terça-feira, 10 de março de 2015

SEU SEBASTIÃO NO DIA A DIA

Seu Sebastião tinha um jeito bonachão. O sorriso estava sempre estampado em seu rosto. Para as crianças, tinha mais jeito de Vô do que de Diretor, para se impor, não precisava ser autoritário. Era muito amigo, porém, por trás desse seu jeito havia uma águia. Captava tudo, por isso também travou grandes batalhas com quem se atreveu a se desviar da sagrada missão de educar. Tinha uma visão muito clara do seu papel de profissional da educação. Exercia-o com segurança e autoridade, nem que para isso tivesse que ir “as vias de fato” com alguns profissionais. Nunca pecou por omissão. Sempre pôde contar com professoras extremamente zelosas, tanto na parte burocrática, quanto na parte administrativa. Deise, Anita, Neide, Marilene, foram os braços direito de seu Sebastião. Quantas vezes, eu fui surpreendida com a presença dele na minha sala de aula. Quando a classe estava concentrada em atividades, ele entrava sorrateiramente, e me assustava, porque nem eu mesma percebia sua presença. Fazia isso com prazer, sempre para levar um papinho. Às vezes, na hora do recreio, entrava na sala dos professores. Só mesmo quando tinha alguma coisa importante para comunicar. Nesse ponto, contava sempre com a Neide, extremamente delicada na condução de relações humanas dentro da escola. Seu Sebastião ficou muito tempo no Esperança como Diretor. Foi ali que se aposentou. Grandes professores trabalharam sob a sua batuta. Tinha um time que vinha de Agudos. Este fato que vou relatar o divertia muito. Quando estava com vontade de brincar um pouco, ele chamava na diretoria uma aluna de Dona Dolores, que com maestria, imitava a sua mestra nos mínimos detalhes. Para quem não se lembra, Dolores era “a Professora”. Trabalhava com os alunos de quarto ano. Era muito alegre, se vestia muito bem, aliás, como todas na época. Maquiada, bem penteada, elegantíssima, todo dia fazia a mesma rotina. Tomava o ônibus e vinha de Agudos para Lençóis lecionar. Pois bem, a menina que encantava o Seu Sebastião, imitando a professora, era filha do Aleu Basso e da Marisa. Talvez, ela nem se lembre mais disso. Com seu jeitinho infantil, quantas vezes foi para a diretoria, não para ser repreendida, mas para divertir nosso diretor. Seu Sebastião se aposentou, voltou para Tatuí, mas de vez em quando dava um pulinho em Lençóis. Tinha vínculos muito fortes com os lençoenses. Foi uma consternação geral sua morte. Ficará eternamente em nossas lembranças.

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