quarta-feira, 5 de março de 2014

Lembranças que não se apagaram

Minha mãe se chama Ruth Malavazi Boso. Nasceu no dia 27 de setembro de 1922. É viva e tem hoje, 91 anos.
Nasceu em Macatuba. Há pouco tempo foi matar saudades, visitando o lugar onde nasceu (uma fazenda) e encontrou, ainda, marcas de sua infância.
Veio com onze anos para Lençóis e morou na Rocinha, reduto de italianos, região agrícola, hoje transformada em ponto turístico. Sua produção de uva e vinho é famosa.
Minha mãe é de ascendência italiana. Minha avó materna era Berteli e meu avô era Malavazi.
Ela conta que meu bisavô Berteli ajudou na construção do Esperança de Oliveira, e que ela, vinha à pé, junto com outras crianças, para estudar no mesmo.
Lembra com alegria das brincadeiras que vinham fazendo pelo caminho. Lembra, também, que não gostava muito de estudar. Torcia para chegar atrasada e encontrar o portão fechado. Às vezes, se escondia na Igreja até a hora dele fechar, então, voltava para casa. Na hora do recreio, havia sempre a troca de lanches entre as crianças. Ela levava pão com ovo frito ou pão com banana e sempre tinha alguém querendo trocar com ela.
De sua vida escolar, sempre falou de uma professora: a D. Mariazinha. Sabem por quê? Porque ela foi, também, minha professora de 4o ano. Dizia: - Olha, deu aula para mim e agora é professora da minha filha.
Minha mãe sempre teve problemas com ortografia. Língua Portuguesa não era o seu forte, ao contrário de sua irmã, a querida tia Nega, muito prendada nos dons da escrita.
Mesmo com toda sua limitação, foi uma guerreira, uma batalhadora. Sua mãe era analfabeta e dizia sempre: - “Quem tem boca, vai a Roma”!
Hoje, com quase 92 anos, lê o jornal sem óculos e se orgulha muito de sua independência. Sabe administrar sua casa, suas contas, seu dinheirinho.
A trajetória do meu pai também passou pelo Esperança de Oliveira. Com ele, o problema foi a idade. Teve que ser alterada para poder frequentar as aulas, pois era muito novo.
Também filho de imigrantes italianos (Boso e Casagrandi), passou sua infância e adolescência na Fazenda Santa Maria, de José Boso, irmão de seu pai.

Como eu, Zuleika Boso Radichi, entrei nessa história, conto da próxima vez...



2 comentários:

  1. Que linda D. Ruth! Sempre simpática com um sorriso nos lábios! Saudades!

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    1. Minha mãe ficou muito feliz com o seu comentário! Lembra com carinho das reuniões no setor, das visitas, do auxílio prestado ao meu pai, pelo Marcão.

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