Raramente saio às ruas
durante o dia. Porém, segunda passada, a necessidade me obrigou. Tive que ir ao
médico e, na volta, uma feliz surpresa. Eis que alguém muito especial para mim
me chamou. Dela recebi dois calorosos abraços em agradecimento pela página que
publiquei em meu blog, falando de sua mãe, a professora Lilah. Esta pessoa se
chama Cássia, a nossa querida artista, Cássia Rando, muito conhecida pela arte
que produz e dona de uma sensibilidade fora de série. Sua mãe, a Lilah, minha
querida amiga e colega de trabalho por anos a fio, emocionou-se até as lágrimas
ao ouvir a página que dediquei a ela em meu blog. Cada vez que recebo um
comentário a respeito do que escrevo, fico muito feliz, porque sei que estou
alcançando meus objetivos, ou seja, homenagear pessoas que fizeram em suas
vidas somente o bem, principalmente, como profissionais da educação. Foi o caso
da Lilah. Embora com pressa, me detive algum tempo conversando com a Cássia.
Emocionei-me também com o lindo presépio montado logo na entrada de sua
“escolinha de arte”. Cássia, referindo-se a minha memória, disse que não se
conforma como eu tenho vivas as lembranças e que eu tenho memória fotográfica.
Respondi-lhe que não é fotográfica, mas sim afetiva. Guardo na lembrança,
vivamente, tudo aquilo que me tocou positivamente. Quero continuar contagiando
as pessoas relatando boas lembranças, envolvendo-as num clima que neutralize um
pouco o “barulho” produzido pelo nosso mundo atual e permita curtir de uma
outra forma os novos tempos. Eu tenho dificuldade de dominar toda essa
tecnologia digital, porém, encontrei dentro da mesma, um recurso para continuar
a fazer coisas que me dão prazer.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
2014 – INTERROMPIDA, DEPOIS DE QUATRO DÉCADAS, A CAMPANHA DAS MADRINHAS DE NATAL DO LAR DA CRIANÇA DONA ANGELINA ZILLO - SAIBA O PORQUÊ
Causou estranheza para muitos a ausência do
tradicional convite para ser Madrinha de Natal de uma das crianças do Lar D.
Angelina Zillo. Procurei pela responsável do mesmo, Irmã Lídia, que prontamente
me acolheu e agradeceu por ajudá-la a justificar a interrupção da campanha
neste ano. É claro que a maior parte da comunidade onde está inserido o Lar da
Criança sabe da grande reforma que a Comunidade das Franciscanas está levando a
frente, com o intuito de atender cada vez melhor as crianças ali acolhidas. Com
um trabalho de formiguinha, de tempos em tempos, somos surpreendidos com
inaugurações, Porém, somente elas e seus fiéis colaboradores sabem dizer os
apuros financeiros para atingir seus objetivos. O Jornal Voz Católica trouxe
uma matéria muito bonita sobre a inauguração da capela. Muito feliz, Irmã Lídia
falou que no ano que vem teremos missas diárias às 6h30. Lembrei-me com
saudades do tempo em que tínhamos, na Matriz, diariamente, a missa às 6h da
manhã. Que bom, mais uma opção para a comunidade católica de Lençóis. Toda
feliz, Irmã Lídia contou que o Lar da Criança já tem registro no MEC como
Escola de Educação Infantil. Portanto, é uma escola reconhecida, com regimento
próprio. Quem é da área da educação sabe como é difícil o reconhecimento e as
exigências. Parabéns à Congregação das Franciscanas, que mantém escolas e
colégios de alto nível em várias localidades do Brasil. Justamente pela
necessidade de atender melhor as crianças, adaptando todos os espaços
necessários ao seu desenvolvimento, é que neste ano ficou inviável a festa.
Irmã Lídia disse que será mantido aquele encerramento com um almoço
diferenciado, cheio de surpresas. Para o ano que vem, a campanha será
repensada. Tudo vai depender do que acontecerá ao longo de 2015. Só podemos
desejar muito sucesso para a Irmã Lídia, responsável neste momento pela sua
administração. Um Feliz e Santo Natal a todos e um agradecimento especial a
todas as Madrinhas de Natal, que ao longo de quatro décadas, se mantiveram
fiéis!
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
O PIPOCAR DAS CAMPANHAS DE NATAL - QUINTA PARTE
Com o passar dos anos,
minhas madrinhas de natal foram crescendo profissionalmente. Quem tinha apenas
o Curso Normal, foi buscar formação superior. Os concursos públicos foram
acontecendo. A Legislação da Educação trouxe novas exigências com relação à
educação infantil. As creches foram se tornando uma realidade para atender os
filhos de mães que trabalham. Grande parte de nossas professoras madrinhas,
desejosas de fazer carreira, prestaram concursos públicos e foram trabalhar nas
escolas de educação infantil como Diretoras e, também, responsáveis por
creches. Já em seus novos cargos, lançaram o mesmo movimento nos seus
estabelecimentos de ensino. A partir de então, praticamente todas as crianças,
independente de sua condição social, tinham garantida a sua caixa de natal. No
início foi tudo bem. Mas os mesmos problemas que enfrentamos no Lar da Criança,
agora se repetiam nas creches, sem falar que para não dizer não, muitas madrinhas
de natal assumiam mais que um afilhado. O gesto de generosidade, antes feito
com tanto amor e desapego, começou a pesar. Os problemas foram se agravando e,
em pouco tempo, o movimento de madrinhas de natal nas creches chegou ao fim. O
único que sobrevive até hoje é o do LAR NOSSA SENHORA DOS DESAMPARADOS, que tem à frente
minha grande amiga e companheira de jornada MARIA ÂNGELA TRECENTI CAPOANI.
Desde que o movimento nasceu no Lar da Criança, sempre assumiu uma criança para
ter como afilhada de Natal. Foi a Ângela que teve a iniciativa de introduzi-lo
no asilo. Desde então, assumi uma afilhadinha de Natal, hoje com 102 anos.
Quando aceitei ser sua madrinha, disse que seria madrinha dela enquanto ela
vivesse. Ela se chama Dona Sebastiana. Deus lhe deu a graça de uma vida longa.
Embora não esteja mais lúcida, foi sempre muito feliz, vaidosa, gostava de se
enfeitar, de se arrumar, de se perfumar. Hoje está numa cadeira de rodas e
recebe os cuidados das queridas irmãzinhas do asilo. É uma chama que permanece
acesa nos seus 102 anos. Que Deus a abençoe sempre!
sábado, 13 de dezembro de 2014
PADRONIZAR OU NÃO AS CAIXAS DE NATAL? - QUARTA PARTE
Os anos foram
passando, a campanha de Natal foi ganhando novas formas. O objetivo era tão
nobre, e a generosidade das madrinhas tão grande, que oferecer para as crianças
apenas a roupinha nova de Natal era pouco. Com isso, novos itens foram
acrescentados. Por que não colocar um brinquedinho, uns docinhos? Que tal um
boné para os meninos, uma pulseirinha para as meninas? E assim a caixa começou a
crescer. Era impossível conter a generosidade das madrinhas. É claro que, a
partir desse momento, os problemas começaram a surgir. As caixas, ou os pacotes,
começaram a ficar de tamanhos diferentes, uns maiores, outros menores, e houve a inevitável comparação.
Passamos a conscientizar os pais da necessidade de só abrir as caixas ao chegar
em casa. Era um pequeno sacrifício que estávamos oferecendo a Jesus. E assim
foi. Como padronizar um presente oferecido com tanto carinho para uma criança?
Cada um tem seu jeito de expressar a sua generosidade. O gesto para mim sempre
foi mais importante do que o conteúdo da caixa. Quem põe altas expectativas nas
cabecinhas das crianças são os adultos. Quem contamina a pureza delas são os
próprios pais, que colocam o valor material acima de tudo. Este fato fez com
que buscássemos alternativas para que, pelo menos exteriormente, as caixas
fossem todas iguais, diminuindo o impacto da comparação pelo tamanho. Quem nos
socorreu nesta tentativa por uns dois anos, foi a Indústria Orsi. As madrinhas
não gostaram da iniciativa e voltamos a permitir que cada uma colocasse o
presente da forma que lhe aprouvesse. Por que a ideia não deu certo? Porque
estávamos interferindo na liberdade da madrinha externar a delicadeza de seu
gesto, na confecção do pacote. Realmente, havia embalagens que eram verdadeiros
presentes. Era uma festa para os olhos!
Nos primeiros anos da
campanha, eu recebia as caixas em minha casa. Só levava para o Lar no dia da
festa. Eu vibrava com a chegada de cada uma. Com isso, tinha oportunidade de
agradecer pessoalmente cada madrinha e reforçar o convite para a festa de
entrega. Poucas madrinhas passaram pela experiência de presenciar a entrega. Quem
foi alguma vez, se emocionou muito.
Meus filhos foram se
envolvendo de tal maneira com o meu trabalho, que acabaram me dando trabalho.
Eram muito novos para entender que havia caixas para tantas crianças, e não
havia para eles. Para contornar a situação, eu tive que fazer caixas para eles
também, até entenderem o processo. Claro que a madrinha era sempre eu.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
A FESTA DE NATAL IDEALIZADA PELA IRMÃ MARIA ANTONIETA - TERCEIRA PARTE
Enquanto eu fazia os
contatos por telefone, as funcionárias do Lar da Criança levantavam os dados
para fornecer para as madrinhas, ou seja, o tamanho da roupa e o número do
calçado. No início da campanha, o mais importante era vestir a criança para a
missa de Natal. Era um objetivo totalmente voltado para a parte religiosa. Como
a maioria das madrinhas eram professoras e também tinham filhos pequenos,
dávamos a ela a oportunidade de colocar na mesma caixa, roupas usadas em bom
estado de uso, de seus filhos, assim como calçados. Eram tantas crianças, que
conseguíamos unir o útil ao agradável. Foi assim por algum tempo.
Além de fazer o
contato telefônico, com posse dos dados fornecidos pelo Lar, com a ajuda do
mimeógrafo, eu fazia as cartinhas e entregava pessoalmente nas casas. Esse
trabalho era feito à noite, com a ajuda de meu marido, sempre com meus filhos
junto. No começo tinha apenas a Cássia. Depois veio o Evandro, o Fernando e por
último a Viviane. Os quatro filhos acompanharam todo o processo ao longo dos
anos. Minha maior alegria foi quando, já crescidos e empregados, também
adotaram Afilhados de Natal.
Enquanto eu fazia a
minha parte, as Irmãs do Lar preparavam com as crianças a festa para receber o
tão esperado presente. Eram números lindos, preparados com muito amor. Eram
cantos alusivos ao Natal, encenações, homenagens. O momento mais alto era a
encenação do Nascimento de Jesus. Geralmente, a festa era marcada bem próxima
do Natal. Todas as famílias das crianças compareciam. Era um momento muito
familiar, muito forte. A emoção tomava conta de todos. Nunca conseguimos a presença das madrinhas
para fazer a entrega pessoalmente. Muitas preferiam o anonimato, outras, devido
à compromissos, se esquivavam, mas as caixas que chegavam demonstravam com
quanto carinho haviam sido feitas. Os olhinhos faiscavam intensamente durante
toda a festa, ansiosos pelo momento da entrega. A curiosidade era tanta, que ao
recebê-las, abriam ali mesmo. Ficávamos muito felizes, por vê-las tão felizes.
Nunca deixei de comparecer. Tinha o dever moral de representar minhas queridas
Madrinhas de Natal. Como havia sempre um cartão da madrinha para a criança,
muitas conseguiam descobrir de quem haviam recebido o presente. E assim foi por
muitos anos.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
O SONHO DA IRMÃ MARIA ANTONIETA - SEGUNDA PARTE
O grande objetivo da
Campanha de Natal lançada pela Irmã Maria Antonieta de Mello era que cada
Madrinha desse de presente, para seu afilhadinho, a roupinha nova para ir à
missa no Dia de Natal. Era um objetivo totalmente voltado para a grande festa
do NASCIMENTO DE JESUS. Era tão terno, que a pessoa convidada, dificilmente,
recusava o convite. O primeiro passo seria elaborar uma lista de Madrinhas, com
seus respectivos telefones, e fazer o convite. Por anos a fio, mais ou menos
dois meses antes do Natal, por noites seguidas, eu ia fazendo as ligações. Com
o passar dos anos, as madrinhas que se mantiveram fiéis, ao atender a minha
ligação, já sabiam que eu estava anunciando o Natal das Crianças do Lar. Muitas
vezes, não precisava nem completar o pedido, eu já ouvia um sonoro SIM. O que
ficou na minha lembrança era o desejo da grande maioria, um afilhadinho bem
pequenininho, como se fosse o próprio Menino Jesus. É claro que nenhuma
criança, independente da idade, sexo, filiação, ficou sem madrinha. Enquanto
Irmã Maria Antonieta permaneceu em Lençóis, teve a satisfação de ver a
sementinha por ela plantada, germinar, dar muitos frutos, colocando no coração
de todos o verdadeiro sentido do Natal. Chegou o dia de Irmã Antonieta ser
transferida de Lençóis para Bernardino de Campos. Sempre nos mantivemos
ligadas. Trocávamos correspondências. Nunca deixou de responder nenhuma de
minhas cartinhas. Guardo-as até hoje. Todo Natal, depois da festa, escrevia e
descrevia como havia sido a festa. Ela respondia feliz e sempre orava por mim e
pela minha família.
Do Lar da Criança
Dona Angelina Zillo, ela foi transferida para o Asilo de Bernardino de Campos.
Próximo do Natal, no mesmo ano em que lá chegou, arregaçou as mangas e iniciou
a mesma Campanha de Natal, só que direcionada para os Velhinhos do Asilo.
Enquanto viveu, manteve essa garra. Foi uma incansável guerreira. Quem ouve a
descrição de seus feitos, imagina uma pessoa jovem, de físico robusto, olhar
autoritário, sempre disposta a conseguir seus objetivos. Está completamente
enganado. Era um tipo mignon, baixinha, miudinha, de idade avançada, serena,
suave, terna, mas de um vigor a toda prova. Guardo e vou publicar algumas
mensagens que ela me enviou. Era muito prendada. Fazia os próprios cartões que
mandava. Pintava e desenhava no papel vegetal. Quanta delicadeza nos seus
gestos. Nas cartinhas que me enviava, colava figurinhas, mandava santinhos,
orações e sempre pedia pela padroeira do Lar. De Bernardino de Campos, Irmã
Antonieta ainda foi transferida para Sorocaba. Já com idade bastante avançada,
foi recolhida ao Anexo do Hospital de Lindóia, cuidado pelas Irmãs de sua
congregação, as Franciscanas, para onde vão todas as Irmãs que não têm mais
condições de trabalho. De servidora, passa a ser servida por suas irmãs.
Enquanto viveu ali recolhida, fui visitá-la algumas vezes. Hoje é mais um anjo
no céu. Releio e me alimento com suas mensagens. Tenho muitas saudades dela. É
uma poderosa intercessora, junto a Deus, pela sua congregação, disso tenho
certeza!
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
UM ANJO QUE CAIU DO CÉU - PRIMEIRA PARTE
Há mais ou menos
quatro décadas, um anjo caiu do céu diretamente sobre o Lar das Crianças Dona
Angelina Zillo. Este anjo atendia pelo nome de Irmã Maria Antonieta de Mello.
Um dia, atendendo seu chamado, fui procurá-la. Quem falou de mim para ela, eu
não sei, mas fiquei muito feliz em poder ajudá-la no que ela se propunha a
fazer. Irmã Antonieta queria lançar a Campanha de Natal em benefício das
crianças do Lar. O Lar da Criança Dona Angelina Zillo sempre teve como objetivo
acolher crianças de mães que trabalham, desde bebês, até a idade escolar,
muitas vezes, até ultrapassando limites de idade. Assim, acolheu crianças desde
a mais tenra idade até dez, onze, doze anos. Por décadas, serviu às famílias.
Com muita caridade, zelo, amor, procurava suprir a ausência da família durante
o dia, recebendo as crianças logo de manhã e entregando-as no final do dia.
Tudo era cuidado com o maior carinho: as refeições, o banho, as brincadeiras, o
soninho depois do almoço, a catequese, as primeiras atividades escolares, os
cantos, etc. Eram verdadeiros Anjos da Guarda destas crianças. Voltemos ao
desejo da Irmã Maria Antonieta de Mello: ajudá-la na Campanha de Natal pelas
Crianças do Lar. O grande objetivo da campanha era encontrar uma MADRINHA DE
NATAL para cada criança do Lar. Recém-chegada em Lençóis, Irmã Antonieta
precisava de alguém que a ajudasse a procurar essas pessoas que se dispusessem
a colaborar, aceitando um afilhadinho de Natal. É claro que aceitei de
imediato, pois tinha todas as condições para realizar o seu pedido. A ideia era
linda, os contatos começariam pelas escolas, no meu ambiente de trabalho. As
madrinhas, com certeza, seriam minhas colegas de profissão, professoras, e
seriam elas também, minhas melhores auxiliares na busca de madrinhas suficientes
para a grande demanda do Lar, que nunca foi inferior a cem crianças
matriculadas.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
VÍDEO DOCUMENTÁRIO - CONVITE
No dia nove de
dezembro (terça- feira), às 19h30, a EMEF ESPERANÇA DE OLIVEIRA será palco do
lançamento do VÍDEO COMENTÁRIO que conta a história do CENTENÁRIO DA ESCOLA
ESPERANÇA DE OLIVEIRA. Assim, a escola encerra com chave de ouro as
festividades em honra aos cem anos da mesma. O vídeo é esperado com grande
ansiedade, pois trata-se de uma inovação na forma de deixar para a posteridade a história de um século de trabalho em prol
da educação. Ansiedade por parte de todos que escreveram a sua história. Com
certeza, as cenas que serão mostradas, despertarão em todos, além do sentimento
de saudade, o orgulho de ter passado por seus bancos e por grandes mestres.
Quando iniciei o meu
blog, tinha por objetivo, registrar a minha trajetória profissional. Por esse
motivo, paralelamente a tudo que estava sendo preparado, registrei todas as
minhas lembranças de aluna nesta escola querida. Berço de minha formação, por
ali passei quando fiz o primário, ali retornei como estagiária do curso normal
e como professora efetiva já em final de carreira. Só não encerrei a minha
carreira profissional na escola de minha infância, porque, tendo prestado um concurso
para diretora, tive que dizer adeus e assumir um novo cargo. Mais uma vez, quero expressar minha gratidão
aos meus primeiros professores: D. LEDA, D. ZILDA, D. CLÉLIA, D. MARIA e D.
MARIAZINHA; aos queridos diretores: S. NASCIMENTO, S. ELZO, S. SEBASTIÃO e S.
GERALDO. Saudades de meus coleguinhas de classe, que por motivos variados
tomaram outros caminhos. E a alegria de ter tido a oportunidade de conhecer e
trabalhar com grandes mestres no final de minha carreira, cuja amizade conservo
até hoje. Minha admiração por todos que tiveram a feliz ideia de comemorar o
centenário de nosso querido grupo escolar, com tão grande destaque. O passado
deve ser reverenciado. Podemos olhar para trás e fazer isso. No futuro, que
outras gerações olhem, reconheçam e reverenciem também o que construímos!
sábado, 6 de dezembro de 2014
A ÁRVORE GENEALÓGICA
Tão importante quanto visitar um museu, é construir a árvore genealógica
da família. Na minha época de criança, nós não demos a devida importância a
mesma. Que bom que hoje, ela faz parte do currículo escolar. Logo cedo, nossas
crianças descobrem dados importantíssimos da formação da família a qual
pertencem. Através da História de seus antepassados, compreendem melhor a
questão da imigração, as atividades econômicas de séculos atrás, o
desenvolvimento do país. Quando meus filhos nasceram, como toda mãe, comprei e
comecei a preencher o álbum do bebê, anotando em cada um deles, fatos
importantes de suas infâncias. As primeiras páginas eram dedicadas à árvore
genealógica: pais, avós maternos, avós paternos, etc. Hoje, na escola, vão
além, pesquisam os nomes dos bisavós, trisavós, nacionalidades, etc. E assim,
através da própria História, elas vão se inserindo num universo maior. Em
Lençóis, predomina a descendência italiana. Com a internet, a comunicação se
ampliou e a facilidade de levantar dados ficou ao alcance de todos. Quantos
descendentes de italianos descobriram familiares na longínqua Itália e se
aproximaram. Quantos conseguiram dupla nacionalidade graças a esse parentesco.
Quantos vieram conhecer o Brasil em visita a parentes e vice versa. Assim
aconteceu na minha família (Boso) e na família do Belmiro (Radichi e Cavassutti).
Era uma festa quando chegava alguém da Itália. Eles ficavam encantados com os
nossos costumes e com as belezas do nosso país. Também souberam acolher e
hospedar todos que tiveram oportunidade de ir para lá.
Passado, presente e futuro. O passado já está escrito, o presente
estamos escrevendo e o futuro está para se realizar. A proximidade com o Natal
nos enche de esperança, renovando nossas forças na construção de um mundo onde
a paz e o progresso caminhem sempre juntos. Que as gerações futuras saibam
também respeitar a História que estamos escrevendo no presente.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
CAIXAS REGISTRADORAS
Que fonte inesgotável de conhecimentos é um museu. Que oportunidade
inigualável de valorizar tudo que está a nossa volta! As crianças arregalam os
olhos, quando acompanhando-as, contamos histórias de tudo que já presenciamos
em nossas vidas e que agora são parte de um museu. No museu, foi diante de uma
Caixa Registradora que me detive. Tão antiga, mas que reluzia como se fosse
nova, e ali toda imponente, consciente de seu valor, se exibia orgulhosa de sua
utilidade em épocas passadas. Para chegar à calculadora, o homem passou por um
processo primitivo de contagem, fazendo a correspondência entre pequenos objetos
como pedrinhas, pauzinhos e quantidades de coisas que queriam contar, até que
surgissem os números. O alfabeto e os números causaram uma revolução na
humanidade! A imprensa possibilitou a preservação de nossa História, antes só
transmitida oralmente. Impressoras antiquíssimas, importadas, que fizeram
a diferença na comunicação, também estão ali, levando-nos a imaginar o trabalho
que devia dar para editar um jornal. Outra máquina que me deixou impressionada
foi um tear importado da Itália. Peça de Museu, realmente. Interessante notar
que a essência, ou melhor, o processo que faz a linha se transformar em tecido,
permanece, o homem só vai aperfeiçoando o maquinário. Do tear manual para o
tear industrial, a matéria prima é a mesma, é o fio se transformando em tecido.
Do fio produzido pelo bicho da seda até o fio de garrafas pet, tudo se
transforma em tecido no tear.
Quando Deus criou o homem, dotou-o de uma inteligência sem limites. E
assim a humanidade é desafiada a dar sempre mais um passo, que nunca será o
último. Isto é evolução.
Quando a calculadora de bolso começou a virar moda, fiquei muito
revoltada com a sua utilização pelas crianças. Muitas já tinham dificuldade na
matemática, agora estimuladas pelos adultos, começavam a usar a mesma para
conferir resultados de operações passadas como tarefa. A rapidez com que
aprenderam a utilizá-la, levou-as a concluir que fazer operações era perder
tempo. Ela resolvia tudo em segundos. Para saber utilizar a ferramenta é
preciso um alicerce bem feito. De que vale ter a mais moderna calculadora se
desconheço como devo raciocinar e operar para chegar ao resultado que quero?
Daí a importância do ensino de Matemática, passando por todas as etapas, até
que os principais conceitos sejam assimilados.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
ALÔ, QUEM FALA?
Há poucos dias vi na
televisão uma reportagem sobre os orelhões. Na cidade de São Paulo já foram
reduzidos praticamente à metade. Perderam a sua função, além da sua manutenção
ser muito cara. Em curtíssimo espaço de tempo ficaram obsoletos. Nem os
vândalos perdem mais tempo destruindo-os. Lembro-me também de ter lido em algum
lugar, quando a comunicação ainda era por telefone, que ia chegar um dia que,
além de ouvir a voz, veríamos a imagem da pessoa com quem estaríamos
conversando. Tudo aconteceu tão depressa, que o telefone, praticamente foi
substituído pelo celular. Hoje, se temos histórias para contar, é porque as
coisas não aconteceram com a mesma velocidade atual. Não sei como será a
memória de nossas crianças no futuro, tal a velocidade dos acontecimentos. Será
que continuarão a valorizar o passado? Será que recordar será um ato prazeroso?
Vamos deixar de filosofar e vamos curtir o nosso querido telefone.
Quando eu era
criança, a única casa da família que tinha um telefone era a da minha tia Nega.
Era uma caixa presa na parede, tinha um bocal fixo, mas a parte de se colocar
no ouvido ficava pendurada numa espécie de gancho. A ligação era feita pela
telefonista. Para chamar a telefonista, tinha uma pequena manivela. Ao girar,
ela produzia um som de campainha e caía no posto telefônico. Gentilmente, a
telefonista atendia e fazia a ligação. Não havia discagem direta à distância.
Era preciso ir até o posto telefônico, levar o número e pagar para a
telefonista fazer a ligação. Minha avó tinha uma prima que morava em São Paulo.
Quando queria conversar com ela, procedia assim. Eu ia sempre junto. Havia uma
cabine para conversar. Não podia falar muito. A ligação interurbana era muito
cara.
No museu, foram
modelos expostos como esses, que me despertaram a atenção. Chamei minha netinha
de seis anos e comecei a falar sobre o telefone do meu tempo de criança. Não
notei interesse nenhum. Talvez o modelo mais recente de celular fizesse mais
sucesso. Só não saí chateada porque ela se interessou por Santos Dumont e a mãe
fotografou tudo que pôde para ela levar para a professora. Menos mal, fiquei
feliz pela professora que conseguiu despertar nela a admiração pelo Pai da
Aviação. Será uma futura Comissária de Bordo?
sábado, 29 de novembro de 2014
SONHAR É PRECISO!
O Museu Eduardo F.
Matarazzo me encantou, principalmente, pela História da Aviação. Por ter um
neto concluindo o Curso de Ciências Aeronáuticas, já praticamente com a
formação concluída de Piloto Comercial, acho que me tocou mais ainda. Jamais
poderia imaginar, que com seu jeitinho tímido, reservado, meu neto acalentava o
sonho de voar. Desde pequeno era um apaixonado por avião, trem, trator. Campo
de Aviação e Estação Ferroviária eram os lugares preferidos para passear.
Porém, ele guardou o seu desejo muito bem guardado. Quando estava para concluir
o Ensino Médio, toda a família ficou preocupada em saber qual seria sua opção
para continuar os estudos. A grande surpresa: Ciências Aeronáuticas, ser
piloto. Reação geral: preocupação. Mas que sonho é esse? Era um sonho
acalentado desde criança e que agora poderia ser concretizado desde que
reunisse todas as condições necessárias para exercer tal profissão. O pai, que
também é apaixonado pela aviação, foi quem deu o maior apoio. Além de todo
estudo e conhecimento que se exige, a saúde tem que estar perfeita. Anualmente
deve ser feito um exame médico completo, além de provas dificílimas que são
aplicadas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Comercial) para testar os
conhecimentos. E assim, sucessivamente, o aluno vai vencendo todas as etapas da
formação. X horas de voo são exigidas para cada categoria de piloto, até chegar
a piloto comercial. É muito bom saber que, quando voamos, estamos nas mãos de
profissionais muito bem preparados. Parabéns, Júnior, que Deus te abençoe na
profissão que escolheu!
Voltemos ao museu.
Como já disse anteriormente, além do imenso pátio onde ficam, no tempo, aviões
muito antigos, doados ao museu, existe um galpão enorme, dividido em salas
estreitas e compridas, onde podemos ver, enfileirados, carros antigos das mais
variadas marcas e modelos. Quando me deparei com o primeiro modelo idealizado
por Henri Ford, que percorreu as ruas de Detroit, fruto de sua famosa Linha de
Montagem, sistema que revolucionou a indústria automobilística, fiquei paralisada.
Genialidade! Lembrei-me também de meu professor de Administração Escolar, Dr.
Nelson Brollo. Foi com ele que conheci o Sistema de Linha de Montagem. Só não
gostei de um pequeno adereço na traseira do carro, onde, segundo explicações a
nós transmitidas, eram amarrados os escravos, que por alguma razão mereciam
castigo . Eram arrastados pelas ruas.
A coleção de carros
antigos é valiosíssima. Todos se apresentam com pintura reluzente, os metais
polidos, e quando há necessidade, são retirados para restauração. A entrada e
circulação no recinto são controladas por câmeras. Paga-se ingresso e o local é
de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Na próxima página quero falar de
outras coisas que me impressionaram muito, como por exemplo, os telefones.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
BUSCANDO INSPIRAÇÃO
Enquanto aguardo ansiosamente os dados para encerrar com chave de ouro a
minha homenagem à grande mulher MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS GARBINO, quero relatar
um fato que me deixou profundamente impressionada. Tudo isto aconteceu há mais
ou menos oito dias, quando fui à cidade de Bebedouro, assistir à solenidade de
Formatura de meu genro, que fez um MBA voltado para a sua área de atuação. Pude
testemunhar quanto trabalho, dedicação, sacrifício, empenho, perseverança é
preciso ter para se manter atualizado, trabalhando e estudando, para servir
cada vez melhor. Antes de mais nada, parabéns a ele! Bebedouro, um município
com uma população igual a de Lençóis, é onde fica a sede da CREDI CITRUS,
cooperativa por excelência, que possui em Lençóis uma filial. Foi lá que ele
fez o curso. Depois da belíssima festa, tivemos a oportunidade de conhecer um
pouco a cidade. Um dos locais mais interessantes da cidade é o Museu Eduardo F.
Matarazzo. Aqui aproveito para render minha homenagem ao nosso grande
Historiador e Pesquisador Senhor Alexandre Quito e às suas filhas Therezinha e
Meiry, pela grande prova de amor ao nosso Município, continuando a obra de seu
pai e zelando incansavelmente pela preservação de nossa História. Não podemos
comparar a organização do nosso museu com a do museu de Bebedouro. Em
Bebedouro, o que predomina é a grande quantidade de modelos de aviões, carros,
máquinas industriais, teares, impressoras, caixas registradoras, telefones,
etc. É muito emocionante o contato com os primórdios da era industrial, com o
primitivismo daquilo que fez o sucesso de seus criadores na época. Quando
visitamos o nosso museu, o Museu Alexandre Quito, somos tomados pela emoção de
que tudo que ali está exposto, nos pertence, saiu de nossas casas. A nossa
sensibilidade diante de tudo que está ali faz com que nos sintamos parte
daquela história. Já a sensação de quem entra no Museu de Bebedouro é de que
estamos partilhando da História do Mundo. Vou tentar descrever o espaço ocupado
pelo museu. É tão amplo, que inúmeras aeronaves se encontram espalhadas pelo
mesmo. Era meio dia quando eu, já cansada de percorrer o recinto, sentei-me em
um banco, embaixo de uma sombra gostosa produzida pela asa de um enorme Boeing.
Dizem que aquele foi o Boeing que trouxe a nossa seleção em 1958. Tive a
sensação de que nossos aviões modernos parecem pequenos perto dele. Pura
ilusão. Não preciso dizer que ficamos encantados com a oportunidade. Bem a
minha frente, uma máquina à vapor, uma Maria Fumaça. Incrível recordar que na
minha infância tive o privilégio de viajar de trem, trem à vapor, daqueles que
paravam na estação para abastecer de água, e com o fogo, produzia o vapor, que impulsionava a máquina. Isto sem falar da sua chegada à estação,
imponente, assustadora, soltando muita fumaça, aguardada por um sino que tocava
quando ele estava partindo da estação anterior. Lembranças maravilhosas de
infância. Há pouco tempo tive oportunidade de levar as duas netas de seis anos
para um passeio de trem, uma Maria Fumaça autêntica, que nos levou de Campinas
até Jaguariúna, passando pelas grandes fazendas de café, tudo conservado para
contar a História do Café, quando o Brasil era um dos maiores produtores do
mundo. Embora pequenas, curtiram muito o passeio, principalmente, por começarem
a relacionar passado e presente, informações transmitidas pelos adultos e
realidade. Na próxima página, vou detalhar mais algumas impressões que ficaram
dessa visita.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
FINAL DE SEMANA - ALMOÇO em FAMÍLIA
Que tal experimentar
uma receita nova? Já tenho em mãos uma que com certeza fará sucesso! É o
Bolo Salgado de Caju, do caderno de receitas da D. Maria. Vejam como é fácil.
Tomem nota dos ingredientes:
3 ovos inteiros
½ xícara de chá de
óleo
12 colheres de sopa
de farinha de trigo
2 colheres de sopa de
Pó Royal
1 xícara de chá de
Suco de Caju Maguary
1 xícara de chá de
leite
Sal à gosto
50 g de Castanhas de
Caju
50 g de queijo
parmesão ralado
RECHEIO
3 xícaras de chá de
palmito picado
1 lata de atum
desfiado
Salsa e cebolinhas
picadas
3 colheres de sopa de
tomates picados
2 colheres de sopa de
Castanhas de Caju picadas
MODO DE PREPARAR
1- Misture todos os ingredientes do recheio e
reserve.
2- Bata todos os ingredientes da massa no
liquidificador e despeje metade em uma forma untada. Coloque o recheio
reservado e cubra com o restante da massa.
3- Leve ao forno moderado por aproximadamente
30 minutos ou até dourar ligeiramente.
RENDIMENTO: 18 porções.
Observação: Se esta receita está no caderno de D. Maria, com certeza
foi testada. Assim que puder vou fazê-la. Não será neste final de semana, mas
prometo dar o retorno.
sábado, 22 de novembro de 2014
ENCONTRO DE PROFESSORES APOSENTADOS
A Jeanice Moretto
Mattos sempre estimulou o Encontro de Professores Aposentados para comemorar o
Dia do Professor. Junto com outros colegas e com certa antecipação, preparavam
com o maior carinho o evento. Tinha que começar com a Santa Missa e depois um
Jantar. E assim foi por muitos anos. Incansavelmente, pegava o telefone e ia
fazendo os contatos. Os professores aposentados que moravam perto de Lençóis
sempre prestigiaram o evento. O casal ELZO TERRA GARBINO E ESPOSA sempre
prestigiou o encontro. Jeanice não perdia a oportunidade de tirar uma foto. Eis
que encontro no caderno de receitas da D. Maria, coladinho na contra capa, um
recorte de jornal com a foto do casal e a Jeanice, registrando o seu entusiasmo
com a presença dos dois. Enquanto viveu, D. Maria deve ter olhado com carinho a
foto, toda vez que ia procurar uma receita. Escolheu o lugar certo para
eternizar este momento de alegre convívio. Por muitos anos o casal esteve
presente. Com a municipalização e a Associação de Funcionários Públicos
Municipais, nosso evento começou a se diluir. Neste ano não houve sequer a
Missa em Ação de Graças. Uma pena!
D. Maria gostava
muito de citações. Eis algumas interessantes que encontrei no seu caderno de
receitas:
“Três coisas em
demasia e três coisas em falta são perniciosas aos homens: falar muito e saber
pouco; gastar muito e possuir pouco; se estimar muito e valer pouco”.
“O trabalho nos livra
de três males: o tédio, a pobreza e os vícios”.
“Cobiça é querer o
que o outro tem.
Ciúme é não querer
perder o que tem.
Inveja é não gostar
do sucesso do outro.
A pessoa feliz não
tem inveja. A dor da inveja só se mitiga com o amor. O verdadeiro amigo é o que
suporta seu sucesso”.
D. MARIA ERA ASSIM.
QUE SAUDADES!
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
CONVIDADOS À MESA
Em postagens
anteriores, tive oportunidade de destacar o valor de ter um convidado à mesa
com a família. Um hóspede é sempre um mensageiro de fraternidade e traz
alegria. Além de tudo, faz com que os anfitriões se esmerem na arrumação da
mesa e caprichem na preparação dos pratos. D. Maria dizia sempre: “A
intimidade, a alegria, o diálogo entre os familiares no momento da refeição, nunca
deve ser quebrado com discussão de problemas. Também destacava a importância de
agradecer a Deus pelo alimento. Hoje, tomando em minhas mãos seu caderno de
receitas, fiquei imaginando a D. Maria folheando-o e escolhendo receitas que
encheriam os olhos de sua família e satisfariam o prazer de degustar uma comida
preparada com amor. São tantas receitas, tanto salgadas como doces, que ficou
difícil escolher uma para colocar no meu blog. Acabei de escolher uma bela
sobremesa. Acho que D. Maria nunca teve problema com peso. As receitas são
maravilhosas. Um detalhe interessante: D. Maria tinha o cuidado de colocar
sempre o nome de quem lhe havia dado a receita. A receita da TORTA ALEMÃ traz, no final, o nome ZÉLIA.
TORTA ALEMÃ
250 g de manteiga sem
sal
200 g de açúcar
3 gemas
Bate-se até ficar
branca. Junta-se 2 latas de creme de leite geladas e sem soro. Mistura-se sem
bater.
Com o soro do creme
de leite, mais um cálice de licor de cacau, 2 colheres de açúcar e 1 xícara de
leite de vaca bem misturados, molham-se 2 pacotes de bolacha Maizena.
MODO DE ARMAR
Forra-se um pirex com
papel alumínio. Vai-se colocando as bolachas molhadas para forrar o fundo e as
laterais. Coloca-se depois em camadas: o creme, as bolachas, uva passa que deve
ter ficado de molho no licor de cacau. Cobre-se com papel alumínio e leva-se
para gelar.
NO DIA SEGUINTE
Vira-se a torta sobre
uma travessa e cobre-se com a seguinte calda:
8 colheres de Nescau
2 colheres de açúcar
1 colher de manteiga
2 xícaras de leite
Leva-se ao fogo para
engrossar.
Que tal experimentar
a Torta Alemã, neste final de semana, com a família reunida?
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
TESTEMUNHO DE VIDA
Para comprovar cada
frase escrita pela D. Maria nas páginas publicadas, basta olhar sua própria
vida. Lembro-me de um trecho escrito por ela falando da forma como devemos
tratar nossos empregados. Imediatamente, me veio à cabeça a figura da Creusa,
fiel servidora da D. Maria.
D. Maria teve quatro
filhos e, naturalmente, não deve ter sido nada fácil dar conta dos afazeres
domésticos, da educação dos filhos, do trabalho fora de casa e ainda continuar
os estudos, seguir carreira. D. Maria, com certeza, encontrou na Creusa seu
braço direito. O que tinha de extraordinário a Creusa? Era uma menina de
família simples, que amparada pela D. Maria, exerceu dignamente seu trabalho na
casa dela, e dela recebeu todo apoio para crescer na vida, frequentar uma
escola e se formar professora. D. Maria não dava o peixe, ensinava a pescar.
Enquanto D. Maria precisou dela, ela lá esteve. Ao mesmo tempo em que seus
filhos cresciam e estudavam, à Creuza também era dada a oportunidade de conquistar
uma profissão através do estudo. Quando chegou a vez da Creusa assumir sua
profissão, creio que D. Maria já estava se aposentando e com os filhos
encaminhados. A fiel empregada exerceu sua profissão, se casou, constituiu
família e com certeza carrega em seu coração a figura desta grande mulher,
Maria Conceição Viegas Garbino!
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
MÉDICO LANÇA HOJE SUA PRIMEIRA OBRA: “O PROFESSOR E O FABRICANTE DE PARA-RAIOS-ENSAIOS SOBRE QUASE TUDO”
Esta manchete é do
jornal de Bauru, do dia quatro de novembro. Já havia recebido o convite para
participar do lançamento do livro, mas a surpresa foi por conta do autor, nada
mais, nada menos, do que o filho de Dona Maria Conceição Viegas Garbino e Seu
Elzo Terra Garbino. O ditado diz: ”Filho de peixe, peixinho é”. Doutor José
Antonio Garbino deve ter herdado de seus pais o gosto pela literatura,
deixando-se envolver pela criatividade e dando asas à imaginação.
Neste livro, o autor
cria um diálogo em prosa direta, entre dois personagens principais: um
professor “peagadê”, como ele mesmo define na obra, e que não deixa de ser seu
alter-ego, e seu tio Valentim, um homem prático, inventor e com ideias e
vivências muito particulares. Capítulos
narram os encontros de família na Casa das Tias, onde em cada um deles,
assuntos relevantes são discutidos entre os dois: Erotismo e Pornografia,
Pecado, Preconceito, Religião entre outros. O diálogo que surge, então, é muito
revelador e reflexivo, com cada um mostrando sua maneira de enxergar o mundo e
os homens, sendo sinceros em suas colocações. (Anotações tiradas do artigo do
jornal de Bauru)
José Antonio Garbino
é médico neurofisiologista, escritor e pintor. O lançamento do livro aconteceu
no Espaço Cultural Lêonidas Simonetti, na rua Marcos Augusto Genovêz Serra, 3-35
No mesmo local
encontram-se expostos os quadros pintados por ele. Vale a pena conferir o
talento do médico, escritor e pintor. A exposição permanecerá até o início de
dezembro.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
DISCURSO DE FORMATURA - COMENTÁRIO
Quem conheceu a
Diretora Maria da Conceição Viegas Garbino, sabe com que autoridade ela escreveu tal discurso.
Ela conseguiu colocar, no papel, exatamente a sua experiência de vida. A mulher,
a mãe, a professora, a diretora, a líder, teve sua formação forjada exatamente
nos moldes que ela agora propõe aos seus afilhados. Conheci grande parte da
vida de Dona Maria, tanto familiar, como profissional. Conduziu a educação de
seus filhos exatamente da forma que agora propõe aos seus afilhados.
Um marcante traço
dessa educadora realmente era a tenacidade com que perseguia seus ideais. Já
tive oportunidade de dizer que ela, como diretora, nos envolvia de uma tal
maneira, nos motivava tanto, que vivíamos em busca constante de
aperfeiçoamento. O mesmo procedimento que tinha em relação aos filhos, adotava
conosco, e nós ficávamos felizes com isso. Era insaciável a sua sede de saber.
Lia muito. Era muito culta. Quando veio
para Lençóis, era apenas uma excelente professora primária, casada com um
diretor de escola. Nem a profissão, nem a família que constituiu, foram motivos
para deixar de lutar e crescer. Correu atrás de formação superior. Foi assim
que galgou mais um degrau na carreira. Tornou-se Diretora de Escola,
permanecendo no cargo até a aposentadoria.
Seu Elzo, companheiro
de todas as horas, excelente profissional, zeloso chefe de família, também
encontrou tempo e estímulo para cursar Direito. O casal teve quatro filhos, um
radicado em Lençóis, os outros divididos entre Bauru e São Paulo. Depois de
aposentados, mudaram-se definitivamente para Bauru. Enquanto viveram, sempre
prestigiaram nossa cidade. Gratidão eterna a Dona Maria e ao Seu Elzo!
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
TRECHOS DE UM DISCURSO DE FORMATURA
D. Maria inicia
assim:
“Foi com grande
emoção e profundamente sensibilizada, que recebi o convite para paraninfar a 1º
turma que conclui o 1º grau neste estabelecimento.
Um gesto de simpatia
de meus queridos alunos, que muito honra a diretora desta escola, que teve o
privilégio de conhecê-los nestes anos de convivência, e que embora não muito
constante, concedeu-me o conhecer e apreciar a delicadeza de seus atos, a
sinceridade de suas palavras, a alegria de viver que irradia de seus corações,
tão natural nessa idade de vocês - a juventude - quando existe todo um florescer
de ideias e esperanças.
Meus queridos
afilhados, confesso com gratidão: os mestres se contagiam dessa exuberância de
vida, desse calor humano que os jovens comunicam.
No desejo de
dirigir-lhes a palavra neste dia festivo em que concluem o 1º grau, procurei
com especial carinho, perscrutar o meu coração de mestra e amiga para
transmitir-lhes uma mensagem que lhes pudesse ser útil, no momento maravilhoso
em que ingressam no grande concerto da vida, que é luta renhida, é combate, que
aos fracos abate e aos fortes só pode exaltar, nas palavras sábias do poeta
patrício, Gonçalves Dias.
A vida, meus jovens,
não é um acidente onde podemos conquistar com negligência ou irresponsável
liberdade, um objetivo qualquer. É, pelo contrário, uma obra contínua de
criação. A suprema criação de si mesmos, de sua personalidade, de seus valores
morais e espirituais. É tarefa árdua que não admite vacilações.
A mente dos jovens
pode ser comparada a uma oficina onde se realizam complicados processos. Nela
trabalha a imaginação que a semelhança de um arquiteto fantástico, constrói
complicados castelos aéreos, viaja a enormes distâncias, cria ideias, concebe
esperanças e faz perder um tempo valioso prendendo o jovem em seus sonhos. Não
se deixem enlevar pelo prazer que o exercício da imaginação proporciona, pois,
ele pode transformar-se em um hábito que os despojará de preciosos momentos,
dos quais necessitarão para edificar um futuro grandioso e feliz.
O tempo passa para
não voltar, estabeleçam-lhe, pois, ajustado cerco, para que não lhes escape,
privando-os da matéria prima com a qual devem edificar seu futuro. Uma boa maneira de aproveitar o tempo,
consiste em planejar as atividades no dia a dia, depois, é preciso
revestirem-se de toda força de vontade possível, para executar fielmente o
plano traçado, sem permitir que algum usurpador de tempo, os desvie da meta
fixada.
Experimentarão a
grande satisfação de serem pessoas organizadas, e colherão os frutos que o
aproveitamento do tempo e a firmeza de propósitos trazem. Não demorará que se
coloquem na dianteira dos colegas, a brilhar na escola em virtude dos seus
conhecimentos, e nas reuniões sociais pela agudeza da inteligência; e quando se
tornarem independentes e forem homens e mulheres de bem, olharão com satisfação
para os dias da juventude, cheios de luta, de esforços e planificações..
Sejam, pois,
perseverantes, persigam seus ideais. Sem a perseverança, muitos nomes ilustres
não teriam sido escritos nos anais, na história. Ela representa o esforço de
anos na realização de um sonho, dias e dias de fatigantes estudos, que provam a
fibra do acadêmico, lustros e lustros de trabalho na aquisição de um patrimônio.
Quando a escalada é
íngreme e outros desanimam, o perseverante, com os olhos fixos no alvo,
encontra reservas de um tesouro oculto, que é a sua vontade férrea.
Tem-se dito que a inconstância
é um dos pontos frágeis da maioria da juventude. Esta, geralmente, qual
borboleta saltita em várias direções, quando se trata das realidades da vida. Sem
uma definição, sem saber propriamente o que quer, a mocidade vacila e arfa como
as ondas do mar.
Se por um lado o
mundo hodierno está repleto de frivolidades, atraindo ao terreno encantado do
materialismo destruidor, por outro, jamais esteve tão rico de oportunidades
para um seguro preparo da vida. Em toda parte estão abertos os ensejos para a
mocidade se preparar. E é esse preparo, apoiado pela ação, pela iniciativa,
pelo trabalho perseverante, que leva a mocidade ao verdadeiro triunfo.
Aproveitem, queridos
afilhados, as oportunidades que a vida lhes oferece e estarão cumprindo o seu
dever. A vida impõe a cada um de nós, a obrigação de proporcionar maiores
oportunidades aos nossos descendentes do que as recebidas de nossos
antepassados. Essa é a lei do progresso e nossa dívida para com a sociedade.
Os que oferecem menos
oportunidades de desenvolvimento aos seus descendentes ou iguais as que
receberam, estão em falta com a vida. Nossos avós puseram os nossos pais em
melhor situação do que a sua própria e nossos pais nos proporcionaram maiores
oportunidades do que as que receberam, e nós temos a dívida moral de dar mais
aos nossos filhos, pois o progresso da civilização assim o exige. E por isso é
necessário que não ponham um ponto final nos seus estudos com a conclusão do 1º
grau; prossigam a jornada escolar até o curso superior, se possível, para
poderem enfrentar com serenidade o julgamento de seus filhos, sobre o que lhes
legarem".
Finalizando,
deixo-lhes mais uma exortação, para que sejam bem sucedidos:
“Tenham sempre os
olhos fixos numa estrela brilhante, essa estrela deve ser a crença inabalável
de que cada um de nós tem uma missão a cumprir, e deve realizá-la dando o
melhor de si, para sua própria edificação, para a felicidade dos que ama, para
a grandeza da Pátria e glória de Deus".
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
A EFICÁCIA DOS EXEMPLOS E OS MÉTODOS VÁLIDOS DE DISCIPLINA
Todas as crianças, adolescentes,
precisam de muito estímulo à perseverança, de simpatia encorajadora, de alguém
que lhes permita dialogar com o que de mais perfeito têm em si mesmos, para
atingir a maturidade. Estejam, pois, os pais, bem próximos dos filhos, nas
intrincadas e dolorosas encruzilhadas da vida. Tenham fé na eficácia dos
exemplos e dos métodos válidos de disciplina, mas recorram, à graça divina,
fonte de inspiração e de segurança.
A recompensa também é
estímulo, quando não é a principal razão do esforço. É de efeito milagroso,
quando justa e oportuna.
Pagar por todas as
notas boas venaliza. Elogiar o que é dever rotineiro enfraquece o valor do
elogio. O que merece aprovação é um esforço fora do comum, que custou
sacrifício. A criança necessita hoje, mais do que nunca, de um lar tranquilo,
gestos em câmara lenta, olhar calmo de bem estar, ritmo sereno.
Sérgio tem 5 anos.
Todos os dias é acordado pela mãe com violência. ”Depressa, levanta, estamos
atrasados.” O pequeno, então, diz cheio de sono: “Não quero ir à escola.” A mãe
se enfurece. “Vai e já. Puxa o menino, arranca-o da cama. É uma luta diária.”
A criança revela ao
desenhar seu nível mental, seus problemas íntimos, seus desajustamentos. Certa
vez, o professor pediu ao Sérgio que fizesse o desenho da família. Na mesma
hora pôs-se a desenhar, porém, omitiu a mãe. A mestra pergunta: “Não há um
lugarzinho para a mamãe?” “Não, disse o menino.” ”Não mesmo, insiste a
professora?” Aí, o pequeno coloca a mãe num cantinho, espremida, mal desenhada
e explica: “Ela está nervosa.”
A recusa de desenhar
a mãe trai o conflito: relações tensas. Um dia, a mãe se deu conta de seu erro.
Passou a acordar o caçula mais cedo, dizendo: “Temos muito tempo. Não precisa
correr.” Tudo mudou. O pequeno passou a se vestir cantando, depressa, na
alegria de chegar na escola. E no desenho da família, a mãe voltou a ocupar o
primeiro lugar, de tamanho maior que os outros, bem desenhada.
O hábito de estimular as tarefas, de fazer assumir encargos voluntariamente, de prestar contas com lealdade de suas obrigações, forma a consciência do dever. As exigências devem ter caráter impessoal (exigidas de todos), para não atiçar a desobediência. ”Aqui em casa, come-se a tal hora, levanta-se cedo e dorme-se cedo, etc. Mas, dizem os pequenos, na casa de meus amigos não é assim, é tudo à vontade”. A resposta é simples: ”Cada casa tem seu sistema. E quando você casar e tiver filhos, eu tenho certeza de que você vai ter ordem na sua casa”. A organização evita problemas. Cada coisa no seu lugar, é o segredo da boa organização.
E assim, através da riqueza de conhecimentos que D. Maria extraía de suas leituras, ganhávamos nós, em formação, para lidar no dia a dia com nossos alunos e nossos filhos. Guardo com carinho, principalmente, as recomendações dirigidas ao convívio familiar e a educação dos filhos. Seus filhos retratam muito a educação que dela receberam. Que bom saber que nos tornamos eternos, quando plantamos com amor. Os filhos, os netos, herdam a missão de transmitir às próximas gerações a lembrança de tão grande mãe, de tão amada avó!
O hábito de estimular as tarefas, de fazer assumir encargos voluntariamente, de prestar contas com lealdade de suas obrigações, forma a consciência do dever. As exigências devem ter caráter impessoal (exigidas de todos), para não atiçar a desobediência. ”Aqui em casa, come-se a tal hora, levanta-se cedo e dorme-se cedo, etc. Mas, dizem os pequenos, na casa de meus amigos não é assim, é tudo à vontade”. A resposta é simples: ”Cada casa tem seu sistema. E quando você casar e tiver filhos, eu tenho certeza de que você vai ter ordem na sua casa”. A organização evita problemas. Cada coisa no seu lugar, é o segredo da boa organização.
E assim, através da riqueza de conhecimentos que D. Maria extraía de suas leituras, ganhávamos nós, em formação, para lidar no dia a dia com nossos alunos e nossos filhos. Guardo com carinho, principalmente, as recomendações dirigidas ao convívio familiar e a educação dos filhos. Seus filhos retratam muito a educação que dela receberam. Que bom saber que nos tornamos eternos, quando plantamos com amor. Os filhos, os netos, herdam a missão de transmitir às próximas gerações a lembrança de tão grande mãe, de tão amada avó!
terça-feira, 11 de novembro de 2014
PRIMEIRO A OBRIGAÇÃO
A recompensa em forma de um sorriso, elogio,
encorajamento, é muito mais estimulante que o castigo. Muita proibição sufoca a
iniciativa, ao passo que a liberdade com responsabilidade faz desabrochar e
crescer. Vejamos um exemplo: Kiko, de 12 amos, volta da escola aflito. – “Meu
boletim está com notas péssimas, mamãe, mas eu já resolvi suprimir meu futebol
das quartas e sábados.” – “Está bem, disse a mãe.” Na terça, diz o menino: -“Mamãe,
amanhã vai haver excursão com a turma. Posso ir?” – “Você não havia resolvido
estudar às quartas-feiras?” – “É, mas todos vão.” – “Meu filho, você teve um
bom impulso, não acha que você deve ficar fiel ao que há de mais belo e bom em
você, a consciência de sua obrigação? Você tem o direito de ceder a uma fraqueza,
você que pretende ser um homem de caráter?” Kiko foi resmungando e mais tarde
volta para a mãe. – “Deixa-me ir, mamãe, a excursão vai ser bárbara!” A mãe diz
sorrindo: “O problema é seu, estou apenas lembrando a sua boa resolução. Faça o
que você achar melhor.” O menino não foi, ficou estudando o dia inteiro. Quando
o professor perguntou o motivo de sua ausência, respondeu orgulhoso: - “Conheço
minhas obrigações.”
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
BATER/RALHAR/CASTIGAR
Certos educadores
apresentaram às turmas de escolares a seguinte pergunta: “Que pensam dos pais
que nunca ralham, nem batem, nem castigam?”
Sem hesitar,
responderam: “Não gostam dos filhos, não querem ser incomodados, não querem nos
ajudar, são moles.” Nem uma só criança reclamou de ser castigada.
As exigências devem
ser graduadas de acordo com a idade. Não se dá carne seca a um bebê de seis
meses. Nossas ordens também são frequentemente indigestas. Como pode, por
exemplo, um pequeno sentar à mesa, sem mexer, pegar, derramar e sujar?
A constância na
sanção evita o castigo. Os filhos de pais firmes nem tentam fazer certas artes,
porque sabem o que vão perder. O castigo justo é interpretado como uma prova de
amor, e o regime de impunidade, como prova de indiferença e fraqueza.
Uma menina de 9 anos,
sacudida violentamente pela mãe adotiva, sempre complacente, põe-se a sorrir. A
senhora se exaspera e grita: “Você não se incomoda, não é?” A pequena responde:
”Agora eu sei que você gosta de mim, como uma mãe de verdade.”
Os pais não devem se
dissociar dos filhos, isto é, manter-se à distância, quando ministram um
castigo. Quase sempre se colocam num pedestal, como inimigos terríveis e
fulminam seus raios. Os pais não podem ameaçar de diminuir o afeto, o interesse,
o carinho. O castigo será construtivo na medida em que provar a
incondicionalidade do amor. ”Eu não gosto de castigar, mas sou forçado a
fazê-lo, porque sou responsável pela sua educação. Vamos a um exemplo: ”Uma
jovem adolescente pede dinheiro ao pai para comprar uma toilete completa de
verão. Porém, gasta tudo com o vestido. Volta ao pai e pede mais dinheiro. O
pai nega, argumentando que ela devia ter feito um orçamento prévio. Orçamento?
O pai explica que faz isso, mensalmente, com a mãe. A moça tornou-se mais tarde
Assistente Social, e notável especialista em orçamento familiar.” Outro
exemplo: “Luís tinha 13 anos. Sentia-se abandonado pelo pai que estava sempre
em viagem e pôs-se a roubar porque se sentia roubada no afeto. Certo dia, Luís
tirou todo dinheiro do cofre da irmã. Quando a mãe soube, teve uma crise de
desespero. Meu filho um ladrão! Pediu ao marido que castigasse severamente o
filho. O pai leva o filho para o quarto e diz: O que você fez não está certo,
meu filho, não é verdade”? Você deve estar aborrecido consigo mesmo. Qual será
na sua opinião a melhor maneira de reparar esse prejuízo? Já sei, disse o
menino. Não irei com vocês à montanha, almoçar. Está bem, diz o pai. Ao falar
com a esposa, complica-se a situação, ela explode. O pai reconhece que o filho necessita
mais do que nunca de carinho, ar livre, intimidade com o pai. No dia seguinte,
propõe ao filho: Você tem de repor todo o dinheiro da sua irmã no cofre, não é
verdade? Que tal se ganhasse esse dinheiro? Ao invés de irmos de trem, nós dois
faremos a subida à pé, levando a bagagem nas costas. Eu lhe dou uma importância
por hora de marcha, que é o preço do trenzinho para nós dois. Suprimiremos o
almoço lá em cima, que é muito caro. Comeremos pão seco e chocolate. E com isso
você terá a quantia para repor no cofre de sua irmã. O menino ficou feliz com a
ideia do pai. E assim fizeram. Foram 4 horas de dura marcha, de conversa íntima
com o pai. Na hora do almoço, a mãe e a irmã resolveram aderir ao pão e
chocolate. Desistiram do restaurante. Foi um almoço delicioso, de reconciliação
geral.”
domingo, 9 de novembro de 2014
A DISCIPLINA NO LAR
Quanto à disciplina
no lar, conta um pai jubiloso: “Meu filho mais velho, aos 14 anos, tornou-se
vadio e impertinente. Instituímos, então, um regime duro de castigos, castigo
em casa e na escola, porém, nada conseguimos. O menino vivia triste, calado.
Afinal, o que havíamos previsto, aconteceu, levou bomba. Quisemos pô-lo para
estudar nas férias, quando lemos sobre o valor do estímulo. Resolvemos mudar de
tática. Demos- lhe uma chance inesperada: fazer um acampamento para o estudo de
um tema da juventude. O rapaz ficou alegre, surpreso, principalmente, por ser
perdoado. Transformou-se do dia para a noite. Mudou de gênio. No ano seguinte,
foi o primeiro da turma.
Os pais precisam
manter uma mentalidade positiva a respeito dos filhos. Os pais positivos
acreditam nos seus filhos. Admiram suas qualidades. Seus lábios nem proferem a
palavra defeito. Para eles, seus filhos têm dificuldades. Os pequenos não
gostam de ordens, nem de conselhos, mas gostam de ajuda, de sugestões. “Você
tem sido um bom menino, esforçado no estudo, serviçal, mas você tem dificuldade
de levantar cedo. Seus atrasos vão prejudicar o conceito que o professor faz de
você.”
As ordens precisam
ser dadas na ordem de valores. Assim, a preguiça nos estudos, é mais grave que
a mancha na roupa, esbanjar dinheiro, enquanto muitos morrem de fome, é mais
grave que não estudar.
A maledicência é mais grave do que falar com a boca
cheia. A noção de valor é adquirida exatamente através da reação dos pais ante
os erros a acertos dos filhos. Os castigos e a recompensa ajudam muito a formar
a consciência moral. As surras e os pitos são bem aceitos, quando se dirigem ao
erro e não ao transgressor da ordem.
sábado, 8 de novembro de 2014
PARENTES/AVÓS/VIZINHOS/EMPREGADOS
Por mais cultos e
amorosos, os pais muito lucram quando abrem as portas do seu lar aos parentes.
Novos temas de conversa, maneiras diversas de encarar a vida, as comparações,
os novos afetos. Simpatizando com os parentes, os pais ensinam o espírito de
grupo e a tolerância.
Os avós podem ser uma
ajuda preciosa, quando sabiamente complementam, ajudam e não desejam
substituir, nem competir com os pais. Que sabedoria quando se constituem em
conselheiros discretos, diante da inexperiência do casal, nas doenças, nos
fracassos, nos negócios, nas dificuldades conjugais.
Os empregados também
desempenham papel importante na tranquilidade do lar e na educação das
crianças. Merecem, pois, um trato cordial. Os patrões devem cuidar de sua saúde
e bem estar, valorizar as suas qualidades, promover seu nível cultural.
Os vizinhos trazem
igualmente ao lar, aspectos novos de humanidade. Contam novidades, à sua moda,
os acontecimentos, revelam conhecimentos úteis. O comentário criterioso de suas
visitas é ocasião valiosa para os pais de iniciar os filhos na arte do
discernimento das pessoas e das coisas. Os pais seguros, não temem competições
à sua influência, embora vigilantes, integram seus familiares e amigos à vida
da família, aceitam seus convites, retribuem amabilidades. Acompanham bem de
perto as influências externas, aprovando umas e corrigindo outras.
É com a maior
confiança que soltam as pombas dos pombais, mas, ao anoitecer, quando elas
voltam, lá estão eles em plantão de amor, para estreitar os laços afrouxados e
reforçar a benfazeja intimidade familiar. Uma forte corrente de calor humano,
supera as dissensões e mantém a boa disposição dos pequenos para com os
grandes, sem o que, não haverá educação.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
REFEIÇÕES: FONTE DE CONGRAÇAMENTO E UNIÃO
Ainda do caderninho de D. Maria...
O regresso do pai ao lar é o ponto alto da intimidade
familiar. Cumpre-lhe preparar a entrada em casa, dispondo-se à maior
cordialidade, à expansões de carinho e alegria. Na hora da refeição, deve-se
cultivar a alegria de estar junto.
Todo casal deve cuidar mais das refeições. Seja bela a mesa,
bem apresentados os pratos e gostosas as iguarias. Quem saboreia pratos
gostosos, abre-se à boa vontade. Os bares dos colégios têm alta função
socializadora. Os amigos que não comem juntos, não funcionam totalmente. A mãe
que adota em sua mesa os amigos de seus filhos, está operando treinamento para
a vida social. Todos à mesa, portanto, para as refeições.
A mesa do pobre, em geral, é mais acolhedora que a do rico.
Quantas vezes a preocupação excessiva das boas maneiras paralisa a conversa. O
vinho entornado, a mancha na toalha, que drama nos salões aristocráticos! Um
velho comissário de polícia, diante dos crimes cometidos por jovens, costumava
dizer: ”Para mim, tudo isso acontece porque já não existe mais a sala de
jantar.”
Sejam alegres as nossas refeições, para que se convertam em
fontes de congraçamento, de união.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
COMO FAZER DO LAR UMA LAREIRA
Vejam que interessantes essas anotações do caderninho de D. Maria.
A casa deve ter um
lugar marcado de conversa e oração. A cadeira de balanço favorece o aconchego.
Os gestos e palavras costumeiras de saudar, de despedir, de consagrar pela
oração, o alimento, impregnam a alma de afeto e fé.
A oração em família é
fator de segurança sem igual.
O fervor dos pais é
contagioso, pois toda criança é mística. A confiança na Providência Divina cura
dos medos, que tanto amarguram a infância.
A casa paterna vale
pelo espírito de família, animado pelo calor humano.
A mãe e o pai sempre
atentos aos problemas dos filhos.
O casal unido, de
braços abertos às manifestações de carinho, rindo e cantando, ouvindo e
contando histórias, vibrando com os sucessos obtidos, reconhecendo o esforço.
Todos esses elementos fazem do lar uma lareira.
A comunicação da alma
é fácil quando a criança sente que tem seu lugar marcado, que é insubstituível.
O regresso ao lar, sempre uma festa. Os pais hão de interromper o que estão
fazendo, para sorrir e acolher os filhos. O acolhimento atencioso é o sinal
sensível do amor. O reencontro dos membros da família dentro de um estado de
bom humor, com beijos, abraços e sorrisos, constitui a suprema técnica da
organização do espírito de família. A constância do amor revelada dia após dia,
nessas expansões, infunde segurança e propicia higiene mental. Sejam adiadas
para ocasiões mais oportunas, censuras e queixas, castigos e conselhos.
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
A HOSPITALIDADE EM UM LAR VERDADEIRO
Todos nós conservamos indeléveis
as lembranças da nossa primeira morada e das nossas primeiras vivências.
Lembranças “equilibradoras” quando evocam clima de união incondicional e
quadros de deliciosa intimidade. A intimidade do lar não depende de conforto,
mas sim da certeza de ser amado, é filha do carinho. (Intimidade se traduz nas
conversas amigáveis entre os membros da família, é o filho contando o que
sente, os seus problemas, suas dúvidas).
A intimidade não teme ser
hospitaleira. As famílias fechadas asfixiam-se. Falta-lhes assunto vitalizador.
Só os generosos se desapropriam de si para abrigar os outros em seu afeto.
“Minha casa é a casa de todos,
dizia um chefe de família. Sempre há lugar para mais um”. Os pais que se dedicam
apenas aos seus filhos cultivam um egoísmo sutil.
Um sujeito mal humorado dizia: ”Eu
me considero um pai exemplar, vivo exclusivamente para minha mulher e meus
filhos, mas não consigo gratidão”. Minha casa vive vazia. Até minha mulher eu
preciso recolher, pois tem sempre uma amiga para visitar. Mal suspeitava o
coitado, que o hóspede à mesa é um enviado para dinamizar as virtudes
domésticas.
O convidado valoriza a casa
paterna, evidencia suas qualidades, exige da família comportamentos
requintados, esmerando-se cada um em delicadezas recíprocas, atenções e
generosidades. O hóspede é artesão de alegria e mensageiro de fraternidade. Não
podemos nos isolar, temos necessidade de ir à festas, de fazer visitas.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS GARBINO - LEITORA POR EXCELÊNCIA
Dona Maria era uma
pessoa muito culta. Gostava muito de ler e de presentear com livros. Remexendo
entre algumas coisas guardadas pela esposa do Elzinho, encontrei um caderno de
desenho, escrito com letra cursiva, que parece ser um resumo dos principais
tópicos de um livro. O mais interessante é que reconheci, naquelas anotações,
muitos ensinamentos passados a nós professoras, que contribuíram para a nossa
formação de educadoras. Por isso resolvi dividir com outros educadores essas
lições de sabedoria. Deixo a critério de cada leitor o discernimento: “Ainda
valem para os tempos atuais?”
As anotações começam
assim:
Nada mais fácil que
ter um filho.
Nada mais imperativo
que fazer dele um homem.
Nada mais difícil que
fazer dele um homem realizado em todos os planos.
A delinquência
infantil traduz uma carência trágica de influência moral dos pais sobre os
filhos.
A família, embora em
crise, detém nas mãos a maior soma de influência na formação da personalidade.
Recente pesquisa
americana revelou os seguintes dados: a mãe exerce cerca de 60% das influências
que vão determinar o comportamento adulto, o pai cerca de 15%, à escola cabem
apenas 10% e os restantes 15% distribuem-se pela TV, rádio, companheiros,
cinema, leituras, etc.
Quando a família
constitui um mundo ordenado e dirigido conscientemente para todos os planos,
para os valores reais, sua própria vida diária, espontânea e harmônica, é
aprendizagem integrativa que vai determinar na idade adulta, atuações
ponderadas e altruístas. Nesse sentido, a família é o berço da civilização de
um povo. A grandeza de um povo depende da solidez, da organização e da moral
familiar.
Educar é infundir
segurança, através de uma ação amorosa e firme, contínua e íntima. E segurança
só se infunde através do amor e a certeza de que somos amados.
O clima instável,
flutuando entre a ira e a meiguice, o esbanjamento e a avareza, a generosidade
e a indiferença, afasta pequenos e grandes.
O educador há de ser
soberanamente igual, há de possuir um humor sereno. Quando não possuímos o bom
humor natural e espontâneo, podemos criar uma alegria voluntária, premeditada,
persistente. E o mundo nem perceberá que a nossa alegria não era um dom
hereditário. A serenidade engendra a confiança mútua, capaz de equilibrar a
balança dos afetos familiares.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E O APARELHO RESPIRATÓRIO
É inacreditável o volume
de conhecimentos que tinha que ser assimilado por uma criança de apenas seis ou
sete anos. Desta vez, me deparo com um “exercício” de Ciências. Trata-se de
responder cinco questões sobre o Aparelho Respiratório. Mas o mais incrível era
ter que desenhar o mesmo. É uma das poucas tarefas que aparece corrigida pela
professora.
A professora
pergunta:
1º Dizer o que é a
laringe e onde fica.
Resposta: A laringe é
uma espécie de um funil e fica no pescoço.
2º Dizer quantos são
os pulmões, a sua cor e de que é feito.
Resposta: Os pulmões
são dois, as cores são rosada cinzenta e de listas escuras, é feito com
furinhos que nem uma esponja.
3º Como se chama a
membrana que envolve os pulmões e quantas folhas tem?
Resposta: A membrana
que envolve os pulmões se chama pleura e tem duas folhas.
4º Quantos são os
movimentos da respiração e quais são eles?
Resposta: Os
movimentos da respiração são inspiração e expiração; quando a gente inspira o
ar abre a caixa toráxica e entra no pulmão e quando a gente expira, fecha os
pulmões e a caixa toráxica e o ar sai.
5º O que acontece com
o ar e o sangue quando chegam aos pulmões?
Resposta: O gás
carbônico sai para fora e o oxigênio fica dentro.
Procurei ser fiel ao
transcrever este exercício com as devidas correções da professora,
principalmente, o número quatro. Percebe-se que a criança tinha que elaborar a
resposta e nem sempre conseguia fazer com clareza. Quase não há erro de
ortografia. É interessante notar que desde menininha, Maria Conceição tinha uma
caligrafia perfeita. Nas letras maiúsculas, no início das frases ou nomes
próprios, elas aparecem rebuscadas, como se fossem bordadas.
Observem o desenho do
Aparelho Respiratório (fossas nasais, laringe, traqueia, brônquios,
bronquíolos, pulmão). Desenhou apenas um dos pulmões, para mostrar bem os
bronquíolos.
Desenho, cópia,
questionários, chamadas orais, eram recursos que davam resultado na fixação de
conhecimentos. D. Maria tinha uma linha parecida na sua atuação como Professora
e também como Diretora. Tudo que remetia à sua infância era muito valorizado.
Gostava de nos ver introduzindo novidades quanto aos recursos didáticos.
Apoiava, motivava. Era uma verdadeira líder. Tinha muito orgulho de sua escola
e de seus professores.
domingo, 2 de novembro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E AS FÉRIAS
Atualmente, os
professores não costumam passar tarefas para as férias. Creio que caiu de moda
sufocar as crianças com deveres escolares nesse período. As crianças não veem a
hora de ficar sem fazer nada. Os pais é que ficam loucos com tanto tempo ocioso
e ficam desejando que as aulas voltem logo. Mas o que seria melhor, ocupá-las,
reforçando tudo que aprenderam no semestre, ou deixá-las na frente do
computador, usando indevidamente a Internet? São poucas as crianças que podem
desfrutar da presença dos pais durante as férias. A maioria dos casais trabalha
fora. Tempos modernos.
Mas como era no tempo
da menininha Maria Conceição? Era o inverso. A mãe era presente e o dever de
casa era obrigação. Acredito que sobrava algum tempo para brincar, mas a
obrigação vinha em primeiro lugar. As tarefas eram imensas. Vinham repletas de
recomendações. Vejam a que achei no Caderninho de Treino da menininha Maria
Conceição.
TAREFAS PARA AS FÉRIAS
1º Treinar “todas” as
listas coletivas, 25 palavras por dia. (O treino consistia em copiar,
diariamente, 25 palavras, e em seguida, separar as sílabas).
2º Treinar todas as
listas de Ciências, uma a cada dia.
3º Fazer os Diários
todos os dias e passá-los a limpo.
4º 8675,2 : 2,34 e
aumentar uma unidade no divisor cada dia. Tirar as duas provas: real e dos
nove.
Em quase toda tarefa
lê-se o pedido: trazer Diários Bem Comentados. Por mais que eu me esforce, não
consigo descobrir que tipo de atividade era essa. Uma vez ou outra, aparecia
para passar a limpo os diários. Não sei o conteúdo desse Diário.
Lembro-me de uma
professora que também sobrecarregava seus alunos com muita tarefa nas férias.
Era a D. Antonieta Grassi Malatrasi. Não fui sua aluna. A sua fama se
espalhava. Era muito enérgica. Marcou muito sua época. Acredito que era do tipo
da D. Iracema Amarante, a professora da menininha Maria Conceição Viegas.
Grandes Mestras!
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E RUI BARBOSA
Vejam o questionário
que a menininha Maria Conceição teve que responder com apenas sete ou oito anos
de idade, quando cursava o terceiro ano do primário.
Questões:
1º Que nome tem a
mais antiga e bela praça de Bauru?
2º Quem foi Rui
Barbosa?
3º Onde fez o seu
curso primário e em que academias estudou e se formou?
4º Quem imaginou
primeiro a Lei do Ventre Livre e a Lei Saraiva?
5º Que fez ele a
favor da República e que cargo ele ocupou após a Proclamação?
6º Rui Barbosa foi
contra o governo e a favor de quem?
7º Que lhe aconteceu
quando houve a Revolta da Armada, em 1893?
8º Até quando ele foi
Senador da República?
9º Que aconteceu em
1907, que cognome Rui Barbosa recebeu?
10º Que foi ele fazer
na cidade de Tucuman, na Argentina?
11º Quantas vezes foi
candidato à Presidência da República e contra quem fez a célebre Campanha
Civilista?
Fico me perguntando
como a professora conseguia dar tantas informações aos seus alunos. Raramente
encontro nos cadernos de treino, pistas que me levem a descobrir que material
de apoio tinham as crianças naquela época, para trazer todas as respostas
solicitadas na tarefa. Acredito que a maior colaboradora deveria ser a mãe. Se
a D. Maria estivesse viva, bateríamos longos papos sobre a sua vida de
estudante e a didática de seus professores. A única coisa que sei, é que ela
era muito culta e sábia, fruto da educação que recebeu. Amava os livros e
sempre surpreendia nos presenteando com um.
Logo após o
questionário, vem a orientação das tarefas:
- História da Praça
Rui Barbosa
- Jogo de Geografia
completo para a Rua 15, de novo
- Diários bem
comentados
- Treino de Ortografia,
de 1 a 25
- Um problema: Quanto
custarão----------Kg de carne, se ------------Kg custam---------------
Muito complexo para
uma terceira série, pois a criança tinha que saber operar com números decimais,
primeiro calculando o preço de um quilo e depois da quantidade pedida.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E A CARTOGRAFIA
Sempre gostei de
trabalhar com as quartas séries, alunos numa fase de transição, nem tão
crianças, nem tão pouco adolescentes. Tinha um jeito especial para lidar com
eles. Fazia tudo direcionado para a série seguinte, queria que eles chegassem
muito bem preparados, talvez, para evitar o mesmo trauma que sofri ao entrar no
ginásio, a inesquecível reprovação em massa. Tinha um excelente relacionamento
com os professores da quinta série. Conhecia o conteúdo que seria desenvolvido
no ano seguinte. Gostava de desafiar meus alunos com questões das séries
seguintes. Quando acertavam, ficavam felizes da vida. Muitas vezes, promovia
uma disputa de conhecimentos entre meninos e meninas. Ambos elaboravam questões
para saber quem sabia mais: meninos ou meninas. A disputa era acirrada.
Confesso que, muitas vezes, cheguei a assustá-los com tantas exigências. Fazia
questão de cadernos impecáveis. Tinha o hábito de exigir deles a separação de
um exercício do outro, com traço vermelho. Para isso era indispensável a régua
e o lápis vermelho grosso. Os parágrafos, também, tinham que ser todos exatamente
do mesmo tamanho. Alguns professores tinham o hábito de deixar dois dedinhos.
Eu, porém, fazia riscar os parágrafos, a lápis, no caderno inteiro, da largura
de uma régua de madeira. O efeito era lindo. Quando acabavam de copiar um
texto, o alinhamento era perfeito. O traçado era imperceptível. Não preciso
dizer que, quando os cadernos dos alunos eram vistados pela D. Maria, voltavam
cheios de elogios.
Um dos cadernos que
ela gostava muito de ver, chegando até a entrar na sala de aula para observar
os alunos trabalhando, era o caderno de cartografia. Hoje, pegando os Cadernos
de Treino da menininha Maria, entendo porque tamanho interesse. Ela, com
certeza, lembrava o quanto aprendeu com sua professora, desenhando à mão livre,
o Estado de São Paulo, o Brasil, a América do Sul, a Europa! Pasmem, tudo à mão
livre.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E A POESIA
Leiam a linda poesia
que encontrei no Caderno de Treino, do 3º ano A, da aluna Maria Conceição
Viegas.
PRINCESA D. ISABEL
Princesa D. Isabel
Mamãe disse que a
Senhora
Perdeu o seu lindo
trono
Mas tem um mais lindo
agora
No céu está esse
trono
Que agora a Senhora
tem
Além de ser mais
bonito
Ninguém o tira,
ninguém
Aí no céu quando
chegam
Anjinhos aos bandos
mil
Depressa a senhora
abraça
Os que chegam do
Brasil
Vejam a singeleza e a
ternura com que eram tratadas as figuras da História do Brasil. Garanto que
estas três estrofes imprimiram um amor tão grande à Princesa Isabel, que nem o
melhor texto seria capaz de tal façanha.
Apesar de ser apenas
um Caderno de Treino, surpreendo-me com tantas coisas, que sem querer, me vejo
comparando a menininha Maria, com a mestra Maria. Havia, realmente, algo de extraordinário
no seu jeito adulto de ser, que só pode realmente ter sido forjado pelas mãos
hábeis de excelentes mestres, como deve ter sido D. Iracema Amarante. D. Maria
gostava muito de cantar. O canto nada mais é que uma poesia musicada, mas para
cair no gosto dela, tinha que ser muito boa. Por isso, quando D. Maria cantava,
se entregava de corpo e alma, e as crianças também.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E O CADERNO DE TREINO
Confesso que fiquei emocionada ao analisar o Caderno de
Treino da menininha Maria Conceição Viegas. Tão pequenina e tão sobrecarregada
de deveres escolares. Tive a ideia de me colocar em seu lugar e fazer uma das tarefas
que um dia ela fez. É claro que não teria dificuldade, mas demonstraria o
quanto se exigia de uma criança de apenas sete ou oito anos.
Fevereiro de 1938
- Treino de ortografia, de 41 a 60
- Algarismos romanos,
de CCCXLI à CCCLXXX (341 a 380)
- Contas: 94 381 : 9 e por 38
- Lista individual
- Leitura do número
498 372 524 (Leitura e Decomposição)
Vou iniciar a tarefa.
Quero fazer exatamente como ela fez, copiando os acertos e erros.
41 - em-bo-ra
42 - en-gra-ça-di-nha
43 - e-xa-me
44 - en-ve-lo-pe
45 - em-bar-car
46 - en-can-to
47 - fos-se
48 - xxxxxxxxxxx
49 - fi-as-co
50-Gui-lher-me
51 - gros-se-ri-as
52 - hei
53 - Hu-go
54 - hon-ra-da
55 - ho-nes-ta
56 - hor-ror
57 - ho-je
58 - in-co-mo-da-da
59 - i-ma-gi-nar
60 - ir-ra-di-a-ção
CCCXLI
CCCXLII
CCCXIII
CCCXLIV
CCCXLV
CCCXLVI
CCCXLVII
CCCXLVIII
CCCXLIX
CCCL
CCCLI
CCCLII
CCCLIII
CCCLIV
CCCLV
CCCLVI
CCCLVII
CCCLVIII
CCCLIX
CCCLX
498 372 524: Este
número é quatrocentos e noventa e oito milhões, trezentos e setenta e dois mil,
quinhentos e vinte e quatro unidades simples. Ele tem três classes, a das unidades,
dezenas, centenas simples, a das unidades, dezenas, centenas de milhar, a das
unidades, dezenas, centenas de milhão. O 4 vale quatro, o 2 vale vinte, o 5
vale quinhentos, o 2 vale dois mil, o 7 vale setenta mil, o 3 vale trezentos
mil, o 8 vale oito milhões, o 9 vale noventa milhões, o 4 vale quatrocentos
milhões.
Nota: Errou as duas
contas da tarefa. Ao mudar de página para fazê-las, copiou o número errado.
Outro detalhe: no treino de ortografia, as palavras eram copiadas e em seguida
se fazia a separação das sílabas. Nesta tarefa foi omitida a cópia, só aparece
o treino de separação das sílabas.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS - ADMIRAÇÃO ETERNA
Os anos passaram, e toda vez que tenho oportunidade de falar
dela, eu me emociono, tamanha foi a influência que exerceu em minha vida.
Primeiramente, como minha professora de terceiro ano do curso primário, depois,
como minha primeira diretora. Já citei inúmeras vezes seu nome nas páginas
publicadas. Quero agora, com o consentimento de seus familiares, dedicar
algumas páginas exclusivamente a ela. Quero entrar no Túnel do Tempo, trazer a
menininha encantadora que deve ter sido “D. Maria”. Tenho em minhas mãos, seus
caderninhos de quando frequentou o grupo escolar, guardados com o maior carinho
pela família. Agradeço à Nilce que me confiou este imenso tesouro. Quero ser
digna de captar tudo aquilo que ali ficou registrado. Acredito que vamos nos
deliciar conhecendo mais ainda fatos de sua vida. Lembrei-me do livro “Bisa
Bia, Bisa Bel”, quando a netinha descobre a foto de sua bisavó criança e, a
partir de então, é tomada por tanto carinho, que transforma sua “bisa” na sua
melhor amiguinha, carregando-a sempre consigo, transformando-a em sua
companheira de todas as horas, escondidinha, bem pertinho de seu coração.
1937 - 1938: É desse
período os cadernos que tenho em mãos. São cadernos tipo brochura, sem pauta.
Na capa tem impresso: 3º GRUPO
ESCOLAR/CADERNO DE TREINO/3º ANO A/ ALUNA MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS/PROFESSORA D. IRACEMA AMARANTE
No espaço reservado para o nome da aluna, com uma letra
muito delicada, aparece o nome Maria Conceição Viegas, letra da própria
criança. No meu tempo de criança, este caderno era chamado de “borrador”.
Caderno de treino, nada mais era do que um caderno de tarefa. Para evitar desperdício,
as páginas eram numeradas. Porém, o que mais chama atenção é a quantidade de
tarefa e a ocupação de cada folha. O espaço era ocupado milimetricamente. Na
mesma página, dividida em colunas, cabia, às vezes, a tarefa de matemática e de
português. Mas a quantidade de tarefa era realmente espantosa. Acredito que se
a criança passava quatro horas na escola, ela passava mais quatro em casa
fazendo tarefa. Havia tarefas especiais para as férias, para o carnaval, para
os feriados, etc.
Vejam esta tarefa passada para os dias de Carnaval: Treino
Ortográfico (Uma lista com CEM palavras para serem copiadas e divididas em
sílabas), Lista coletiva do mês de janeiro inteirinha, Algarismos Romanos de
391 até 420, mais duas contas. Os algarismos romanos eram escritos em sequência:
391-CCCXCI, 392-CCCXCII, 393-CCCXCIII, 394-CCCXCIV... É interessante observar
que todo dia a tarefa seguia o mesmo esquema: Treino ortográfico, Algarismos
romanos, duas contas. Mesmo dominando a escrita dos numerais romanos, em toda
tarefa aparecia a exigência de se escrever uma sequencia. A escrita passava de
mil, dois mil, etc. Era fixação que não acabava mais! Vou publicar uma série de
páginas sobre a menininha MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS. É a forma que encontrei de
homenageá-la. Até a próxima.
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