terça-feira, 21 de outubro de 2014

FEIJOADA NA ESCOLA? POR QUE NÃO?

Todo ano, por tradição, era promovida uma senhora feijoada no Paulo Zillo. Era um acontecimento grandioso, realizado no galpão da escola. Nunca descascamos tanta laranja na vida, nem lavamos e picamos tanta couve! Além da preparação, cuidávamos dos mínimos detalhes relacionados à arrumação das mesas. A cada ano, renovávamos o nosso avental. Nesse dia, deixávamos a sala de aula e nos transformávamos em cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, garçonetes, etc. Não preciso dizer que a nossa feijoada ganhou fama e, todo ano, as adesões eram disputadíssimas. Eu não tinha o hábito de comer feijoada, mas a partir de então, peguei o gostinho. Hoje ela não falta na mesa de casa. Se não me engano, havia até a popular caipirinha de aperitivo. Era lindo ver o galpão arrumado, pronto para receber o pessoal. Lembro que caprichávamos muito na hora de dispor pratos, talheres, copos, guardanapos. Teve um ano que a mesa ficou linda. Sempre tinha alguém com uma ideia diferente. Nesse ano, dobramos o guardanapo de modo a formar um pequeno cone. Nele introduzimos um raminho de uma flor delicadíssima e muito colorida. O efeito foi maravilhoso.
Lembro-me de duas pessoas muito especiais na época: Seu Lídio Ferrari e Dona Mariquinha. Seu Lídio e as rosas, Dona Mariquinha e a merenda. De uma cozinha pequenina saíam as delícias saboreadas pelos alunos. Cada “panelão”! Dona Mariquinha tinha uma postura marcante, sempre muito bem vestida, com seu avental impecável, semblante sereno. Gostava mesmo do que fazia. Lembro-me também da vaca mecânica para produzir o leite de soja. Na época, tinha sabor muito forte. Não foi do agrado das crianças. A experiência de produzir o leite na escola não deu muito certo. Depois de décadas, centralizou-se a produção da merenda. Hoje temos a conceituada Cozinha Piloto do Município. É dela que sai toda merenda para as escolas de Lençóis.
Dona Mariquinha e seu Lídio já faleceram. Deixaram saudades. Quando olho para a Miria, sua filha, surge a mesma figura doce, bondosa, prestativa. Herdou de sua mãe o dom de pilotar, como ninguém, um fogão. Nas festas beneficentes todo mundo quer o pastel da Dona Miria. Que Deus lhe dê vida longa para poder servir sempre!

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