sábado, 15 de março de 2014

A “Tabuinha”

A disciplina era muito rígida na minha época. Professor era respeitadíssimo. Não me lembro de nenhum colega dando trabalho para o professor.
Professor era um ídolo para nós. Todos queríamos ser professores. Ai de nós se chegasse aos ouvidos de nossos pais alguma reclamação. Era castigo na certa, era surra mesmo.
Pai, mãe, jamais se dirigiam à escola para conversar com o professor sobre o aproveitamento ou o comportamento do filho. Era uma missão perfeita: a família fazendo o seu papel e a escola completando. Lembro-me de um pai dizendo: “Da educação do meu filho, cuido eu, mas da instrução, é a senhora quem deve cuidar”. Velhos tempos!
Ir para a diretoria era a pior ameaça que poderia pairar sobre nossas cabeças. Diretor era a maior autoridade dentro da escola. Ninguém se atrevia a desafiá-la. Lembro-me do S. Elzo. Diretor que veio logo depois do S. Nascimento, quando eu estava no terceiro ano (1953), andando durante o recreio, com um molho de chaves na mão. Tremíamos só de vê-lo. 
S. Elzo Terra Garbino foi diretor do Grupo Escolar "Esperança de Oliveira" de 1953 até a sua aposentadoria.
Quando terminava o recreio, havia três sinais: um para parar feito estátua, outro para formar a fila e o terceiro para entrar.
Bem, comecei esta página para falar da “tabuinha” e estou quase terminando sem falar dela.
O que era a tabuinha? Era um pequeno retângulo de madeira, do tamanho de um apagador, furada em uma extremidade por onde passava um cordão e ficava pendurada na maçaneta da porta da classe. Quando um aluno queria ir ao banheiro, não precisava pedir, era só pegar a tabuinha e sair. A professora olhava para o trinco e pela ausência da tabuinha, sabia que havia algum aluno no banheiro. Não podia demorar, não. Enrolar, jamais. Era tudo muito certo!
Lembrei-me também, que quando alguém chegava na nossa sala, Diretor ou outro professor, nós ficávamos todos em pé. Era a forma de cumprimentar as visitas. Só sentávamos quando recebíamos o consentimento para isso. 

2 comentários:

  1. Ain que saudades, como é bom vê-lo mesmo que em foto, e sendo tão querido assim por todos, confesso que sempre ouvi histórias dele, e de como a sua postura impunha respeito e as vezes até certo medo, mas o que eu tenho pra falar do meu vô é que nunca o vi dessa forma, nem se quer por um segundo, ele sempre era muito carinhoso, atencioso, e aquele vô babão que faz tudo para os netos, desde passeios que eram os melhores, até os presentinhos que eram os mais criativos!

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    1. Ana Luiza , você tem razão . Por tràs dessa postura enérgica de diretor de escola , se escondia uma pessoa muito terna e sábia. Pode se orgulhar dele.Tenho certeza que todos que trabalharam ao seu lado, guardam boas lembranças. Beijos. Zuleika

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