quarta-feira, 8 de outubro de 2014

CULTO À BANDEIRA

A Ditadura no Brasil começou exatamente no ano que comecei a dar aula. A maior parte de minha vida trabalhei no Paulo Zillo. O Culto à Bandeira era uma atividade obrigatória nas escolas. Toda quarta feira, saíamos no pátio para o hasteamento da mesma e entoar os Hinos. Havia um rodízio entre as salas. A cada semana uma classe ficava responsável. Era muito solene. Nós, professores, tínhamos que achar um tema, desenvolvê-lo com as crianças e apresentá-lo na quarta-feira, diante de toda a escola.Geralmente, aproveitávamos o próprio símbolo da Pátria. Nada ficava sem aprender: o idealizador da Bandeira, o significado das cores, o lema, as estrelas e os Estados que representavam, o uso correto da Bandeira, proibições, enfim, esmiuçávamos o regulamento inteiro. Ganhavam as crianças, ganhávamos nós, em conhecimento, em civismo. A INCINERAÇÂO DAS BANDEIRAS, nos quartéis ou nos Batalhões da Polícia Militar, só podia ser feita no dia da Bandeira, dia dezenove de novembro. Quando isto acontecia, as escolas eram convidadas. As Bandeiras eram incineradas quando estavam em mau estado, rasgadas, desbotadas, etc.
Lembro-me de um dos cultos à Bandeira que eu fiz com meus alunos, bem antes de sairmos do Elisa de Barros. O tema era Bandeiras do Mundo. É claro que escolhemos apenas algumas. Meu objetivo era ensinar as crianças a entoar alguma canção em outra língua, como também alguns cumprimentos. Estava começando o meu trabalho, a minha carreira. A motivação era grande. Itália, França, Inglaterra, Espanha, que eu me lembre, foram os países selecionados. Aproveitando uma quadrinha muito popular que dizia: ”Uma pulga na balança deu um salto e foi parar lá na ... As crianças completavam: ITÁLIA. Repetia a quadra e introduzia outro país, até esgotar todos. Anunciado o país, lá vinham alguns conhecimentos sobre o seu povo, costumes, língua, etc. Nesse culto, as crianças aprenderam como se diz Bom Dia em Italiano, em Francês, em Inglês, em Espanhol, etc. O mais bonito foi ouvi-las cantar em francês “Frére Jaques”. Os cultos aconteciam toda quarta- feira. Eram verdadeiras festas cívicas.

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