domingo, 28 de setembro de 2014

O MILAGRE DA VIDA

Da Fazendinha para o Segundo Grupo Escolar de Lençóis Paulista. Deste, para o Antonieta Grassi Malatrasi, e, finalmente, Esperança de Oliveira. Já em final de carreira dá-se o meu reencontro com a Alice, a menininha da foto. Agora, mulher feita, Professora Efetiva, casada, mãe de duas filhas: Daniela e Débora. A história se repete. Agora seria professora de suas filhas. Sempre tive predileção por quarto ano. Alice se tornou especialista em alfabetização, primeiro ano. Leoni recebia os alunos da Alice no segundo ano. Miria recebia, por sua vez, os alunos da Leoni no terceiro ano. Finalmente, chegavam ao quarto ano, e durante um ano eu os preparava para a quinta série. Nosso trabalho era muito bonito e reconhecido. Éramos muito profissionais. As histórias brotam em minha cabeça. Fico ansiosa. Espero não decepcionar ninguém quando relato tantas lembranças. Peço desculpas por alguma falha. Agora mesmo sei que cometi uma. Eu, a Alice, a Miria e a Leoni não éramos as únicas professoras no Esperança, éramos apenas muito unidas em nosso  trabalho.
Daniela, a filha mais velha da Alice, foi quem passou primeiro pelas minhas mãos. Nossas classes eram sempre muito numerosas, trinta e oito alunos ou até mais. Cheguei a ter salas com mais de quarenta. Como a mãe, era aluna exemplar. Destacava-se em todas as matérias. Cadernos muito caprichados, caligrafia perfeita, enfim, tudo lembrava a menininha da foto. Tenho na memória o lugar que ocupava na sala de aula, na fileira lateral, quase no fundo. Daniela era de estatura alta. Geralmente colocava os mais altos nas laterais para não impedir a visão dos menores.
Plantas era o assunto que estávamos estudando. No fundo da sala havia o Cantinho de Ciências, onde fazíamos nossas experiências. Estudando as plantas podíamos experimentar tudo. Era muito legal. Em meio a tantas experiências, eis que surge a Daniela com alguma coisa em suas mãos, dizendo: Minha mãe mandou perguntar se a senhora se lembra disso? O que Daniela trazia em suas mãozinhas com tanto cuidado?  Eram sementes da Ficheira, a àrvore que produzia as fichas que usávamos para contagem, lá na Fazendinha, quando sua mãe era criança. Propus à Daniela que a plantássemos para vê-la germinar. Nem eu acreditava que isso pudesse acontecer. A semente era tão dura, seca! Para nossa surpresa, um belo dia, o milagre da vida aconteceu! Cuidamos da nova plantinha com o maior carinho até ser levada para o lugar de onde veio a semente. Foi uma experiência maravilhosa!

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