Não consegui todas as cópias das atas de minha turma do curso ginasial.
O que percebi foi que todo ano se mexia na classe. Não sei qual era o critério.
Agora me deparo com uma classe feminina, com pouquíssimas alunas, apenas
dezesseis. A escola do “Quitinho”, “Francisco Garrido”, atraía os meninos, pois
dava a formação direcionada para o comércio. Era conhecida como Escola de
Comércio e também oferecia o curso noturno. Era outra opção para quem queria
fazer contabilidade para trabalhar em escritório, ou prestar concurso para
banco. Talvez isto explique a evasão dos meninos. Nós, meninas, ficamos firmes
no curso ginasial, pois queríamos ser professoras. O Colégio das Irmãs, de
Agudos, que funcionava em regime de internato, também era uma opção. Para poder
frequentá- lo, era preciso ter dinheiro. Tenho várias amigas que estudaram lá e
contam histórias incríveis do que aprontaram na época, mas se tornaram
excelentes profissionais. Entre as dezesseis alunas desta segunda série
feminina, encontro uma, que a partir de então, tornou-se uma amiga
muito especial. Trata-se da Odila Moreira de Souza. Éramos como duas irmãs.
Frequentava a sua casa e ela a minha. Estudávamos juntas. Sua família era muito
legal. Quero falar um pouco de cada um de seus membros, começando pelos seus
pais: D. Lázara e S. João. D. Lázara era da família Bernardes, irmã do S.
Luciano, do S. Nelson e outros. Os Bernardes eram de temperamento forte e muito
engajados na política. Na minha casa, não se falava tanto de política, o máximo
que lembro era que a família dos Cavassuti era ademarista roxa e palmeirense.
Eu sempre afirmei que em política e religião, cada um com sua opinião, mas
também éramos ademaristas e palmeirenses. D. Lázara não tinha nada a ver com
minha mãe, era completamente diferente. Na época de eleição, seu sangue fervia.
Saía às ruas e, quando encontrava papos que afinavam com suas ideias, voltava
entusiasmada, do contrário, virava um leão. S. João, ao contrário, era de
temperamento muito tranquilo, era um paizão, muito amoroso. Tenho na lembrança
seu jeito calmo de providenciar as coisas. Muitas vezes dormi em sua casa,
principalmente quando tinha que estudar História. Eu e a Odila levantávamos de madrugada,
e assim que o padeiro passava e deixava o pão, a mesa era posta, fazíamos um
brevíssimo intervalo para comer e de novo continuar. S. João nos acompanhou por
muito tempo nessa rotina de pai zeloso, mas faleceu bem antes de D. Lázara. A
“guerreira e incansável batalhadora”, D. LÁZARA, viveu muitos anos cercada pela
enorme família que constituiu, mas não viveu para saborear o maior trunfo
político de sua vida: VER SUA NETA, ISABEL CRISTINA CAMPANARI LORENZETTI,
ELEITA PREFEITA DE LENÇÓIS PAULISTA. Conheci todos os filhos de D. Lázara. Meu
carinho para a Gertrudes, mãe da Bel, Mercedes, Zezé, Aparecida, Odila, Divino,
Pedrinho e Cacá. Alguns já “in memorian”. Odila, minha grande amiga, tornou-se
professora como a maioria de nós. Casou-se com o Geszer, foi para São Paulo e,
raramente nos vemos. Tenho sempre notícias através de suas irmãs. O Antonio
Carlos, o Cacá, também se dedicou à Educação. Tornou-se escritor e já lançou
livros aqui em Lençóis. D. Gertrudes tem seu nome ligado ao Hospital Nossa
Senhora da Piedade, pelo trabalho voluntário que ali faz. Gertrudes e Mercedes
também são muito engajadas nas pastorais de nossa igreja. Esta família continua
participando ativamente da História do Município. Dona Lázara e Seu João
sorriem agradecidos lá do alto, abençoando a todos. Amém.
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