A cidade foi crescendo, o número de crianças em idade
escolar aumentando, o prédio do Segundo Grupo Escolar foi ficando pequeno e
tornou-se necessário construir mais duas salas. Elas foram construídas ao lado
direito do galpão, como se fosse um prolongamento do mesmo. Um dos professores
que sempre trabalhou em uma delas foi o Carlos.
Acho que foi o único professor homem
de nosso tempo, pelo menos das séries iniciais. Sempre o vi trabalhando com
quarta série. Gostaria muito de lembrar uma música que ele ensinava para seus
alunos e que era muito apreciada quando eles cantavam. Era daquelas músicas que,
à medida que iam cantando, novas estrofes eram introduzidas, formando uma
sequência. Treinava a atenção, a concentração, não podiam errar. Lembrei, era a
“Árvore da Montanha”.
Carlos era muito sistemático. Ano após ano desenvolvia seu
trabalho sempre da mesma forma. Quando nos via mudando ou introduzindo novos
procedimentos, ele dizia que ficávamos inventando história. Essa era sua linha.
Apesar das divergências, sempre fomos bons colegas. Era muito querido pelos
seus alunos. Carlos poderia ter se removido para o Esperança de Oliveira,
escola mais próxima de sua casa, mas permaneceu no Paulo Zillo até sua
aposentadoria. Raramente nos vemos, apesar dele morar não muito longe de casa.
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