Quando não ia aos domingo para lá, chegava na segunda para
almoçar. Dona Palma, prendada como era, tinha caprichado no almoço do dia
anterior. Sempre sobrava alguma coisa para a segunda, principalmente, carne assada. Uma carne que eu nunca
havia comido era carne de pato. Foi lá que experimentei pela
primeira vez. Era uma carne mais rígida e mais escura que a carne de frango.
Nunca pediram a minha opinião. Embora não tivesse apreciado muito, não me
atreveria a falar nada, pois Dona Palma era muito enérgica. Seu Diogo era muito
engraçado. Quando ela preparava abobrinha, ele sempre dizia: - Sabe Zuleika, o
melhor jeito de preparar abobrinha é
recheada com carne moída. Dá trabalho, mas depois de pronta, você retira
todo o recheio e come, o resto, você joga no rio! No final da semana,
geralmente na sexta, Dona Palma fazia a fornada
de pão para a semana. O pão era guardado em latas fechadas. Que delícia de
pão! A mesa era farta. Tudo era produzido lá. O porco criado no chiqueirão
fornecia praticamente tudo: a banha para cozinhar, a mistura (carne, linguiça,
chouriço, torresmo, pururuca, etc.) isto sem falar no sabão. As frutas vinham do pomar, as hortaliças e legumes da horta. Seu Paschoal tinha uma plantação de jabuticabeiras, que faziam
a delícia de todo mundo na época da fruta. Quem morava na cidade gostava de
fazer visita aos domingos. A hospitalidade era uma virtude comum. As crianças,
principalmente, tinham muito o que ver. Como são grandes os ovos de pato! Eu vi
nascer ninhadas de patinhos. Como era lindo vê-los acompanhando a mãe. Próximo à
casa de Seu Diogo havia um córrego e uma mina. Quando Dona Pata resolvia
passear, levava seus filhotes para lá. Era um deleite ver a alegria dos
pequeninos, amarelinhos como gema de ovo, nadando no rio. Há poesia maior do
que a natureza? Foi um ano e meio morando lá. Quantas lembranças!
Nenhum comentário:
Postar um comentário