sábado, 20 de setembro de 2014

ALBERTO REZENDE, INSPETOR ESCOLAR

Em 1.964, quando comecei a dar aula, além da figura do diretor, havia a do inspetor escolar. O diretor de escola, segundo palavras do Diretor Aposentado Edo Jesus Coneglian, tinha a função de fazer cumprir o Regimento Escolar. Pude experimentar o quanto ele foi fiel a isso. E o que definia bem o papel do Inspetor Escolar era fiscalizar o cumprimento do Regimento. Quem pensa que trabalhar longe da vista de um ou de outro favorecia o descaso com o cumprimento dos deveres, está redondamente enganado. Vou descrever como éramos surpreendidas em sala de aula, na zona rural, com a chegada do inspetor. Ele nunca avisava o dia da visita, quando percebíamos, já estava dentro da classe. O carro que o trazia ficava estacionado bem longe da escola. Ele vinha sorrateiramente à pé. Ao penetrar os umbrais da escola, cumprimentava o professor e os alunos, e em seguida inspecionava tudo. Quando saía, pedia o livro de Termo de Visita para escrever a Ata da Visita. Suas atas começavam sempre assim “Ao adentrar os umbrais desta escola...”. Deixava atas minuciosas, descrevendo tudo que havia constatado: escrituração escolar, planejamento das aulas, material didático, cadernos dos alunos, orientações pedagógicas, etc. Quando encontrava tudo certo, fazia termos maravilhosos. Outro dia, em Bauru, passei por uma rua com o seu nome. Preciso pesquisar se realmente esta homenagem foi prestada a ele.
Se Jânio Quadros teve um sósia, com certeza foi o Seu Alberto Rezende. Mesma estatura, mesmo físico, até os óculos que usava! Porém, só na aparência. Vou contar um caso que aconteceu numa das visitas de Seu Alberto. Era início de ano, estava trabalhando o Sistema de Numeração Decimal com o segundo ano. Para fazer os agrupamentos de dez em dez, formando as dezenas, pedia às crianças que cortassem pauzinhos de plantas, representando as unidades. Estávamos exatamente nesse processo, quando ele chegou para uma visita. Ele ficou tão empolgado com a facilidade das crianças trabalhando as dezenas, que imediatamente entrou na aula e conversando com elas, lançou a pergunta: se cada dezena é um feixinho desse tamanho, qual será o tamanho da centena? Sem titubear, o menorzinho deles juntou as mãos e formou um círculo com os braços! Claro, formar uma centena com pauzinhos cortados no mato, só podia dar uma braçada. Seu Alberto ficou encantado. José Plácido era o nome desta criança esperta, inteligente, que não admitia ser corrigida. Por causa de seu temperamento difícil, até conhecê-lo melhor, passei um tremendo sufoco. Certa vez, fugiu da sala de aula e embrenhou-se canavial adentro. Não foi fácil trazê-lo de volta. José Plácido, um pedacinho de gente, que até hoje ocupa um lugar no meu coração! Na verdade, cada aluninho que conheci lá, deixou lembranças lindas. Valeu! Faria tudo de novo.

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