domingo, 5 de outubro de 2014

MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COMO ALFABETIZADORA

Foi na escola da Fazendinha. Não sei exatamente quantos alunos eu tinha matriculados no primeiro ano, mais ou menos uns doze. Tinha meninos e meninas. A cartilha adotada era Caminho Suave. Tinha os cartazes cujas figuras associavam as letras ao desenho. Começávamos pelas vogais a, e, i, o, u, e as combinações entre elas: ai, ao, au, ei, eu, ia, oi, ui, e assim por diante. A de abelha, e de elefante, i de igreja, o de ovo, u de uva. Depois, seguindo a ordem alfabética, começávamos o estudo das sílabas: ba, be, bi, bo, bu. A seguir, brincávamos juntando as sílabas e formando palavras: babá, bebê, babo, bobo, aba, oba, boi, etc. As crianças levavam uns dois meses para assimilar o processo. Do ba, passávamos para o ca, do ca para o da. Dominadas as primeiras sílabas, o resto elas praticamente avançavam sozinhas.
Um fato interessante aconteceu antes de iniciar a cartilha. Eu seguia religiosamente as orientações que nos foram dadas no curso normal, bem como o que eu aprendera nos estágios. Antes de entrar na cartilha propriamente dita, era preciso desenvolver a coordenação motora. Tínhamos manuais com a sequência dos exercícios motores. Quando os pais viram que os filhos só estavam fazendo cobrinha, ondinha, sobe, desce, mandaram logo um recado: ”Professora, eu não mandei meu filho à escola para perder tempo só rabiscando! Trate de ensiná-lo a escrever! Abreviei o tal do período preparatório e comecei a alfabetização propriamente dita. Foi um sucesso. Num semestre estavam todos alfabetizados. Minha primeira experiência. No ano seguinte, nova turma. Agora já estava mais segura. Sabia que daria conta. Alfabetizar não era a minha maior paixão. Lembro apenas de uma classe que alfabetizei no Malatrazi. Eu sempre gostei mesmo foi de trabalhar com alunos maiores. Por todas as escolas que passei, sempre tive um bom relacionamento com os professores de quinta série. Gostava de prepará-los para a quinta série, ou primeira série do ginásio. Acabei me especializando em quarta série.
Pai diz cada uma. Isto aconteceu quando eu dava aula no Malatrazi. O Diretor exigia que entrássemos em contato com os pais dos alunos com aprendizagem insuficiente. Como a criança vinha de Virgílio Rocha, mandei um bilhete. Achei que seria melhor do que pedir para vir conversar comigo. Sabem o que ele respondeu? “Professora, da educação de minha filha cuido eu, da instrução, quem tem competência é a senhora! É claro que ele estava coberto de razão. Talvez ele pudesse me ajudar em algumas coisas, tipo frequência, tarefas, etc. Porém, quando o assunto não foi dominado em sala de aula, é claro que cabe ao professor reforçar o aprendizado. Não preciso dizer que guardei até hoje a resposta, como também comuniquei ao diretor. Era uma resposta que merecia uma reflexão!

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