Certa vez, conversando com o Monsenhor Carlos, disse que
tinha saudades da procissão da Sexta- Feira Santa, quando o povo saía às ruas
para acompanhar a Procissão do Enterro de Jesus. No meu tempo de criança, a
Sexta-Feira Santa era respeitadíssima. O silêncio era observado. Não se ligava
o rádio. O jejum e a abstinência de carne eram essenciais. Na família de minha
avó paterna, não se comia nem tomava produtos de origem animal. Não era permitido
o trabalho. Não se varria a casa, não se lavava roupas, etc. O café era moído
na véspera porque não podia girar a manivela do moedor de café. Meu pai nunca
deixou de acompanhar a PROCISSÃO DO ENTERRO. Usava terno. Era muito solene. Uma
coisa que me marcava muito nessa procissão, era a banda, que seguia logo atrás
do ESQUIFE. Tocava músicas fúnebres, que nos deixava imersos no clima da PAIXÃO
DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, isto sem falar no canto da Verônica, que eu
acredito, já era entoado pela Dona Antonieta. O percurso era longo. Passávamos
pela Rua Quinze quase inteira antes de retornar para a Matriz. Os bares,
respeitosamente, fechavam suas portas. Ouvir a pregação, entrar na igreja após,
beijar o Senhor Morto, tudo isso era um ritual observado por todos os
católicos. Guardávamos silêncio até ARREBENTAR A ALELUIA. Isto acontecia no
sábado ao meio dia. Minha avó fazia a gente se ajoelhar e beijar o chão. Os
sinos repicavam alegremente. As crianças gostavam muito da malhação do Judas.
Era comum a cidade amanhecer com bonecos pendurados nos postes, simbolizando
JUDAS, o traidor de JESUS. Eles eram malhados até não sobrar nada. Há muitos
lugares que conservam esta tradição.
Diz o padre Reginaldo Manzotti em todo final de seu programa
no rádio: EVANGELIZAR É PRECISO! Não importa a forma como evangelizamos, o que
importa é o testemunho que damos de nossa fé, o exemplo. Foi assim que nos
formaram!
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