quarta-feira, 1 de outubro de 2014

MISSA DO GALO

Um fato puxa o outro. Falando da Procissão da Sexta Feira Santa, me lembrei também da MISSA do GALO. Acontecia a mesma movimentação da zona rural para a cidade. Sempre morei na rua Doutor Antônio Tedesco, por onde desciam os caminhões lotados de gente na carroceria ou os tratores com suas carretas. As famílias vinham completas, só não vinham os cachorros. A missa era rezada exatamente à meia noite. A Igreja ficava lotada. Era gente espremida nos bancos que não acabava mais. O povo da roça, o povo da cidade, eu só não entendia porque era chamada de MISSA DO GALO. O mais engraçado era que nem todos conseguiam ficar acordados. Muitos assistiam à missa dormindo!
Fui crescendo, as mudanças foram acontecendo, e a Missa do Galo ficou só na lembrança. É claro que até hoje é rezada. O Nascimento de Jesus jamais deixará de ser festejado com todas as honras que lhe são devidas. O povo da roça hoje mora na cidade, os meios de transporte se modernizaram. A tradicional Ceia de Natal se popularizou, roubando os fiéis da Igreja, que, por sua vez, tenta se adequar às novas circunstâncias. A Missa do Galo deixou de ser rezada à meia noite, passou a ser celebrada mais cedo, mas o NATAL continua a ser  o maior presente de Deus para a humanidade, nos trouxe Jesus. Das lembranças que guardo de minha infância, o PRESÉPIO que minha avó Carmela montava é uma das mais bonitas. Não tinha nada de sofisticado, mas o encantamento diante dele não tem palavras que descrevam. Diante daquelas toscas figuras, aprendemos, ou melhor, APREENDEMOS a essência da nossa fé. O carinho e o zelo com cada pecinha, a ternura com que falava de cada personagem, os pastores, os animais, o monjolinho, as casinhas, o riozinho feito de espelho, os patinhos nadando, a gruta tosca onde nasceu JESUS, a SAGRADA FAMÍLIA, tudo era transmitido a nós com o maior carinho, por tradição oral. Minha avó era descendente de italianos e era analfabeta.  Mas nunca se intimidou com nada. Dizia sempre: Quem tem boca vai a Roma! Passou dos noventa anos. Era uma contadora nata de histórias! Com certeza está nos céus, rodeada de anjos, contando histórias para eles.

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