Dona Dissimina, a bondosa inspetora de alunos, morava a meia
quadra da escola, era vizinha do Dr. Tedesco. Tinha dois filhos: o Sidney e a
Ieda. Tínhamos mais ou menos a mesma idade.
Dona Dissimina circulava o tempo todo entre as meninas no
pátio. Até os lápis apontava para nós.
Naquela época, era costume algumas mães levarem o lanche
para seus filhos na hora do recreio. As meninas corriam para a grade ao lado do
portão principal. Após o lanche, hora de brincar, mas brincar do quê?
Havia a hora do circo. Não lembro bem como funcionava, com
certeza eram as alunas do terceiro e quarto ano que trabalhavam no circo e,
nós, menores, formávamos a plateia.
Passar anel, pular corda, bater bola, brincar de roda,caracol,
tudo isso fazíamos na hora do recreio.
Quem não se lembra: “Ordem, sem lugar, sem rir, sem falar, uma
das mãos, outra mão, um dos pés, outro pé, pirueta, bate palmas, braços
cruzados” e, assim, a cada ordem, a bola ia e voltava batendo na parede. Quando
alguém deixava a bola cair, passava para outra criança.
Brincar de passar anel também era muito gostoso. Brincar de
roda com a Dona Dissimina. Ouvir estórias, etc.
Dona Dissimina ficou no meu coração, como deve ter ficado no
coração de todas as crianças da época. O tempo passou, crescemos, cada um
buscando sua realização profissional. Tornei-me professora, assim como outras
colegas do primeiro ano. Já em sala de aula, tive a oportunidade de convidar o
filho de D. Dissimina, o Sidney, para entrevistá-lo na “Semana da asa”, no mês
de outubro, como piloto de avião. As crianças aprendiam muito com ele e
adoravam, porque depois da entrevista sempre havia uma demonstração de
aeromodelismo no campo de futebol. Foram várias vezes. Depois, ele foi embora
de Lençóis.
Dona Dissimina ficou com a filha Ieda até morrer. Só saiu da
rua Dr. Antonio Tedesco bem idosa.
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