Todos nós temos fixação por alguma coisa. Em matéria de arquitetura, um detalhe que sempre me chamou atenção foram escadas. A primeira grande escada que ficou na minha memória foi a do Esperança de Oliveira. Por quatro anos seguidos, degrau por degrau, descíamos na hora da saída, e não me lembro de nenhum acidente com nenhum aluno. E olha que não é uma escadinha! Ainda hoje, quando vou à escola da minha infância, ela me impressiona. Subir é mais fácil. Descer assusta. Embora tenha uma proteção lateral, é muito baixa para servir de apoio. Mesmo assim, prefiro ficar ao lado dela. Olhando para ela, vem à minha memória a figura de uma professora que subia e descia a mesma com a imponência de uma rainha. Trata-se de Dona Mariazinha, minha professora do quarto ano. Já falei dela muitas vezes, principalmente, pela sua competência profissional. Mas em termos de elegância, de distinção, de porte, era uma rainha. Tudo nela era tão harmonioso, no seu tipo mignon, que era impossível não ficar enlevada diante dela. Era ela que, como uma rainha, subia e descia as escadas do Esperança, do alto de seus sapatos de salto alto, para compensar sua pequena estatura. Essa visão pessoal de minha professora subindo e descendo as escadas, era reforçada com a visão da escadaria de sua própria casa. Impressões de criança, mas que imprimiam certo fascínio por esses detalhes. Ao lado de sua casa, outra residência que me atraía por suas escadarias, era a casa habitada pela família do Seu Virgílio Cicconi, onde hoje é o Espaço Cultural. Também abrigou o Hospital de Lençóis. Outra escada que ficou em minha memória foi a da entrada da casa de minha tia Teresa. Tinha uma sensação prazerosa de que lá no alto tudo era mais bonito. Sempre sonhei com uma casa com escadas na frente, mas a minha não tem sequer um degrau. É perfeita para a velhice e também porque era pura fantasia de minha imaginação! Espero que em nome da acessibilidade, estas escadas não sejam destruídas. O Esperança mantém as escadarias da frente do prédio, mas na parte interna, já foram adaptadas. Tudo foi feito com muito capricho, mantendo o encanto de um prédio tombado e permitindo o acesso com segurança para todos. Outra escadaria fascinante era a do nosso santuário. Escadaria que levava ao local onde ficava o coral, os sinos, o relógio, etc. Tínhamos acesso livre. Hoje ela está cercada de proteção. Graças a Deus! Mas era muito divertido atrever-se a subir alguns lances dela. Divertido mesmo era ver tocar os sinos. Três cordas pendiam do teto, e eram manualmente puxadas para fazer os sinos tocarem. Além da alegria de ouvir os sinos tocando, a farra de subir e descer, ao puxar e soltar as cordas! Escadas e degraus, degraus e escadas!
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