quarta-feira, 24 de junho de 2015

MAIO – MÊS DE MARIA

São José me levou para Pratânia e Maria me trouxe de volta para Lençóis. Feliz coincidência. Foi no dia dele que iniciei o meu trabalho na EEPSG Profa. Maria Aparecida Justo Salvador, e no primeiro dia de maio, de volta para Lençóis. Como isso foi possível? Logo após o meu ingresso como diretora, tratei logo de me informar sobre como poderia, legalmente falando, voltar para o meu município de origem. Como Lençóis era Delegacia de Ensino, pude me inscrever pelo artigo 22, para substituir algum diretor do município, que por ventura se afastasse do cargo. E não é que deu certo! A diretora da EEPG Profa. Cecília Marins Bosi, Distrito de Alfredo Guedes, fora designada para integrar a Assistência Técnica do SERHU da DRE de Bauru e assim voltei para substituí-la. Estava muito feliz e ao mesmo tempo triste, por ter que comunicar isso para todos que me acolheram tão bem em Pratânia. Na verdade, a minha saída, confirmou a condição da escola. Ela, realmente, servia de trampolim para os diretores que por ali aportavam. Troquei uma escola de Primeiro e Segundo Graus, com mais de mil alunos, por uma de apenas Primeiro Grau, com uma quantidade tão pequena de alunos, e com todas as vantagens do meu cargo! O Delegado de Ensino, na época, tentou me chantagear, dizendo que só me traria para Lençóis, se eu desistisse de me aposentar, assim que a minha situação como diretora estivesse normalizada. Não sei como é hoje, mas há 24 anos, levava exatamente seis meses para acertar toda a situação, ou seja, o acesso de um cargo para outro. Enquanto isso não acontecesse, eu continuaria trabalhando como diretora e recebendo como professora. Eu não aceitei a chantagem. Fiquei firme com relação aos meus direitos e vim para Alfredo Guedes. Foram exatamente seis meses para eu aparecer como diretora no holerite. Tinha direito de receber toda a diferença de salário dos meses trabalhados como diretora e recebido como professora. Que decepção! Foi tão pouco, que nem lembro mais onde retiveram tanto, se foi no imposto de renda ou onde foi. A Educação não muda. E foi assim, que a partir de 02 de maio de 1.991, comecei a trabalhar em Alfredo Guedes, Distrito de Lençóis Paulista, berço de um ramo importante da família Boso.      

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANO DE 1.991 - INGRESSO COMO DIRETORA DE ESCOLA

No Diário Oficial do dia 15 de março de 1.991 saiu publicado o Decreto de Nomeação para o meu cargo de Diretor de Escola, para exercer em Caráter Efetivo e em Jornada Completa de Trabalho. Diretor de Escola, padrão 12 A, da Escala de Vencimentos do Quadro do Magistério, SQC II. Fui nomeada para a EEPG Maria Aparecida Justo Salvador Profa, São Manuel, Botucatu. Nomeada, o próximo passo era tomar posse, o que aconteceu no dia 19 de março, como já disse, dia de São José Operário. Com a cara e não muita coragem, assumi, pois afinal de contas o que ainda impedia a minha aposentadoria era a aprovação nesse concurso. Foi um verdadeiro desafio. Uma repetição de tudo que eu havia enfrentado quando ingressei como professora. Saí de uma situação muito cômoda, lecionando a uma quadra de minha casa, realizada e reconhecida profissionalmente, trabalhando como professora em um período e como Coordenadora do Ciclo Básico em outro, para enfrentar um verdadeiro desafio. A escola era imensa. Mais de mil alunos. Primeiro e Segundo Graus. Estava passando por reforma. Faltava até carteiras para os alunos. Encontrei uma Assistente de Diretor muito competente, mas meio dona da escola. Explico o porquê. A fama da escola era de servir de trampolim para diretores, ou seja, tomavam posse e assim que a oportunidade surgia, se afastavam. Não foi diferente comigo. Só que não deixava transparecer isso. Mergulhei de cabeça no trabalho. Com a minha prática pedagógica no Ensino Fundamental, investi fundo nos professores do Primeiro Grau. Me aproximei bastante e fui ganhando a confiança deles. A maior parte do Corpo Docente era de São Manuel. Lembro-me de todas elas, de um modo especial, da Sandra, esposa do prefeito de Pratânia. Simpática e competente. As professoras que não vinham de fora, que moravam lá, estavam cursando faculdade. Elas reclamavam muito da transitoriedade dos diretores. Eu dizia a elas que tudo melhoraria no dia em que uma delas assumisse a direção. O prefeito de Pratânia, o Senhor Roque, foi de uma amabilidade imensa e me acolhia sempre. Devo dizer que quando soube que eu era conhecida de seu irmão Jorge, cunhado de minha cunhada Cleide, nosso relacionamento foi melhor ainda. Estava sempre disponível para tudo que dizia respeito à escola. O Prefeito Roque fez e faz muita coisa pela cidade. É amado pelo povo de lá. Hoje é assessor de Milton Monti. É um político de verdade. Pratânia é conhecida pelos seus produtos em couro. É uma cidade pequena que recebe alunos de toda a zona rural. Quem vai para Avaré, passa por ela. É aconchegante, conserva muitas tradições, principalmente religiosas. É a típica cidadezinha do interior que tem na sua Igreja o centro, e em volta a praça. Quando podia, saía para andar um pouco e espairecer. Faz muito tempo que não vou para lá. O progresso e a tenacidade dos prefeitos deve ter produzido muitas melhorias. Sou grata pela acolhida que tive e o respeito com que fui tratada. Com a minha saída, novamente a assistente assumiu. Era de Botucatu, dava aula em Avaré, e nos revezávamos à noite, pois a escola funcionava em três turnos. Fui por pouco tempo Diretora em Pratânia, mas guardo com carinho a experiência positiva. Já se passaram vinte e quatro anos!   

quinta-feira, 18 de junho de 2015

RETOMANDO MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Estamos no ano de 1.991. Estou no Esperança de Oliveira. Como sempre, assumo uma classe de quarto ano. Uma classe de dar inveja. Alunos muito bem preparados e que renderiam muito em aproveitamento. Lembro que minha filha caçula, a Viviane, fazia parte desta turma. Minha sobrinha e afilhada Fernanda Virgínia também. Eram cerca de trinta e oito a quarenta alunos. Para minha filha Viviane, ser minha aluna, era o que mais queria. Com a classe lotada e todo o entusiasmo para iniciar mais um ano, partimos. Lembro que era uma classe que exigiria muito de mim, mas tinha certeza dos bons resultados que alcançaria. O primeiro dia de aula era sempre muito importante. Nós estabelecíamos os padrões de comportamento para o ano todo. Eu falava muito e, a partir de então, ia reforçando diariamente tudo que havia sido proposto. Era muito enérgica e exigente. Meus alunos tinham que se destacar em tudo, principalmente, ir para a quinta série muito bem preparados. Para isso, mantinha um contato muito estreito com os professores da quinta série. Costumava desafiar meus alunos, propondo questões de livros da quinta série. Eles gostavam muito. Ficavam radiantes quando se saíam bem nesses desafios. Pois bem, o ano de 1.991 nos pegou de surpresa . Mal teve início, saíu publicado no Diário Oficial do Estado, a minha chamada para escolha da vaga de Diretor de Escola, concurso que eu havia prestado há algum tempo. Assim que publicaram a relação de vagas, eu e outras colegas aprovadas nos reunimos para analisar qual a possibilidade de escolhermos o mais próximo possível de nosso município. Era o momento, fosse onde fosse teríamos que ir, e depois, caso fosse fora do município, tentar voltar pelo Art. 22, ou tentar um cargo comissionado na Delegacia de Ensino de Lençóis. Fora isso, havia a possibilidade  de aguardar um próximo Concurso de Remoção. Com a minha escolha como Diretora de Escola, deixei o Esperança de Oliveira para, por acesso, assumir meu cargo de Diretora de Escola. Enchi-me de coragem e fui para o município de Pratânia. A Escola onde ingressei leva o nome de uma professora da região. Imensa, com mais de mil alunos, tinha Ensino Fundamental e Ensino Médio. Muitos alunos vinham da zona rural, eram recolhidos por ônibus e percorriam uma longa distância para chegar até a mesma. Eu mesma, como Diretora, tinha que sair às sete horas de casa, para estar, pontualmente, às oito horas na porta da escola. Eram dois ônibus, um até São Manuel, outro de São Manuel até Pratânia. Dia 19 de março, dia de São José Operário, lá estava eu, com a cara e a coragem, sem nenhuma experiência em Administração Escolar, assumindo uma escola de Primeiro e Segundo Graus. Como me saí, conto na próxima página!

terça-feira, 16 de junho de 2015

PARABÉNS! PARABÉNS! PARABÉNS!

Preparada com o maior carinho, aconteceu a Festa de Santo Antônio! Tudo conforme a programação que procuramos divulgar. A Comissão de Festas começou muito cedo os preparativos. Movida pela grande devoção ao Santo, tudo aconteceu conforme a tradição. A parte litúrgica tocou fundo no coração de todos que fizeram o tríduo, mas a festa ao grande Santo superou tudo. Quero falar de tudo um pouco. Padre Milton, admirado e respeitado não só pelos seus paroquianos, mas por todos os fiéis de Lençóis e da região, conduziu muito bem não só a parte religiosa, como também, fez-se presente em todas as demais atividades. Por onde passou deixou a poderosa benção pela intercessão do glorioso Santo. Na quinta-feira, pretendia participar da missa do segundo dia do tríduo. Infelizmente estávamos mal orientados com relação ao novo acesso. Se Deus quiser e Santo Antônio ajudar, teremos um acesso que permita chegar à Capela com mais praticidade nas festas futuras. Como eu não queria perder a missa do sábado, tratamos logo de descobrir o novo acesso. E assim foi. Na sexta-feira fomos prestigiar o Show de Prêmios, no Lions, outro evento da programação em honra ao Santo, cuja renda seria revertida para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, responsável pela Capela do Corvo Branco. Um show de prêmios com uma abundância de brindes, que bem demonstrou a generosidade dos devotos de Santo Antônio. Padre Milton, após a celebração da missa do terceiro dia do tríduo, passou por lá e agradeceu muito a colaboração de todos. Finalmente chegamos ao tão esperado Dia de Santo Antônio, sábado, treze de junho. Desta vez chegamos lá. Às dezessete horas e treze minutos teve início a procissão. Tudo muito tocante. Foi nos arredores da capela. Após a procissão, teve início a Santa Missa, abrilhantada pelo coral que tem um nome forte “TERÇO dos HOMENS". Lindo! Na Homilia, a comentarista fez a leitura de um texto que contava os principais fatos da vida de SANTO ANTÔNIO. Tudo aquilo que já conhecíamos do Santo tivemos a oportunidade de reavivar. No final da missa a tão esperada benção dos Pães de Santo Antônio e distribuição ao povo. Antes da benção dos pães, Padre Milton benzeu o mastro com os três santos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Invocou a proteção dos três e convidou o povo para acompanhar o levantamento do mastro. E para culminar, uma grande explosão de rojões. Após a parte religiosa, começou a quermesse. Padre Milton explicou que daqui para frente o espaço será usado para festas, almoços e outras atividades. Já conta com um caseiro para evitar a ação de vândalos. Mais uma vez, parabéns à comissão de festas que recuperou o espaço com o maior carinho. Em cada detalhe do recinto podia-se perceber que tudo foi feito com muito amor!  

segunda-feira, 15 de junho de 2015

VISITA INESPERADA

No momento em que Santo Antônio entregava sua bela alma a Deus, no convento de Pádua, ele apareceu em Vercelli, ao Padre Abade dos Beneditinos dessa cidade. Tinha grande afeição por ele, pois fora seu mestre em alta teologia. Na ocasião, o abade estava sofrendo de um violento mal de garganta. Antônio apareceu-lhe subitamente, dizendo: ”Padre Abade, deixei minha cavalgadura em Pádua, e vou para a Pátria”. Ao mesmo tempo, aproximou-se do doente, tocou-lhe a garganta, curou-o e desapareceu. O Abade pensou ter recebido a visita inesperada de Santo Antônio, espantou-se somente por ter sido tão curta. Saiu imediatamente de sua cela, percorreu o mosteiro, perguntando aos que encontrava, onde estava o Padre Antônio. Dizia: ”Ele acabou de sair de minha cela, depois de ter me curado do mal terrível que eu sofria”. Os religiosos não duvidaram do milagre que acontecera, pois sabiam que Abade estava incapaz de pronunciar uma só sílaba. Mas nenhum deles vira o Santo por ali. Pouco depois, o Superior e os Religiosos souberam que o glorioso Padre Antônio morrera na tarde de 13 de junho (1231), quer dizer, no dia e hora em que teve lugar a bem-aventurada aparição. Nos momentos mais difíceis de sua vida, Santo Antônio invocava Maria, que corria imediatamente em seu auxílio e, o Menino Jesus descia, visivelmente, em seus braços, acariciando-o, dando-lhe beijos, falando familiarmente com ele. É lindo ficar contemplando a imagem de Santo Antônio. Ficamos arrebatados com a ternura entre ele e o Menino Jesus. 

sábado, 13 de junho de 2015

LÍNGUA BENDITA

O fim do apostolado de Santo Antônio não aconteceu com a sua morte precoce, aos trinta e seis anos. Embora vivendo tão pouco, sua vida foi repleta de obras e méritos. Santo Antônio vive ainda no meio de nós com o mesmo poder que nos dias de sua existência terrena. Ele continua a nos falar como falou durante toda a sua vida. Essa SANTA LÍNGUA, que converteu milhares de pecadores e reuniu em torno dele os peixes do mar para confundir os incrédulos, essa língua que se fez ouvir em todos os idiomas como no dia de Pentecostes, que ressuscitou mortos, que consolou tantas almas, que curou tantas doenças, essa língua que o Papa chamou a Arca do Testamento, onde se conserva o maná do céu e a vara miraculosa de Moisés, essa Língua, enfim, que durante a sua vida se reduziu ao silêncio para nos ensinar a humildade, a renúncia e a união com Deus, está realmente entre nós. Trinta e dois anos após a sua morte, quando fizeram a trasladação das relíquias de Santo Antônio, encontraram os ossos e seu corpo reduzidos à cinzas, porém, a Língua estava intacta. Em presença de fato tão extraordinário, o seráfico Boaventura, não contendo a emoção, tomou-a em suas mãos, beijou-a e exclamou: ”Ó língua bendita, que não cessastes de louvar a Deus e que o fizestes louvar por um número infinito de almas, vê-se agora quanto sois preciosa aos olhos de Deus”! Depois fê-la encaixar num relicário de ouro, para ser venerada através dos séculos. Nada mais era necessário para crescer a devoção ao Santo. Os milagres, que não cessavam um só dia, aumentaram ainda mais.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

VOCAÇÃO FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO

A divisa de Antônio era: vida por vida, alma por alma, amor por amor, imolação total de si mesmo para a glória de Deus! Santo Antônio amou Deus por Deus. Ora, enquanto ele estava no Convento de Santa Cruz, chegaram com grande pompa as relíquias de cinco franciscanos que tinham regado com o seu sangue as terras da África. Ninguém ficou mais tocado que ele com o esplendor dessas festas. Contemplando as relíquias, ele manifestava ao Altíssimo, o desejo de passar pela mesma prova: o sofrimento, o martírio de morrer por amor, oferecendo o sacrifício da própria vida. E diante das relíquias dos santos mártires, Fernando suplicava e se indagava: ”Terei eu essa felicidade? Esse dia chegará para mim?" Os santos mártires ouviram os suspiros de Fernando e, para responder-lhe, enviaram religiosos de São Francisco, aos quais poderia falar de seus projetos. Fernando, então, confidenciou aos religiosos, o seu desejo de entrar para a Ordem de São Francisco, com o firme propósito de ser enviado para a África e ali servir e fazer parte do número de mártires que deram sua vida por amor a Deus. A aprovação não se fez esperar. Dom Fernando foi recebido de braços abertos na Ordem de São Francisco, COM O NOME DE ANTÔNIO. A promessa feita a Fernando foi cumprida. Após o noviciado, foi admitido à profissão e enviado à África onde São Bernardo e seus companheiros receberam a coroa do martírio. Mas Deus reservara a Antônio outra glória. Apesar de desejar ser ignorado, colocando-se abaixo de todos para crescer diante de Deus, não podendo receber o martírio do sangue, entregou-se ao martírio da renúncia. Escondeu seus talentos com tanto cuidado, que durante muito tempo era olhado quase como um ignorante. Era tão reservado, que passava quase por imbecil e, só entregavam a ele, os serviços mais vulgares do convento. E ele tudo aceitava sem dizer uma única palavra sobre sua origem, ou os vastos conhecimentos teológicos adquiridos. Sua única ambição era conhecer Jesus, Jesus crucificado, amá-lo, unir-se a ele. Humildade e obediência eram grandes atributos de Santo Antônio. Perfeito discípulo de Jesus e do patriarca São Francisco, Antônio de Pádua escolhia sempre o último lugar, evitando os louvores humanos. A obediência é a pedra de toque da humildade. Quanto mais uma alma se despreza, mais agrada a Deus e mais facilmente se submete às ordens dos que o representam. É o que nos mostra Santo Antônio. Apesar do grande atrativo pela humildade e escondimento, era pela obediência que renunciava aos seus desejos e corria para onde seus superiores o mandavam. Foi para a África procurar o martírio por obediência, voltou à Itália por obediência, se prega, se ensina teologia, se exerce o cargo de guardião é por obediência. Santo Antônio não se julgava bom para nada, mas por obediência, sentia-se capaz de tudo fazer.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pequena biografia de Santo Antônio

Foi no dia 15 de agosto de 1195, que nasceu em Lisboa, Santo Antônio de Pádua. Pelo lado paterno pertencia à ilustre família de Godofredo Bulhões e, pelo lado de sua mãe, Maria Teresa de Távora, à família real das Astúrias. Consagrou-se ao Senhor desde muito pequeno, educado que foi por mãe muito piedosa. Quando completou dez anos, entrou no colégio dos cônegos da catedral. A sua piedade de anjo, fazia com que fosse admirado por todos. Foi aos 15 anos, que se entregou sem reservas ao serviço de Deus. Entrou num convento dos cônegos de Santo Agostinho, em sua cidade natal. Era muito apaixonado pela oração, mas recebia muitas visitas de parentes e amigos e isto o impedia de entregar-se a elas com todo o ardor de sua piedade. Pediu aos seus superiores autorização para se retirar para o convento de Santa Cruz de Coimbra, onde poderia ficar mais sozinho e, então, se dedicar ao que desejava. Autorização concedida, ali passou dez anos de sua vida. Foi ali que entre as obrigações que lhe eram atribuídas pela ordem, aproveitava todo o tempo que lhe restava, para a meditação e leitura dos livros santos. Dócil às inspirações da graça, aplicava-se a conhecer e procurar tudo que era agradável a Deus. Santo Antônio tinha uma memória prodigiosa e retinha tudo que lia. E assim abrasado de amor a Deus, encontrou na leitura assídua da Palavra, o calor necessário para oferecer um coração ardente a Deus. Como boa árvore plantada em terra fértil, Fernando de Bulhões crescia e adornava-se para dar frutos abundantes no tempo preciso.
Um dia, durante os primeiros anos de sua vida, o jovem Fernando rezava, com as mãos postas, diante da imagem da Santíssima Virgem. De repente, o demônio, invejoso da beleza de sua alma, apareceu-lhe sob uma forma horrenda, ameaçadora, procurando afastá-lo de Maria. Na hora, o menino lembrou-se do que havia aprendido sobre o poder do Sinal da Cruz. Traçou-o imediatamente, sobre o mármore onde estava ajoelhado rezando. Que maravilha! O mármore tornou-se flexível sob a pressão de seus dedos e o Sinal da Cruz ficou impresso nele! O Sinal da Cruz, mais forte que um raio, expulsou o espírito mau. O tempo não apagou este sinal, e até hoje, os peregrinos beijam este vestígio, primeiro prodígio de Santo Antônio de Pádua.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

MEUS IRMÃOS PEIXES...

Achava-se um dia Santo Antonio na cidade de RIMINI, na Romanha, procurando um meio de levar a Deus, as multidões que as paixões mundanas desgarravam. Implorou a proteção do Criador e fez sinal ao povo para segui-lo à praia e o conduziu à embocadura do rio Marecchia. Aí, voltando-se para o mar Adriático, clamou em alta voz: ”Peixes do rio, peixes do mar, ouvi. Quero anunciar-vos a Palavra de Deus, uma vez que os heréticos se recusam a ouvi-la”. À sua voz, as ondas agitaram-se; inúmeras espécies desses habitantes, que povoam o mar, correram para aquele que os havia chamado. MEUS IRMÃOS PEIXES, disse-lhes, DEVEIS AO CRIADOR UM RECONHECIMENTO SEM MEDIDA, FOI ELE QUE VOS DEU PARA MORADA OS RIOS, MARES, OCEANOS. Foi Ele que vos deu esta casa nas profundezas das águas, para refúgio nas tempestades; deu-vos nadadeiras para irdes onde quiserdes e vos forneceu a comida de cada dia. Criando-vos, ordenou crescerdes e multiplicar-vos e abençoou-vos. No dilúvio universal, enquanto os outros animais pereciam nas águas, Deus os conservou. Fez-vos a honra de escolher-vos para salvar o profeta Jonas, fornecer o tributo ao Filho do Homem e servir-lhe de alimento antes e depois da sua ressurreição. Louvai e bendizei ao Senhor, que vos favoreceu entre todos os seres da criação. Os peixes atentos, como se fossem dotados de inteligência, testemunhavam por movimentos, que tinham prazer em ouvir o Santo e queriam dar a Deus o mudo tributo de suas adorações. “Vede, exclamou Santo Antônio, voltando-se para os heréticos, admirai como criaturas privadas de razão, ouvem a Palavra de Deus com mais docilidade que os homens criados à sua imagem e semelhança!”

Na trezena de Santo Antônio, exatamente no décimo segundo dia, há uma invocação que começa assim: “Ó glorioso Santo Antônio, cuja língua bendita ensinou os homens a louvarem a Deus, tende piedade de mim e lembrai-vos que não foi só em vosso proveito que Deus o dotou de tantos dons, mas foi também em meu benefício e para me animar a recorrer a vós em todas as necessidades da alma”.




terça-feira, 9 de junho de 2015

SANTO ANTÔNIO DAS COISAS PERDIDAS

Interessante notar como as três crenças mais populares atribuídas a Santo Antônio se entrelaçam. Como surgiu a crença no Santo das coisas perdidas? Dizem que uma senhora de família nobre perdera as chaves de sua casa e ninguém conseguia abrir-lhe a porta. Pediu a Santo Antônio que a ajudasse e, como retribuição, prometeu que daria, caso as chaves fossem encontradas, pão para os pobres a cada terça- feira. O Santo a ouviu, as chaves foram encontradas e ela, até o fim de sua vida, cumpriu a promessa feita na hora da aflição. Desde então, Santo Antônio sempre foi invocado como o santo das coisas perdidas, das quais a mais perdida de todas é o coração humano. Daí ser invocado como o Santo Casamenteiro, que  aproxima os corações perdidos. Há muitas lendas em torno dessa crença. Eis uma delas: existia em Pádua, um tirano de nome Ezzelino, que baixara um decreto, segundo o qual, tanto o homem como a mulher deveriam levar para o casamento o mesmo dote. Assim, rico sempre se casaria com rico e pobre com pobre. Casava-se mais com a “carteira” do que com o coração. A população da cidade se revoltou e Santo Antônio enfrentou o tirano em praça pública. E tal foi a força de suas palavras que Ezzelino foi obrigado a revogar o tal do decreto. Santo Antônio foi carregado em triunfo e, desde então, aclamado como ”o santo casamenteiro”.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

O PÃOZINHO DE SANTO ANTÔNIO

Sei que muita coisa que relato hoje é fruto de uma fé forjada pela catequese que tivemos quando crianças. Catequese de inteira responsabilidade da família. De modo especial, pelas mãos das mães. Já tive oportunidade de falar em meu blog dos recursos que eram utilizados. Minha mãe tinha uma caixa de santinhos de papel, que eu e meus irmãos adorávamos olhar. Foi com ela que aprendemos a conhecer os santos e suas histórias. No seu quarto tinha uma figura em cartão de Nossa Senhora de Fátima e aos seus pés os três pastorzinhos numa atitude de arrebatamento diante da Mãe de Deus, que nos arrebatava também. Meu pai tinha uma fábrica de produtos derivados do milho. Qual era o nome? São João. Tinha um quadro belíssimo na parede com a figura dele.  Olhar para aquela criança angelical, de cabelinhos encaracolados, tendo ao seu lado aquele carneirinho tão mimoso, também nos arrebatava para a presença de Deus. Na cabeceira de nossas camas, a figura do Anjo da Guarda, que conservo até hoje. O tempo foi passando, a educação foi mudando, e hoje se não fossem as catequistas com seu trabalho de evangelização, desde a mais tenra idade, não sei quantas mães teriam tempo para catequizar seus filhos. Hoje, não tenho só na lembrança o que relato. Minha mãe conserva todas as imagens dos santos de que falei, e quando algum está roído demais pelo tempo que passou, ela insiste em guardar, pois jogar santo fora é pecado. E foi lá, no meio de suas relíquias, que fui buscar subsídios para relatar muita coisa de Santo Antônio, já caídas no esquecimento. Comecei minha página de hoje para falar do pãozinho de Santo Antônio e também fazer uma homenagem à Tia Yolanda Radicchi, que dedicou sua vida toda à Igreja. No dia de Santo Antônio enchia nossas mãos de pão bento, porque fazia questão que levássemos para outras pessoas que não tinham participado da missa e assim continuar a tradição. A história do “PÃO DE SANTO ANTÔNIO” remonta a um fato curioso que é assim narrado: ”Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros quando na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido “roubados”. Espantado foi contar ao Santo o ocorrido. Este, calmamente, mandou que ele verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O frade padeiro voltou espantado e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento”. O PÃOZINHO DE SANTO ANTÔNIO é , por tradição, colocado, pelos fiéis, nos sacos de farinha, com a fé de que, assim, nunca lhes faltará o que comer.
No dia 13 de junho, às 18 horas, Missa na Capela de Santo Antônio no Corvo Branco. Após a missa, quermesse, onde serão oferecidos a tradicional sopa de gratine, salgados, doces típicos e bebidas quentes. VAMOS PRESTIGIAR!

domingo, 7 de junho de 2015

QUEM FOI SANTO ANTÔNIO DE LISBOA E DE PÁDUA?

Um cristão privilegiado em dons de Deus. Desde a infância era feliz na graça de Deus, amado pelos seus familiares, crescendo dia a dia como amigo de Cristo. Santo Antônio sempre teve grande devoção pelos Sacramentos, Sagradas Escrituras e ensinamentos da Igreja. A fé entra pelos ouvidos, por isso deve ser pregada, tornar-se prática no modo de viver, e foi o que fez Santo Antônio, sem esperar a retribuição e sem transacionar em termos comerciais. Viveu para o próximo, para o sacrifício, para a fé no poder de Deus. Morreu moço, tendo sido canonizado onze meses após. O culto dedicado ao santo por milhares de fervorosos adeptos,  foi rapidamente se estendendo. Não só os católicos homenageavam Santo Antônio, mas também os índios da América do Norte, os pagãos da China, os ortodoxos e os cismáticos. A devoção a Santo Antônio deve estar ligada a Deus, que é amor e afasta o desespero. Falham aqueles que só enxergam no santo “ o casamenteiro”  ou “o restituidor de coisas perdidas”. Falham aqueles que através de crendices procuram obter lucros, substituindo a imagem verdadeira do Santo. O melhor momento para honrar-se Santo Antônio é no seu dia e a forma correta de cultuá-lo será a imitação de sua vida, através de atos em benefício ao próximo, isentos de crendice. A figura de Santo Antônio deverá ser um apelo a um trabalho melhor, a um comportamento mais humano e menos egoísta. Esse é o culto que deve ser dedicado ao Santo, esse foi seu modo de viver.


sexta-feira, 5 de junho de 2015

DONA ERMELINDA E O RESPONSÓRIO DE SANTO ANTÔNIO

Santo Antônio também é o Santo que nos ajuda a encontrar as coisas perdidas. Existe uma oração chamada Responsório, que rezada por pessoas de muita fé, fazem o que está perdido aparecer. São pessoas de uma fé imensa no poder de intercessão de Santo Antônio junto a Jesus. Uma dessas pessoas era Dona Ermelinda, filha de tradicional família lençoense, a família Paccola. Dona de um sorriso encantador e de uma meiguice cativante, era procurada por todos que desesperados pela perda de algo, confiavam na sua oração para recuperar. Além do sorriso, da meiguice, envolvia a todos com o seu jeito carinhoso de tratar as pessoas e conversar. Era de uma religiosidade e caridade que só encontramos em pessoas muito especiais. Era casada com seu Walter Cusin e mãe de duas filhas: a Marli e a Dionísia. Tive oportunidade de dar aula para a mais nova, a Dionísia. Lembro-me do carinho dela comigo quando dei aula para a Dionísia. Lembrava com lágrimas nos olhos como a Dionísia havia nascido pequenina. Ela dizia que era um bebê tão pequeno que um anel servia de pulseirinha em seu braço. Dona Ermelinda teve a alegria de ver as filhas formadas, casadas, netos correndo pela casa e muitas outras coisas boas. Certa ocasião, estava em Amparo hospedada em uma Colônia de Férias da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo com minha família, quando precisei de Dona Ermelinda. Amparo é uma cidade que tem uma localização privilegiada. Permite passeios e compras muito boas. Circulávamos por Lindóia, Serra Negra, Monte Sião, Estâncias Turísticas que deixavam meus filhos, então crianças, encantados. Quando estava em Lindóia ia sempre visitar a querida Irmã Antonieta, recolhida no Hospital da cidade e cuidada pelas outras Irmãs de sua ordem. Monte Sião foi palco do que vou narrar agora. Cidade pitoresca, famosa pelas suas malhas, atraía e atrai até hoje quem quer adquirir seus produtos. Homens, mulheres, jovens, todos se dedicam a arte de confeccionar os tricôs. Em cada casa há uma confecção. Foi numa dessas lojas que fiz compra para a família. No dia seguinte, dei por falta de minha carteira. Bateu o desespero. Fomos à delegacia, fizemos boletim de ocorrência, comunicamos ao gerente da colônia e, no desespero, ligamos para minha sogra, que logo fez contato com a Dona Ermelinda para fazer o RESPONSÓRIO. Não foi possível encontrá-la. Voltamos sem a carteira. Estava perdida. Dias depois, recebo pelo correio um pacote com um bilhete que dizia o seguinte: ”Encontramos sua carteira no meio das peças de tricô que a senhora, provavelmente, estava vendo. Tivemos o cuidado de abri-la e encontramos o seu endereço. Tiramos apenas o dinheiro suficiente para enviá-la pelo correio.” Junto, um cartãozinho da loja. Guardo até hoje o bilhetinho. Foi ou não foi um milagre de SANTO ANTÔNIO?

quinta-feira, 4 de junho de 2015

QUADRILHAS

As quadrilhas fizeram, fazem e sempre farão o maior sucesso nas festas juninas. Dizem que no nordeste  o ano se divide em duas partes: Carnaval e Festas Juninas. O Carnaval, seja onde for, não me atrai, mas as quadrilhas exercem um fascínio muito grande sobre mim. É nesta época do ano que fico presa à televisão atrás das reportagens das tradicionais festas juninas das regiões norte, nordeste. A riqueza das coreografias, o artesanato que explode no colorido das roupas, que riqueza de detalhes. A criatividade e variedade de materiais empregados é de uma riqueza ímpar. Não há ouro ou pedra preciosa que se iguale. Mas tudo isso cativa porque quem se dispõe a participar das danças, o faz com o coração. As raízes falam mais alto, e então, numa explosão de sentimentos o espetáculo acontece. E nossos repórteres, na ânsia de buscar o novo, acabam apresentando espetáculos que nada mais são do que a perpetuação de nossa cultura. Nestas regiões todos são valorizados, principalmente os mais velhos. São eles os responsáveis por manter vivas as tradições. Em todas as apresentações, o que vemos, são pessoas simples, de todas as idades, crianças, jovens, idosos. A partir do momento que integram um grupo, a alegria toma conta. Ninguém está preocupado se está acima do peso, se falta um dente na boca, se é velho demais, ao contrário, quando entrevistados exibem uma satisfação de dar inveja. Admiro o trabalho que os artistas mais jovens fazem, criando ONGS do nada, contando apenas com o recurso dessa motivação interna presente nas comunidades mais pobres e projetando-as para a vida! São jovens que ao invés de buscar na droga a realização pessoal, colocam os seus conhecimentos, a sua arte, a serviço da formação das novas gerações. E assim vão surgindo por esse Brasil afora, bandas, orquestras, grupos de dança, etc. Os projetos de sustentabilidade, outro grande exemplo. Do nada, mas muito bem orientados, contando apenas com os recursos naturais de cada região, o artesanato regional já está alcançando o mercado internacional.Por trás de cada idealizador de um projeto há um ser humano preocupado com o próximo, com o futuro. Vamos acompanhar com atenção o que o mês de junho nos reserva. E vamos curtir nossos netos dançando as populares quadrilhas em suas escolas.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

DOCES E COLORIDAS LEMBRANÇAS

Parece que ainda sinto no rosto o frio do mês de junho enquanto acompanhávamos a procissão, mas ao chegarmos lá, parecia que tínhamos alcançado uma grande vitória, pois tudo era muito festivo. Entrar na capela era essencial. Era nossa homenagem ao grande Santo.  Depois, sim, curtir tudo que a festa oferecia. Íamos à pé, mas a volta era de circular. Como o próprio nome está dizendo, eram ônibus que ficavam circulando durante o dia e à noite, levando o povo para festar. Nos horários de pico formavam-se filas imensas. Eram pagos, mas nunca nos deixavam na mão. De Lençóis partiam da Rodoviária. Soube que estão providenciando melhorias no acesso ao Bairro do Corvo Branco, pois, hoje, quem quer chegar lá, precisa pegar a rodovia que dá acesso à cidade de Macatuba, e ao chegar na altura do Corvo Branco, sair no acostamento e aguardar que a pista esteja livre para atravessá-la em segurança. Perdeu-se o encanto de andar, andar, andar muito para chegar até lá, mas vale a pena marcar presença. O grande problema hoje é onde estacionar, mas acredito que a comissão dos festejos deve ter se preocupado com isso. A Capela é pequena, mas o coração de Santo Antonio é imenso e generoso. Minha mãe é grande devota de Santo Antônio. Possui várias imagens dele e relata grande número de graças alcançadas através dele. Nós, seus filhos, aprendemos com ela a suplicar em todos os momentos difíceis. Na recuperação de objetos perdidos, sua ajuda é infalível. Minha mãe tem inúmeras orações, que de tanto rezar, estão amareladas e comidas pelo tempo. Mas é muito linda a devoção que ela tem ao santo. Santo casamenteiro é também uma grande fama dele. Existe até uma imagem desrespeitosa, que é vendida em grandes centros religiosos, para fazer chantagem com ele. O Menino Jesus que aparece em seu colo, é móvel, pode ser retirado. Então, quando alguém quer um namorado, esconde o pequeno Jesus e promete ao santo, só devolvê-lo, quando lhe conceder a graça pedida. É tão linda a vida de Santo Antônio. O pãozinho que é abençoado no seu dia é a tradição que nunca esteve ausente em nossa família. Todos nós comemos um pedacinho e o resto é colocado junto com os mantimentos, para que ele nunca falte em nossos lares. O pão é abençoado e distribuído na Igreja no seu dia, graças aos  devotos  que pagam suas graças, doando  os mesmos.
Parabéns à comissão de festejos. Parabéns ao Padre Milton. Os devotos de SANTO ANTÔNIO vão marcar presença!


terça-feira, 2 de junho de 2015

FESTA NO CORVO BRANCO

Fiquei muito feliz quando vi, num jornal local, a notícia da realização da tradicional Festa de Santo Antônio no Corvo Branco. De novo vieram à minha lembrança de criança como esta festa era prestigiada pela população de Lençóis. A abertura  era feita com a solene procissão que saía da Igreja Matriz rumo ao Bairro do Corvo Branco. Não era motorizada. Mês de Junho era muito frio, mas lá íamos nós, acompanhando o andor de Santo Antônio. Casaco pesado, cachecol enrolado no pescoço, vela na mão e a devoção ao santo, faziam com que o povo todo ano participasse da festa. O trajeto era longo, considerando-se que a cidade de Lençóis não tinha a dimensão que tem hoje. Descíamos da Matriz até a rua 15 de Novembro, seguíamos até a esquina do atual Banco Itaú, subíamos até a Vila Contente. Na antiga Destilaria tinha início o trecho mais longo do percurso. Caminhávamos em chão de terra batida até chegar à Capela de Santo Antônio. Era realmente um grande gesto de fé e devoção ao santo. Esta procissão acontecia na abertura da festa. No dia de Santo Antônio havia missa solene com procissão pelos arredores da Capela. Tudo que hoje tenta se resgatar, não tem o mesmo gosto das festas da época, mas é louvável a iniciativa. Soube através dos jornais, que a Capela foi restaurada. Que a famosa Barraca do Recreio também está pronta para servir o tradicional almoço, que na época era feito pelas senhoras descendentes de italianos, as Capoani, as Canova, as Ciccone e as Pettenazzi, que sabiam fazer como ninguém, a deliciosa comida italiana: sopa de gratine, ravióli, leitoa assada, polenta com frango, tudo de dar água na boca. Esta barraca era frequentada pelas pessoas de maior poder aquisitivo. Porém, havia outra barraca que ficava na parte mais alta, famosa pelos pastéis e outros petiscos, comandada pela família Baptistella. Além das devoções, da comida, havia as diversões.  Quem não conheceu o seu Arlindinho e sua famosa Barraca de prendas que eram sorteadas e faziam a delícia de quem ganhava? Ali encostavam velhos, adultos, crianças, que adquirindo seu bilhete ficavam aguardando finalizar a venda dos números da rodada. Só então, Seu Arlindinho girava a roleta e anunciava o número. Era muito legal. As rodadas aconteciam o tempo todo. O Correio Elegante fazia a delícia de quem era jovem, na esperança de que Santo Antônio desse uma mãozinha! E o leilão de gado? Desde muito cedo, as pessoas responsáveis pela festa saíam pelas propriedades rurais pedindo prendas. Os animais ficavam expostos no recinto e no encerramento da mesma eram leiloados. Era uma tradição que se repetia anualmente. Eu acredito que a construção da Rodovia Marechal Rondon colaborou com o fim da tradicional festa, pois o perigo é muito grande para atravessá-la. Com o crescimento da cidade, a Capela do Corvo Branco passou a pertencer à Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, que tem como Pároco Padre Milton. Muito dinâmico, carismático, Padre Milton tem conseguido de seus paroquianos todo o apoio necessário para o resgate desta tradição. Quero prestigiar tudo que acontecer por lá. Que Deus abençoe todos aqueles que estão se dedicando a este evento.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Festas Juninas - Doces lembranças


Já estamos no mês de Junho, sexto mês do ano. Tradicional mês das festas juninas. Tornou-se tão curto, que o que era tradição ser comemorado em junho, agora se estende pelo mês de julho.Temos, então, festas juninas e julinas. Junho tem gosto de quentão, vinho quente, pipoca, canjica, doce de abóbora, de batata doce, arroz doce, etc. Desde muito cedo tomei gosto por estas festas. Quando criança, meu pai nos levava pelos sítios de seus tios  e ali desfrutávamos da alegria de ver os familiares e amigos reunidos. Eu acho que para as crianças não havia coisa mais linda do que ver a fogueira ardendo e a sanfona tocando com maestria. As rancheiras executadas levavam para o meio do terreiro os casais que varavam a noite dançando.Todos arrastavam os pés alegremente. Tive oportunidade de crescer ouvindo este instrumento tocado com habilidade pela família BOSO e de conhecer pessoalmente o MÁRIO ZAN, sanfoneiro muito amigo da família e que fazia questão de comparecer às festas ou simplesmente curtir a amizade que os unia. Lembro-me das rezas, principalmente, da ladainha, que era rezada no final do terço, antes de erguer o mastro. Mês de junho era muito frio, e nós crianças não víamos a hora de levantar o mastro para correr e se aquecer na fogueira. Santo Antônio, o primeiro dos santos comemorado em junho, tem fama de santo casamenteiro. A tradição diz que quem não socar o mastro, não casa. Por isso, mal era levantado, as moças solteiras corriam na base do mesmo pedindo casamento e socando. Com isso, o mastro ficava firme até o ano seguinte. O pipocar dos rojões acontecia quando o mastro era levantado. Sempre ouvi falar que quem tem fé, no momento em que a fogueira já está reduzida à brasas, consegue atravessá-la descalço. Tinha muita curiosidade sobre isso, até que um dia, numa dessas festas em Alfredo Guedes, eu pude ver um devoto atravessar a fogueira sem se queimar. Inacreditável!