Da Fazendinha para o Segundo Grupo Escolar de Lençóis
Paulista. Deste, para o Antonieta Grassi Malatrasi, e, finalmente, Esperança de
Oliveira. Já em final de carreira
dá-se o meu reencontro com a Alice, a menininha da foto. Agora, mulher feita, Professora
Efetiva, casada, mãe de duas filhas: Daniela e Débora. A história se repete.
Agora seria professora de suas filhas. Sempre tive predileção por quarto ano.
Alice se tornou especialista em alfabetização, primeiro ano. Leoni recebia os
alunos da Alice no segundo ano. Miria recebia, por sua vez, os alunos da Leoni
no terceiro ano. Finalmente, chegavam ao quarto ano, e durante um ano eu os
preparava para a quinta série. Nosso trabalho era muito bonito e reconhecido.
Éramos muito profissionais. As histórias brotam em minha cabeça. Fico ansiosa.
Espero não decepcionar ninguém quando relato tantas lembranças. Peço desculpas
por alguma falha. Agora mesmo sei que cometi uma. Eu, a Alice, a Miria e a
Leoni não éramos as únicas professoras no Esperança, éramos apenas muito unidas
em nosso trabalho.
Daniela, a filha mais
velha da Alice, foi quem passou primeiro pelas minhas mãos. Nossas classes
eram sempre muito numerosas, trinta e oito alunos ou até mais. Cheguei a ter
salas com mais de quarenta. Como a mãe, era aluna exemplar. Destacava-se em
todas as matérias. Cadernos muito caprichados, caligrafia perfeita, enfim, tudo
lembrava a menininha da foto. Tenho na memória o lugar que ocupava na sala de
aula, na fileira lateral, quase no fundo. Daniela era de estatura alta.
Geralmente colocava os mais altos nas laterais para não impedir a visão dos
menores.
Plantas era o assunto que estávamos estudando. No fundo da
sala havia o Cantinho de Ciências, onde fazíamos nossas experiências. Estudando
as plantas podíamos experimentar tudo. Era muito legal. Em meio a tantas
experiências, eis que surge a Daniela com alguma coisa em suas mãos, dizendo:
Minha mãe mandou perguntar se a senhora se lembra disso? O que Daniela trazia
em suas mãozinhas com tanto cuidado? Eram
sementes da Ficheira, a àrvore que produzia as fichas que usávamos para
contagem, lá na Fazendinha, quando sua mãe era criança. Propus à Daniela que a
plantássemos para vê-la germinar. Nem eu acreditava que isso pudesse acontecer.
A semente era tão dura, seca! Para nossa surpresa, um belo dia, o milagre da
vida aconteceu! Cuidamos da nova plantinha com o maior carinho até ser levada
para o lugar de onde veio a semente. Foi uma experiência maravilhosa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário