores
trabalharam sob a sua batuta. Tinha um time que vinha de Agudos. Este fato que
vou relatar o divertia muito. Quando estava com vontade de brincar um pouco,
ele chamava na diretoria uma aluna de Dona Dolores, que com maestria, imitava a
sua mestra nos mínimos detalhes. Para quem não se lembra, Dolores era “a
Professora”. Trabalhava com os alunos de quarto ano. Era muito alegre, se
vestia muito bem, aliás, como todas na época. Maquiada, bem penteada,
elegantíssima, todo dia fazia a mesma rotina. Tomava o ônibus e vinha de Agudos
para Lençóis lecionar. Pois bem, a menina que encantava o Seu Sebastião,
imitando a professora, era filha do Aleu Basso e da Marisa. Talvez, ela nem se
lembre mais disso. Com seu jeitinho infantil, quantas vezes foi para a
diretoria, não para ser repreendida, mas para divertir nosso diretor. Seu
Sebastião se aposentou, voltou para Tatuí, mas de vez em quando dava um pulinho
em Lençóis. Tinha vínculos muito fortes com os lençoenses. Foi uma consternação
geral sua morte. Ficará eternamente em nossas lembranças.
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