terça-feira, 2 de junho de 2015

FESTA NO CORVO BRANCO

Fiquei muito feliz quando vi, num jornal local, a notícia da realização da tradicional Festa de Santo Antônio no Corvo Branco. De novo vieram à minha lembrança de criança como esta festa era prestigiada pela população de Lençóis. A abertura  era feita com a solene procissão que saía da Igreja Matriz rumo ao Bairro do Corvo Branco. Não era motorizada. Mês de Junho era muito frio, mas lá íamos nós, acompanhando o andor de Santo Antônio. Casaco pesado, cachecol enrolado no pescoço, vela na mão e a devoção ao santo, faziam com que o povo todo ano participasse da festa. O trajeto era longo, considerando-se que a cidade de Lençóis não tinha a dimensão que tem hoje. Descíamos da Matriz até a rua 15 de Novembro, seguíamos até a esquina do atual Banco Itaú, subíamos até a Vila Contente. Na antiga Destilaria tinha início o trecho mais longo do percurso. Caminhávamos em chão de terra batida até chegar à Capela de Santo Antônio. Era realmente um grande gesto de fé e devoção ao santo. Esta procissão acontecia na abertura da festa. No dia de Santo Antônio havia missa solene com procissão pelos arredores da Capela. Tudo que hoje tenta se resgatar, não tem o mesmo gosto das festas da época, mas é louvável a iniciativa. Soube através dos jornais, que a Capela foi restaurada. Que a famosa Barraca do Recreio também está pronta para servir o tradicional almoço, que na época era feito pelas senhoras descendentes de italianos, as Capoani, as Canova, as Ciccone e as Pettenazzi, que sabiam fazer como ninguém, a deliciosa comida italiana: sopa de gratine, ravióli, leitoa assada, polenta com frango, tudo de dar água na boca. Esta barraca era frequentada pelas pessoas de maior poder aquisitivo. Porém, havia outra barraca que ficava na parte mais alta, famosa pelos pastéis e outros petiscos, comandada pela família Baptistella. Além das devoções, da comida, havia as diversões.  Quem não conheceu o seu Arlindinho e sua famosa Barraca de prendas que eram sorteadas e faziam a delícia de quem ganhava? Ali encostavam velhos, adultos, crianças, que adquirindo seu bilhete ficavam aguardando finalizar a venda dos números da rodada. Só então, Seu Arlindinho girava a roleta e anunciava o número. Era muito legal. As rodadas aconteciam o tempo todo. O Correio Elegante fazia a delícia de quem era jovem, na esperança de que Santo Antônio desse uma mãozinha! E o leilão de gado? Desde muito cedo, as pessoas responsáveis pela festa saíam pelas propriedades rurais pedindo prendas. Os animais ficavam expostos no recinto e no encerramento da mesma eram leiloados. Era uma tradição que se repetia anualmente. Eu acredito que a construção da Rodovia Marechal Rondon colaborou com o fim da tradicional festa, pois o perigo é muito grande para atravessá-la. Com o crescimento da cidade, a Capela do Corvo Branco passou a pertencer à Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, que tem como Pároco Padre Milton. Muito dinâmico, carismático, Padre Milton tem conseguido de seus paroquianos todo o apoio necessário para o resgate desta tradição. Quero prestigiar tudo que acontecer por lá. Que Deus abençoe todos aqueles que estão se dedicando a este evento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário