terça-feira, 23 de dezembro de 2014

AS EMOÇÕES QUE NOS TOMAM NO ADVENTO

Raramente saio às ruas durante o dia. Porém, segunda passada, a necessidade me obrigou. Tive que ir ao médico e, na volta, uma feliz surpresa. Eis que alguém muito especial para mim me chamou. Dela recebi dois calorosos abraços em agradecimento pela página que publiquei em meu blog, falando de sua mãe, a professora Lilah. Esta pessoa se chama Cássia, a nossa querida artista, Cássia Rando, muito conhecida pela arte que produz e dona de uma sensibilidade fora de série. Sua mãe, a Lilah, minha querida amiga e colega de trabalho por anos a fio, emocionou-se até as lágrimas ao ouvir a página que dediquei a ela em meu blog. Cada vez que recebo um comentário a respeito do que escrevo, fico muito feliz, porque sei que estou alcançando meus objetivos, ou seja, homenagear pessoas que fizeram em suas vidas somente o bem, principalmente, como profissionais da educação. Foi o caso da Lilah. Embora com pressa, me detive algum tempo conversando com a Cássia. Emocionei-me também com o lindo presépio montado logo na entrada de sua “escolinha de arte”. Cássia, referindo-se a minha memória, disse que não se conforma como eu tenho vivas as lembranças e que eu tenho memória fotográfica. Respondi-lhe que não é fotográfica, mas sim afetiva. Guardo na lembrança, vivamente, tudo aquilo que me tocou positivamente. Quero continuar contagiando as pessoas relatando boas lembranças, envolvendo-as num clima que neutralize um pouco o “barulho” produzido pelo nosso mundo atual e permita curtir de uma outra forma os novos tempos. Eu tenho dificuldade de dominar toda essa tecnologia digital, porém, encontrei dentro da mesma, um recurso para continuar a fazer coisas que me dão prazer.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

2014 – INTERROMPIDA, DEPOIS DE QUATRO DÉCADAS, A CAMPANHA DAS MADRINHAS DE NATAL DO LAR DA CRIANÇA DONA ANGELINA ZILLO - SAIBA O PORQUÊ

Causou estranheza para muitos a ausência do tradicional convite para ser Madrinha de Natal de uma das crianças do Lar D. Angelina Zillo. Procurei pela responsável do mesmo, Irmã Lídia, que prontamente me acolheu e agradeceu por ajudá-la a justificar a interrupção da campanha neste ano. É claro que a maior parte da comunidade onde está inserido o Lar da Criança sabe da grande reforma que a Comunidade das Franciscanas está levando a frente, com o intuito de atender cada vez melhor as crianças ali acolhidas. Com um trabalho de formiguinha, de tempos em tempos, somos surpreendidos com inaugurações, Porém, somente elas e seus fiéis colaboradores sabem dizer os apuros financeiros para atingir seus objetivos. O Jornal Voz Católica trouxe uma matéria muito bonita sobre a inauguração da capela. Muito feliz, Irmã Lídia falou que no ano que vem teremos missas diárias às 6h30. Lembrei-me com saudades do tempo em que tínhamos, na Matriz, diariamente, a missa às 6h da manhã. Que bom, mais uma opção para a comunidade católica de Lençóis. Toda feliz, Irmã Lídia contou que o Lar da Criança já tem registro no MEC como Escola de Educação Infantil. Portanto, é uma escola reconhecida, com regimento próprio. Quem é da área da educação sabe como é difícil o reconhecimento e as exigências. Parabéns à Congregação das Franciscanas, que mantém escolas e colégios de alto nível em várias localidades do Brasil. Justamente pela necessidade de atender melhor as crianças, adaptando todos os espaços necessários ao seu desenvolvimento, é que neste ano ficou inviável a festa. Irmã Lídia disse que será mantido aquele encerramento com um almoço diferenciado, cheio de surpresas. Para o ano que vem, a campanha será repensada. Tudo vai depender do que acontecerá ao longo de 2015. Só podemos desejar muito sucesso para a Irmã Lídia, responsável neste momento pela sua administração. Um Feliz e Santo Natal a todos e um agradecimento especial a todas as Madrinhas de Natal, que ao longo de quatro décadas, se mantiveram fiéis!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O PIPOCAR DAS CAMPANHAS DE NATAL - QUINTA PARTE

Com o passar dos anos, minhas madrinhas de natal foram crescendo profissionalmente. Quem tinha apenas o Curso Normal, foi buscar formação superior. Os concursos públicos foram acontecendo. A Legislação da Educação trouxe novas exigências com relação à educação infantil. As creches foram se tornando uma realidade para atender os filhos de mães que trabalham. Grande parte de nossas professoras madrinhas, desejosas de fazer carreira, prestaram concursos públicos e foram trabalhar nas escolas de educação infantil como Diretoras e, também, responsáveis por creches. Já em seus novos cargos, lançaram o mesmo movimento nos seus estabelecimentos de ensino. A partir de então, praticamente todas as crianças, independente de sua condição social, tinham garantida a sua caixa de natal. No início foi tudo bem. Mas os mesmos problemas que enfrentamos no Lar da Criança, agora se repetiam nas creches, sem falar que para não dizer não, muitas madrinhas de natal assumiam mais que um afilhado. O gesto de generosidade, antes feito com tanto amor e desapego, começou a pesar. Os problemas foram se agravando e, em pouco tempo, o movimento de madrinhas de natal nas creches chegou ao fim. O único que sobrevive até hoje é o do LAR NOSSA SENHORA DOS DESAMPARADOS, que tem à frente minha grande amiga e companheira de jornada MARIA ÂNGELA TRECENTI CAPOANI. Desde que o movimento nasceu no Lar da Criança, sempre assumiu uma criança para ter como afilhada de Natal. Foi a Ângela que teve a iniciativa de introduzi-lo no asilo. Desde então, assumi uma afilhadinha de Natal, hoje com 102 anos. Quando aceitei ser sua madrinha, disse que seria madrinha dela enquanto ela vivesse. Ela se chama Dona Sebastiana. Deus lhe deu a graça de uma vida longa. Embora não esteja mais lúcida, foi sempre muito feliz, vaidosa, gostava de se enfeitar, de se arrumar, de se perfumar. Hoje está numa cadeira de rodas e recebe os cuidados das queridas irmãzinhas do asilo. É uma chama que permanece acesa nos seus 102 anos. Que Deus a abençoe sempre!

sábado, 13 de dezembro de 2014

PADRONIZAR OU NÃO AS CAIXAS DE NATAL? - QUARTA PARTE

Os anos foram passando, a campanha de Natal foi ganhando novas formas. O objetivo era tão nobre, e a generosidade das madrinhas tão grande, que oferecer para as crianças apenas a roupinha nova de Natal era pouco. Com isso, novos itens foram acrescentados. Por que não colocar um brinquedinho, uns docinhos? Que tal um boné para os meninos, uma pulseirinha para as meninas? E assim a caixa começou a crescer. Era impossível conter a generosidade das madrinhas. É claro que, a partir desse momento, os problemas começaram a surgir. As caixas, ou os pacotes, começaram a ficar de tamanhos diferentes, uns maiores,  outros menores, e houve a inevitável comparação. Passamos a conscientizar os pais da necessidade de só abrir as caixas ao chegar em casa. Era um pequeno sacrifício que estávamos oferecendo a Jesus. E assim foi. Como padronizar um presente oferecido com tanto carinho para uma criança? Cada um tem seu jeito de expressar a sua generosidade. O gesto para mim sempre foi mais importante do que o conteúdo da caixa. Quem põe altas expectativas nas cabecinhas das crianças são os adultos. Quem contamina a pureza delas são os próprios pais, que colocam o valor material acima de tudo. Este fato fez com que buscássemos alternativas para que, pelo menos exteriormente, as caixas fossem todas iguais, diminuindo o impacto da comparação pelo tamanho. Quem nos socorreu nesta tentativa por uns dois anos, foi a Indústria Orsi. As madrinhas não gostaram da iniciativa e voltamos a permitir que cada uma colocasse o presente da forma que lhe aprouvesse. Por que a ideia não deu certo? Porque estávamos interferindo na liberdade da madrinha externar a delicadeza de seu gesto, na confecção do pacote. Realmente, havia embalagens que eram verdadeiros presentes. Era uma festa para os olhos!
Nos primeiros anos da campanha, eu recebia as caixas em minha casa. Só levava para o Lar no dia da festa. Eu vibrava com a chegada de cada uma. Com isso, tinha oportunidade de agradecer pessoalmente cada madrinha e reforçar o convite para a festa de entrega. Poucas madrinhas passaram pela experiência de presenciar a entrega. Quem foi alguma vez, se emocionou muito.
Meus filhos foram se envolvendo de tal maneira com o meu trabalho, que acabaram me dando trabalho. Eram muito novos para entender que havia caixas para tantas crianças, e não havia para eles. Para contornar a situação, eu tive que fazer caixas para eles também, até entenderem o processo. Claro que a madrinha era sempre eu.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A FESTA DE NATAL IDEALIZADA PELA IRMÃ MARIA ANTONIETA - TERCEIRA PARTE

Enquanto eu fazia os contatos por telefone, as funcionárias do Lar da Criança levantavam os dados para fornecer para as madrinhas, ou seja, o tamanho da roupa e o número do calçado. No início da campanha, o mais importante era vestir a criança para a missa de Natal. Era um objetivo totalmente voltado para a parte religiosa. Como a maioria das madrinhas eram professoras e também tinham filhos pequenos, dávamos a ela a oportunidade de colocar na mesma caixa, roupas usadas em bom estado de uso, de seus filhos, assim como calçados. Eram tantas crianças, que conseguíamos unir o útil ao agradável. Foi assim por algum tempo.
Além de fazer o contato telefônico, com posse dos dados fornecidos pelo Lar, com a ajuda do mimeógrafo, eu fazia as cartinhas e entregava pessoalmente nas casas. Esse trabalho era feito à noite, com a ajuda de meu marido, sempre com meus filhos junto. No começo tinha apenas a Cássia. Depois veio o Evandro, o Fernando e por último a Viviane. Os quatro filhos acompanharam todo o processo ao longo dos anos. Minha maior alegria foi quando, já crescidos e empregados, também adotaram Afilhados de Natal.
Enquanto eu fazia a minha parte, as Irmãs do Lar preparavam com as crianças a festa para receber o tão esperado presente. Eram números lindos, preparados com muito amor. Eram cantos alusivos ao Natal, encenações, homenagens. O momento mais alto era a encenação do Nascimento de Jesus. Geralmente, a festa era marcada bem próxima do Natal. Todas as famílias das crianças compareciam. Era um momento muito familiar, muito forte. A emoção tomava conta de todos.  Nunca conseguimos a presença das madrinhas para fazer a entrega pessoalmente. Muitas preferiam o anonimato, outras, devido à compromissos, se esquivavam, mas as caixas que chegavam demonstravam com quanto carinho haviam sido feitas. Os olhinhos faiscavam intensamente durante toda a festa, ansiosos pelo momento da entrega. A curiosidade era tanta, que ao recebê-las, abriam ali mesmo. Ficávamos muito felizes, por vê-las tão felizes. Nunca deixei de comparecer. Tinha o dever moral de representar minhas queridas Madrinhas de Natal. Como havia sempre um cartão da madrinha para a criança, muitas conseguiam descobrir de quem haviam recebido o presente. E assim foi por muitos anos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O SONHO DA IRMÃ MARIA ANTONIETA - SEGUNDA PARTE

O grande objetivo da Campanha de Natal lançada pela Irmã Maria Antonieta de Mello era que cada Madrinha desse de presente, para seu afilhadinho, a roupinha nova para ir à missa no Dia de Natal. Era um objetivo totalmente voltado para a grande festa do NASCIMENTO DE JESUS. Era tão terno, que a pessoa convidada, dificilmente, recusava o convite. O primeiro passo seria elaborar uma lista de Madrinhas, com seus respectivos telefones, e fazer o convite. Por anos a fio, mais ou menos dois meses antes do Natal, por noites seguidas, eu ia fazendo as ligações. Com o passar dos anos, as madrinhas que se mantiveram fiéis, ao atender a minha ligação, já sabiam que eu estava anunciando o Natal das Crianças do Lar. Muitas vezes, não precisava nem completar o pedido, eu já ouvia um sonoro SIM. O que ficou na minha lembrança era o desejo da grande maioria, um afilhadinho bem pequenininho, como se fosse o próprio Menino Jesus. É claro que nenhuma criança, independente da idade, sexo, filiação, ficou sem madrinha. Enquanto Irmã Maria Antonieta permaneceu em Lençóis, teve a satisfação de ver a sementinha por ela plantada, germinar, dar muitos frutos, colocando no coração de todos o verdadeiro sentido do Natal. Chegou o dia de Irmã Antonieta ser transferida de Lençóis para Bernardino de Campos. Sempre nos mantivemos ligadas. Trocávamos correspondências. Nunca deixou de responder nenhuma de minhas cartinhas. Guardo-as até hoje. Todo Natal, depois da festa, escrevia e descrevia como havia sido a festa. Ela respondia feliz e sempre orava por mim e pela minha família.
Do Lar da Criança Dona Angelina Zillo, ela foi transferida para o Asilo de Bernardino de Campos. Próximo do Natal, no mesmo ano em que lá chegou, arregaçou as mangas e iniciou a mesma Campanha de Natal, só que direcionada para os Velhinhos do Asilo. Enquanto viveu, manteve essa garra. Foi uma incansável guerreira. Quem ouve a descrição de seus feitos, imagina uma pessoa jovem, de físico robusto, olhar autoritário, sempre disposta a conseguir seus objetivos. Está completamente enganado. Era um tipo mignon, baixinha, miudinha, de idade avançada, serena, suave, terna, mas de um vigor a toda prova. Guardo e vou publicar algumas mensagens que ela me enviou. Era muito prendada. Fazia os próprios cartões que mandava. Pintava e desenhava no papel vegetal. Quanta delicadeza nos seus gestos. Nas cartinhas que me enviava, colava figurinhas, mandava santinhos, orações e sempre pedia pela padroeira do Lar. De Bernardino de Campos, Irmã Antonieta ainda foi transferida para Sorocaba. Já com idade bastante avançada, foi recolhida ao Anexo do Hospital de Lindóia, cuidado pelas Irmãs de sua congregação, as Franciscanas, para onde vão todas as Irmãs que não têm mais condições de trabalho. De servidora, passa a ser servida por suas irmãs. Enquanto viveu ali recolhida, fui visitá-la algumas vezes. Hoje é mais um anjo no céu. Releio e me alimento com suas mensagens. Tenho muitas saudades dela. É uma poderosa intercessora, junto a Deus, pela sua congregação, disso tenho certeza!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

UM ANJO QUE CAIU DO CÉU - PRIMEIRA PARTE

Há mais ou menos quatro décadas, um anjo caiu do céu diretamente sobre o Lar das Crianças Dona Angelina Zillo. Este anjo atendia pelo nome de Irmã Maria Antonieta de Mello. Um dia, atendendo seu chamado, fui procurá-la. Quem falou de mim para ela, eu não sei, mas fiquei muito feliz em poder ajudá-la no que ela se propunha a fazer. Irmã Antonieta queria lançar a Campanha de Natal em benefício das crianças do Lar. O Lar da Criança Dona Angelina Zillo sempre teve como objetivo acolher crianças de mães que trabalham, desde bebês, até a idade escolar, muitas vezes, até ultrapassando limites de idade. Assim, acolheu crianças desde a mais tenra idade até dez, onze, doze anos. Por décadas, serviu às famílias. Com muita caridade, zelo, amor, procurava suprir a ausência da família durante o dia, recebendo as crianças logo de manhã e entregando-as no final do dia. Tudo era cuidado com o maior carinho: as refeições, o banho, as brincadeiras, o soninho depois do almoço, a catequese, as primeiras atividades escolares, os cantos, etc. Eram verdadeiros Anjos da Guarda destas crianças. Voltemos ao desejo da Irmã Maria Antonieta de Mello: ajudá-la na Campanha de Natal pelas Crianças do Lar. O grande objetivo da campanha era encontrar uma MADRINHA DE NATAL para cada criança do Lar. Recém-chegada em Lençóis, Irmã Antonieta precisava de alguém que a ajudasse a procurar essas pessoas que se dispusessem a colaborar, aceitando um afilhadinho de Natal. É claro que aceitei de imediato, pois tinha todas as condições para realizar o seu pedido. A ideia era linda, os contatos começariam pelas escolas, no meu ambiente de trabalho. As madrinhas, com certeza, seriam minhas colegas de profissão, professoras, e seriam elas também, minhas melhores auxiliares na busca de madrinhas suficientes para a grande demanda do Lar, que nunca foi inferior a cem crianças matriculadas. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

VÍDEO DOCUMENTÁRIO - CONVITE

No dia nove de dezembro (terça- feira), às 19h30, a EMEF ESPERANÇA DE OLIVEIRA será palco do lançamento do VÍDEO COMENTÁRIO que conta a história do CENTENÁRIO DA ESCOLA ESPERANÇA DE OLIVEIRA. Assim, a escola encerra com chave de ouro as festividades em honra aos cem anos da mesma. O vídeo é esperado com grande ansiedade, pois trata-se de uma inovação na forma de deixar para a posteridade  a história de um século de trabalho em prol da educação. Ansiedade por parte de todos que escreveram a sua história. Com certeza, as cenas que serão mostradas, despertarão em todos, além do sentimento de saudade, o orgulho de ter passado por seus bancos e por grandes mestres.
Quando iniciei o meu blog, tinha por objetivo, registrar a minha trajetória profissional. Por esse motivo, paralelamente a tudo que estava sendo preparado, registrei todas as minhas lembranças de aluna nesta escola querida. Berço de minha formação, por ali passei quando fiz o primário, ali retornei como estagiária do curso normal e como professora efetiva já em final de carreira. Só não encerrei a minha carreira profissional na escola de minha infância, porque, tendo prestado um concurso para diretora, tive que dizer adeus e assumir um novo cargo.  Mais uma vez, quero expressar minha gratidão aos meus primeiros professores: D. LEDA, D. ZILDA, D. CLÉLIA, D. MARIA e D. MARIAZINHA; aos queridos diretores: S. NASCIMENTO, S. ELZO, S. SEBASTIÃO e S. GERALDO. Saudades de meus coleguinhas de classe, que por motivos variados tomaram outros caminhos. E a alegria de ter tido a oportunidade de conhecer e trabalhar com grandes mestres no final de minha carreira, cuja amizade conservo até hoje. Minha admiração por todos que tiveram a feliz ideia de comemorar o centenário de nosso querido grupo escolar, com tão grande destaque. O passado deve ser reverenciado. Podemos olhar para trás e fazer isso. No futuro, que outras gerações olhem, reconheçam e reverenciem também o que construímos!

sábado, 6 de dezembro de 2014

A ÁRVORE GENEALÓGICA

Tão importante quanto visitar um museu, é construir a árvore genealógica da família. Na minha época de criança, nós não demos a devida importância a mesma. Que bom que hoje, ela faz parte do currículo escolar. Logo cedo, nossas crianças descobrem dados importantíssimos da formação da família a qual pertencem. Através da História de seus antepassados, compreendem melhor a questão da imigração, as atividades econômicas de séculos atrás, o desenvolvimento do país. Quando meus filhos nasceram, como toda mãe, comprei e comecei a preencher o álbum do bebê, anotando em cada um deles, fatos importantes de suas infâncias. As primeiras páginas eram dedicadas à árvore genealógica: pais, avós maternos, avós paternos, etc. Hoje, na escola, vão além, pesquisam os nomes dos bisavós, trisavós, nacionalidades, etc. E assim, através da própria História, elas vão se inserindo  num universo maior. Em Lençóis, predomina a descendência italiana. Com a internet, a comunicação se ampliou e a facilidade de levantar dados ficou ao alcance de todos. Quantos descendentes de italianos descobriram familiares na longínqua Itália e se aproximaram. Quantos conseguiram dupla nacionalidade graças a esse parentesco. Quantos vieram conhecer o Brasil em visita a parentes e vice versa. Assim aconteceu na minha família (Boso) e na família do Belmiro (Radichi e Cavassutti). Era uma festa quando chegava alguém da Itália. Eles ficavam encantados com os nossos costumes e com as belezas do nosso país. Também souberam acolher e hospedar todos que tiveram oportunidade de ir para lá.
Passado, presente e futuro. O passado já está escrito, o presente estamos escrevendo e o futuro está para se realizar. A proximidade com o Natal nos enche de esperança, renovando nossas forças na construção de um mundo onde a paz e o progresso caminhem sempre juntos. Que as gerações futuras saibam também respeitar a História que estamos escrevendo no presente.  

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

CAIXAS REGISTRADORAS

Que fonte inesgotável de conhecimentos é um museu. Que oportunidade inigualável de valorizar tudo que está a nossa volta! As crianças arregalam os olhos, quando acompanhando-as, contamos histórias de tudo que já presenciamos em nossas vidas e que agora são parte de um museu. No museu, foi diante de uma Caixa Registradora que me detive. Tão antiga, mas que reluzia como se fosse nova, e ali toda imponente, consciente de seu valor, se exibia orgulhosa de sua utilidade em épocas passadas. Para chegar à calculadora, o homem passou por um processo primitivo de contagem, fazendo a correspondência entre pequenos objetos como pedrinhas, pauzinhos e quantidades de coisas que queriam contar, até que surgissem os números. O alfabeto e os números causaram uma revolução na humanidade! A imprensa possibilitou a preservação de nossa História, antes só transmitida oralmente.  Impressoras antiquíssimas, importadas, que fizeram a diferença na comunicação, também estão ali, levando-nos a imaginar o trabalho que devia dar para editar um jornal. Outra máquina que me deixou impressionada foi um tear importado da Itália. Peça de Museu, realmente. Interessante notar que a essência, ou melhor, o processo que faz a linha se transformar em tecido, permanece, o homem só vai aperfeiçoando o maquinário. Do tear manual para o tear industrial, a matéria prima é a mesma, é o fio se transformando em tecido. Do fio produzido pelo bicho da seda até o fio de garrafas pet, tudo se transforma em tecido no tear.
Quando Deus criou o homem, dotou-o de uma inteligência sem limites. E assim a humanidade é desafiada a dar sempre mais um passo, que nunca será o último. Isto é evolução.
Quando a calculadora de bolso começou a virar moda, fiquei muito revoltada com a sua utilização pelas crianças. Muitas já tinham dificuldade na matemática, agora estimuladas pelos adultos, começavam a usar a mesma para conferir resultados de operações passadas como tarefa. A rapidez com que aprenderam a utilizá-la, levou-as a concluir que fazer operações era perder tempo. Ela resolvia tudo em segundos. Para saber utilizar a ferramenta é preciso um alicerce bem feito. De que vale ter a mais moderna calculadora se desconheço como devo raciocinar e operar para chegar ao resultado que quero? Daí a importância do ensino de Matemática, passando por todas as etapas, até que os principais conceitos sejam assimilados.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

ALÔ, QUEM FALA?

Há poucos dias vi na televisão uma reportagem sobre os orelhões. Na cidade de São Paulo já foram reduzidos praticamente à metade. Perderam a sua função, além da sua manutenção ser muito cara. Em curtíssimo espaço de tempo ficaram obsoletos. Nem os vândalos perdem mais tempo destruindo-os. Lembro-me também de ter lido em algum lugar, quando a comunicação ainda era por telefone, que ia chegar um dia que, além de ouvir a voz, veríamos a imagem da pessoa com quem estaríamos conversando. Tudo aconteceu tão depressa, que o telefone, praticamente foi substituído pelo celular. Hoje, se temos histórias para contar, é porque as coisas não aconteceram com a mesma velocidade atual. Não sei como será a memória de nossas crianças no futuro, tal a velocidade dos acontecimentos. Será que continuarão a valorizar o passado? Será que recordar será um ato prazeroso? Vamos deixar de filosofar e vamos curtir o nosso querido telefone.
Quando eu era criança, a única casa da família que tinha um telefone era a da minha tia Nega. Era uma caixa presa na parede, tinha um bocal fixo, mas a parte de se colocar no ouvido ficava pendurada numa espécie de gancho. A ligação era feita pela telefonista. Para chamar a telefonista, tinha uma pequena manivela. Ao girar, ela produzia um som de campainha e caía no posto telefônico. Gentilmente, a telefonista atendia e fazia a ligação. Não havia discagem direta à distância. Era preciso ir até o posto telefônico, levar o número e pagar para a telefonista fazer a ligação. Minha avó tinha uma prima que morava em São Paulo. Quando queria conversar com ela, procedia assim. Eu ia sempre junto. Havia uma cabine para conversar. Não podia falar muito. A ligação interurbana era muito cara.
No museu, foram modelos expostos como esses, que me despertaram a atenção. Chamei minha netinha de seis anos e comecei a falar sobre o telefone do meu tempo de criança. Não notei interesse nenhum. Talvez o modelo mais recente de celular fizesse mais sucesso. Só não saí chateada porque ela se interessou por Santos Dumont e a mãe fotografou tudo que pôde para ela levar para a professora. Menos mal, fiquei feliz pela professora que conseguiu despertar nela a admiração pelo Pai da Aviação. Será uma futura Comissária de Bordo?

sábado, 29 de novembro de 2014

SONHAR É PRECISO!

O Museu Eduardo F. Matarazzo me encantou, principalmente, pela História da Aviação. Por ter um neto concluindo o Curso de Ciências Aeronáuticas, já praticamente com a formação concluída de Piloto Comercial, acho que me tocou mais ainda. Jamais poderia imaginar, que com seu jeitinho tímido, reservado, meu neto acalentava o sonho de voar. Desde pequeno era um apaixonado por avião, trem, trator. Campo de Aviação e Estação Ferroviária eram os lugares preferidos para passear. Porém, ele guardou o seu desejo muito bem guardado. Quando estava para concluir o Ensino Médio, toda a família ficou preocupada em saber qual seria sua opção para continuar os estudos. A grande surpresa: Ciências Aeronáuticas, ser piloto. Reação geral: preocupação. Mas que sonho é esse? Era um sonho acalentado desde criança e que agora poderia ser concretizado desde que reunisse todas as condições necessárias para exercer tal profissão. O pai, que também é apaixonado pela aviação, foi quem deu o maior apoio. Além de todo estudo e conhecimento que se exige, a saúde tem que estar perfeita. Anualmente deve ser feito um exame médico completo, além de provas dificílimas que são aplicadas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Comercial) para testar os conhecimentos. E assim, sucessivamente, o aluno vai vencendo todas as etapas da formação. X horas de voo são exigidas para cada categoria de piloto, até chegar a piloto comercial. É muito bom saber que, quando voamos, estamos nas mãos de profissionais muito bem preparados. Parabéns, Júnior, que Deus te abençoe na profissão que escolheu!
Voltemos ao museu. Como já disse anteriormente, além do imenso pátio onde ficam, no tempo, aviões muito antigos, doados ao museu, existe um galpão enorme, dividido em salas estreitas e compridas, onde podemos ver, enfileirados, carros antigos das mais variadas marcas e modelos. Quando me deparei com o primeiro modelo idealizado por Henri Ford, que percorreu as ruas de Detroit, fruto de sua famosa Linha de Montagem, sistema que revolucionou a indústria automobilística, fiquei paralisada. Genialidade! Lembrei-me também de meu professor de Administração Escolar, Dr. Nelson Brollo. Foi com ele que conheci o Sistema de Linha de Montagem. Só não gostei de um pequeno adereço na traseira do carro, onde, segundo explicações a nós transmitidas, eram amarrados os escravos, que por alguma razão mereciam castigo . Eram arrastados pelas ruas.
A coleção de carros antigos é valiosíssima. Todos se apresentam com pintura reluzente, os metais polidos, e quando há necessidade, são retirados para restauração. A entrada e circulação no recinto são controladas por câmeras. Paga-se ingresso e o local é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. Na próxima página quero falar de outras coisas que me impressionaram muito, como por exemplo, os telefones.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

BUSCANDO INSPIRAÇÃO

Enquanto aguardo ansiosamente os dados para encerrar com chave de ouro a minha homenagem à grande mulher MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS GARBINO, quero relatar um fato que me deixou profundamente impressionada. Tudo isto aconteceu há mais ou menos oito dias, quando fui à cidade de Bebedouro, assistir à solenidade de Formatura de meu genro, que fez um MBA voltado para a sua área de atuação. Pude testemunhar quanto trabalho, dedicação, sacrifício, empenho, perseverança é preciso ter para se manter atualizado, trabalhando e estudando, para servir cada vez melhor. Antes de mais nada, parabéns a ele! Bebedouro, um município com uma população igual a de Lençóis, é onde fica a sede da CREDI CITRUS, cooperativa por excelência, que possui em Lençóis uma filial. Foi lá que ele fez o curso. Depois da belíssima festa, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco a cidade. Um dos locais mais interessantes da cidade é o Museu Eduardo F. Matarazzo. Aqui aproveito para render minha homenagem ao nosso grande Historiador e Pesquisador Senhor Alexandre Quito e às suas filhas Therezinha e Meiry, pela grande prova de amor ao nosso Município, continuando a obra de seu pai e zelando incansavelmente pela preservação de nossa História. Não podemos comparar a organização do nosso museu com a do museu de Bebedouro. Em Bebedouro, o que predomina é a grande quantidade de modelos de aviões, carros, máquinas industriais, teares, impressoras, caixas registradoras, telefones, etc. É muito emocionante o contato com os primórdios da era industrial, com o primitivismo daquilo que fez o sucesso de seus criadores na época. Quando visitamos o nosso museu, o Museu Alexandre Quito, somos tomados pela emoção de que tudo que ali está exposto, nos pertence, saiu de nossas casas. A nossa sensibilidade diante de tudo que está ali faz com que nos sintamos parte daquela história. Já a sensação de quem entra no Museu de Bebedouro é de que estamos partilhando da História do Mundo. Vou tentar descrever o espaço ocupado pelo museu. É tão amplo, que inúmeras aeronaves se encontram espalhadas pelo mesmo. Era meio dia quando eu, já cansada de percorrer o recinto, sentei-me em um banco, embaixo de uma sombra gostosa produzida pela asa de um enorme Boeing. Dizem que aquele foi o Boeing que trouxe a nossa seleção em 1958. Tive a sensação de que nossos aviões modernos parecem pequenos perto dele. Pura ilusão. Não preciso dizer que ficamos encantados com a oportunidade. Bem a minha frente, uma máquina à vapor, uma Maria Fumaça. Incrível recordar que na minha infância tive o privilégio de viajar de trem, trem à vapor, daqueles que paravam na estação para abastecer de água, e com o fogo, produzia o vapor, que impulsionava a máquina. Isto sem falar da sua chegada à estação, imponente, assustadora, soltando muita fumaça, aguardada por um sino que tocava quando ele estava partindo da estação anterior. Lembranças maravilhosas de infância. Há pouco tempo tive oportunidade de levar as duas netas de seis anos para um passeio de trem, uma Maria Fumaça autêntica, que nos levou de Campinas até Jaguariúna, passando pelas grandes fazendas de café, tudo conservado para contar a História do Café, quando o Brasil era um dos maiores produtores do mundo. Embora pequenas, curtiram muito o passeio, principalmente, por começarem a relacionar passado e presente, informações transmitidas pelos adultos e realidade. Na próxima página, vou detalhar mais algumas impressões que ficaram dessa visita.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

FINAL DE SEMANA - ALMOÇO em FAMÍLIA

Que tal experimentar uma receita nova? Já tenho em mãos uma que com certeza fará sucesso! É o Bolo Salgado de Caju, do caderno de receitas da D. Maria. Vejam como é fácil. Tomem nota dos ingredientes:
3 ovos inteiros
½ xícara de chá de óleo
12 colheres de sopa de farinha de trigo
2 colheres de sopa de Pó Royal
1 xícara de chá de Suco de Caju Maguary
1 xícara de chá de leite
Sal à gosto
50 g de Castanhas de Caju
50 g de queijo parmesão ralado
RECHEIO
3 xícaras de chá de palmito picado
1 lata de atum desfiado
Salsa e cebolinhas picadas
3 colheres de sopa de tomates picados
2 colheres de sopa de Castanhas de Caju picadas
MODO DE PREPARAR
1-      Misture todos os ingredientes do recheio e reserve.
2-  Bata todos os ingredientes da massa no liquidificador e despeje metade em uma forma untada. Coloque o recheio reservado e cubra com o restante da massa.
3- Leve ao forno moderado por aproximadamente 30 minutos ou até dourar ligeiramente.
RENDIMENTO: 18 porções.
Observação: Se esta receita está no caderno de D. Maria, com certeza foi testada. Assim que puder vou fazê-la. Não será neste final de semana, mas prometo dar o retorno.


sábado, 22 de novembro de 2014

ENCONTRO DE PROFESSORES APOSENTADOS

A Jeanice Moretto Mattos sempre estimulou o Encontro de Professores Aposentados para comemorar o Dia do Professor. Junto com outros colegas e com certa antecipação, preparavam com o maior carinho o evento. Tinha que começar com a Santa Missa e depois um Jantar. E assim foi por muitos anos. Incansavelmente, pegava o telefone e ia fazendo os contatos. Os professores aposentados que moravam perto de Lençóis sempre prestigiaram o evento. O casal ELZO TERRA GARBINO E ESPOSA sempre prestigiou o encontro. Jeanice não perdia a oportunidade de tirar uma foto. Eis que encontro no caderno de receitas da D. Maria, coladinho na contra capa, um recorte de jornal com a foto do casal e a Jeanice, registrando o seu entusiasmo com a presença dos dois. Enquanto viveu, D. Maria deve ter olhado com carinho a foto, toda vez que ia procurar uma receita. Escolheu o lugar certo para eternizar este momento de alegre convívio. Por muitos anos o casal esteve presente. Com a municipalização e a Associação de Funcionários Públicos Municipais, nosso evento começou a se diluir. Neste ano não houve sequer a Missa em Ação de Graças. Uma pena!
D. Maria gostava muito de citações. Eis algumas interessantes que encontrei no seu caderno de receitas:

“Três coisas em demasia e três coisas em falta são perniciosas aos homens: falar muito e saber pouco; gastar muito e possuir pouco; se estimar muito e valer pouco”.

“O trabalho nos livra de três males: o tédio, a pobreza e os vícios”.

“Cobiça é querer o que o outro tem.
Ciúme é não querer perder o que tem.
Inveja é não gostar do sucesso do outro.
A pessoa feliz não tem inveja. A dor da inveja só se mitiga com o amor. O verdadeiro amigo é o que suporta seu sucesso”.

D. MARIA ERA ASSIM. QUE SAUDADES! 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

CONVIDADOS À MESA

Em postagens anteriores, tive oportunidade de destacar o valor de ter um convidado à mesa com a família. Um hóspede é sempre um mensageiro de fraternidade e traz alegria. Além de tudo, faz com que os anfitriões se esmerem na arrumação da mesa e caprichem na preparação dos pratos. D. Maria dizia sempre: “A intimidade, a alegria, o diálogo entre os familiares no momento da refeição, nunca deve ser quebrado com discussão de problemas. Também destacava a importância de agradecer a Deus pelo alimento. Hoje, tomando em minhas mãos seu caderno de receitas, fiquei imaginando a D. Maria folheando-o e escolhendo receitas que encheriam os olhos de sua família e satisfariam o prazer de degustar uma comida preparada com amor. São tantas receitas, tanto salgadas como doces, que ficou difícil escolher uma para colocar no meu blog. Acabei de escolher uma bela sobremesa. Acho que D. Maria nunca teve problema com peso. As receitas são maravilhosas. Um detalhe interessante: D. Maria tinha o cuidado de colocar sempre o nome de quem lhe havia dado a receita. A receita da TORTA ALEMÃ traz, no final, o nome ZÉLIA.

TORTA ALEMÃ
250 g de manteiga sem sal
200 g de açúcar
3 gemas
Bate-se até ficar branca. Junta-se 2 latas de creme de leite geladas e sem soro. Mistura-se sem bater.
Com o soro do creme de leite, mais um cálice de licor de cacau, 2 colheres de açúcar e 1 xícara de leite de vaca bem misturados, molham-se 2 pacotes de bolacha Maizena.
MODO DE ARMAR
Forra-se um pirex com papel alumínio. Vai-se colocando as bolachas molhadas para forrar o fundo e as laterais. Coloca-se depois em camadas: o creme, as bolachas, uva passa que deve ter ficado de molho no licor de cacau. Cobre-se com papel alumínio e leva-se para gelar.
NO DIA SEGUINTE
Vira-se a torta sobre uma travessa e cobre-se com a seguinte calda:
8 colheres de Nescau
2 colheres de açúcar
1 colher de manteiga
2 xícaras de leite
Leva-se ao fogo para engrossar.

Que tal experimentar a Torta Alemã, neste final de semana, com a família reunida?    

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

TESTEMUNHO DE VIDA

Para comprovar cada frase escrita pela D. Maria nas páginas publicadas, basta olhar sua própria vida. Lembro-me de um trecho escrito por ela falando da forma como devemos tratar nossos empregados. Imediatamente, me veio à cabeça a figura da Creusa, fiel servidora da D. Maria.
D. Maria teve quatro filhos e, naturalmente, não deve ter sido nada fácil dar conta dos afazeres domésticos, da educação dos filhos, do trabalho fora de casa e ainda continuar os estudos, seguir carreira. D. Maria, com certeza, encontrou na Creusa seu braço direito. O que tinha de extraordinário a Creusa? Era uma menina de família simples, que amparada pela D. Maria, exerceu dignamente seu trabalho na casa dela, e dela recebeu todo apoio para crescer na vida, frequentar uma escola e se formar professora. D. Maria não dava o peixe, ensinava a pescar. Enquanto D. Maria precisou dela, ela lá esteve. Ao mesmo tempo em que seus filhos cresciam e estudavam, à Creuza também era dada a oportunidade de conquistar uma profissão através do estudo. Quando chegou a vez da Creusa assumir sua profissão, creio que D. Maria já estava se aposentando e com os filhos encaminhados. A fiel empregada exerceu sua profissão, se casou, constituiu família e com certeza carrega em seu coração a figura desta grande mulher, Maria Conceição Viegas Garbino!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

MÉDICO LANÇA HOJE SUA PRIMEIRA OBRA: “O PROFESSOR E O FABRICANTE DE PARA-RAIOS-ENSAIOS SOBRE QUASE TUDO”

Esta manchete é do jornal de Bauru, do dia quatro de novembro. Já havia recebido o convite para participar do lançamento do livro, mas a surpresa foi por conta do autor, nada mais, nada menos, do que o filho de Dona Maria Conceição Viegas Garbino e Seu Elzo Terra Garbino. O ditado diz: ”Filho de peixe, peixinho é”. Doutor José Antonio Garbino deve ter herdado de seus pais o gosto pela literatura, deixando-se envolver pela criatividade e dando asas à imaginação.
Neste livro, o autor cria um diálogo em prosa direta, entre dois personagens principais: um professor “peagadê”, como ele mesmo define na obra, e que não deixa de ser seu alter-ego, e seu tio Valentim, um homem prático, inventor e com ideias e vivências muito particulares.  Capítulos narram os encontros de família na Casa das Tias, onde em cada um deles, assuntos relevantes são discutidos entre os dois: Erotismo e Pornografia, Pecado, Preconceito, Religião entre outros. O diálogo que surge, então, é muito revelador e reflexivo, com cada um mostrando sua maneira de enxergar o mundo e os homens, sendo sinceros em suas colocações. (Anotações tiradas do artigo do jornal de Bauru)
José Antonio Garbino é médico neurofisiologista, escritor e pintor. O lançamento do livro aconteceu no Espaço Cultural Lêonidas Simonetti, na rua Marcos Augusto Genovêz Serra, 3-35
No mesmo local encontram-se expostos os quadros pintados por ele. Vale a pena conferir o talento do médico, escritor e pintor. A exposição permanecerá até o início de dezembro.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

DISCURSO DE FORMATURA - COMENTÁRIO

Quem conheceu a Diretora Maria da Conceição Viegas Garbino, sabe  com que autoridade ela escreveu tal discurso. Ela conseguiu colocar, no papel, exatamente a sua experiência de vida. A mulher, a mãe, a professora, a diretora, a líder, teve sua formação forjada exatamente nos moldes que ela agora propõe aos seus afilhados. Conheci grande parte da vida de Dona Maria, tanto familiar, como profissional. Conduziu a educação de seus filhos exatamente da forma que agora propõe aos seus afilhados.
Um marcante traço dessa educadora realmente era a tenacidade com que perseguia seus ideais. Já tive oportunidade de dizer que ela, como diretora, nos envolvia de uma tal maneira, nos motivava tanto, que vivíamos em busca constante de aperfeiçoamento. O mesmo procedimento que tinha em relação aos filhos, adotava conosco, e nós ficávamos felizes com isso. Era insaciável a sua sede de saber. Lia muito. Era muito culta.  Quando veio para Lençóis, era apenas uma excelente professora primária, casada com um diretor de escola. Nem a profissão, nem a família que constituiu, foram motivos para deixar de lutar e crescer. Correu atrás de formação superior. Foi assim que galgou mais um degrau na carreira. Tornou-se Diretora de Escola, permanecendo no cargo até a aposentadoria.
Seu Elzo, companheiro de todas as horas, excelente profissional, zeloso chefe de família, também encontrou tempo e estímulo para cursar Direito. O casal teve quatro filhos, um radicado em Lençóis, os outros divididos entre Bauru e São Paulo. Depois de aposentados, mudaram-se definitivamente para Bauru. Enquanto viveram, sempre prestigiaram nossa cidade. Gratidão eterna a Dona Maria e ao Seu Elzo!                                     

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

TRECHOS DE UM DISCURSO DE FORMATURA

D. Maria inicia assim:
“Foi com grande emoção e profundamente sensibilizada, que recebi o convite para paraninfar a 1º turma que conclui o 1º grau neste estabelecimento.
Um gesto de simpatia de meus queridos alunos, que muito honra a diretora desta escola, que teve o privilégio de conhecê-los nestes anos de convivência, e que embora não muito constante, concedeu-me o conhecer e apreciar a delicadeza de seus atos, a sinceridade de suas palavras, a alegria de viver que irradia de seus corações, tão natural nessa idade de vocês - a juventude - quando existe todo um florescer de ideias e esperanças.
Meus queridos afilhados, confesso com gratidão: os mestres se contagiam dessa exuberância de vida, desse calor humano que os jovens comunicam.
No desejo de dirigir-lhes a palavra neste dia festivo em que concluem o 1º grau, procurei com especial carinho, perscrutar o meu coração de mestra e amiga para transmitir-lhes uma mensagem que lhes pudesse ser útil, no momento maravilhoso em que ingressam no grande concerto da vida, que é luta renhida, é combate, que aos fracos abate e aos fortes só pode exaltar, nas palavras sábias do poeta patrício, Gonçalves Dias.
A vida, meus jovens, não é um acidente onde podemos conquistar com negligência ou irresponsável liberdade, um objetivo qualquer. É, pelo contrário, uma obra contínua de criação. A suprema criação de si mesmos, de sua personalidade, de seus valores morais e espirituais. É tarefa árdua que não admite vacilações.
A mente dos jovens pode ser comparada a uma oficina onde se realizam complicados processos. Nela trabalha a imaginação que a semelhança de um arquiteto fantástico, constrói complicados castelos aéreos, viaja a enormes distâncias, cria ideias, concebe esperanças e faz perder um tempo valioso prendendo o jovem em seus sonhos. Não se deixem enlevar pelo prazer que o exercício da imaginação proporciona, pois, ele pode transformar-se em um hábito que os despojará de preciosos momentos, dos quais necessitarão para edificar um futuro grandioso e feliz.
O tempo passa para não voltar, estabeleçam-lhe, pois, ajustado cerco, para que não lhes escape, privando-os da matéria prima com a qual devem edificar seu futuro.  Uma boa maneira de aproveitar o tempo, consiste em planejar as atividades no dia a dia, depois, é preciso revestirem-se de toda força de vontade possível, para executar fielmente o plano traçado, sem permitir que algum usurpador de tempo, os desvie da meta fixada.
Experimentarão a grande satisfação de serem pessoas organizadas, e colherão os frutos que o aproveitamento do tempo e a firmeza de propósitos trazem. Não demorará que se coloquem na dianteira dos colegas, a brilhar na escola em virtude dos seus conhecimentos, e nas reuniões sociais pela agudeza da inteligência; e quando se tornarem independentes e forem homens e mulheres de bem, olharão com satisfação para os dias da juventude, cheios de luta, de esforços e planificações..
Sejam, pois, perseverantes, persigam seus ideais. Sem a perseverança, muitos nomes ilustres não teriam sido escritos nos anais, na história. Ela representa o esforço de anos na realização de um sonho, dias e dias de fatigantes estudos, que provam a fibra do acadêmico, lustros e lustros de trabalho na aquisição de um patrimônio.
Quando a escalada é íngreme e outros desanimam, o perseverante, com os olhos fixos no alvo, encontra reservas de um tesouro oculto, que é a sua vontade férrea.
Tem-se dito que a inconstância é um dos pontos frágeis da maioria da juventude. Esta, geralmente, qual borboleta saltita em várias direções, quando se trata das realidades da vida. Sem uma definição, sem saber propriamente o que quer, a mocidade vacila e arfa como as ondas do mar.
Se por um lado o mundo hodierno está repleto de frivolidades, atraindo ao terreno encantado do materialismo destruidor, por outro, jamais esteve tão rico de oportunidades para um seguro preparo da vida. Em toda parte estão abertos os ensejos para a mocidade se preparar. E é esse preparo, apoiado pela ação, pela iniciativa, pelo trabalho perseverante, que leva a mocidade ao verdadeiro triunfo.
Aproveitem, queridos afilhados, as oportunidades que a vida lhes oferece e estarão cumprindo o seu dever. A vida impõe a cada um de nós, a obrigação de proporcionar maiores oportunidades aos nossos descendentes do que as recebidas de nossos antepassados. Essa é a lei do progresso e nossa dívida para com a sociedade.
Os que oferecem menos oportunidades de desenvolvimento aos seus descendentes ou iguais as que receberam, estão em falta com a vida. Nossos avós puseram os nossos pais em melhor situação do que a sua própria e nossos pais nos proporcionaram maiores oportunidades do que as que receberam, e nós temos a dívida moral de dar mais aos nossos filhos, pois o progresso da civilização assim o exige. E por isso é necessário que não ponham um ponto final nos seus estudos com a conclusão do 1º grau; prossigam a jornada escolar até o curso superior, se possível, para poderem enfrentar com serenidade o julgamento de seus filhos, sobre o que lhes legarem".
Finalizando, deixo-lhes mais uma exortação, para que sejam bem sucedidos:

“Tenham sempre os olhos fixos numa estrela brilhante, essa estrela deve ser a crença inabalável de que cada um de nós tem uma missão a cumprir, e deve realizá-la dando o melhor de si, para sua própria edificação, para a felicidade dos que ama, para a grandeza da Pátria e glória de Deus".

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A EFICÁCIA DOS EXEMPLOS E OS MÉTODOS VÁLIDOS DE DISCIPLINA

Todas as crianças, adolescentes, precisam de muito estímulo à perseverança, de simpatia encorajadora, de alguém que lhes permita dialogar com o que de mais perfeito têm em si mesmos, para atingir a maturidade. Estejam, pois, os pais, bem próximos dos filhos, nas intrincadas e dolorosas encruzilhadas da vida. Tenham fé na eficácia dos exemplos e dos métodos válidos de disciplina, mas recorram, à graça divina, fonte de inspiração e de segurança.
A recompensa também é estímulo, quando não é a principal razão do esforço. É de efeito milagroso, quando justa e oportuna.
Pagar por todas as notas boas venaliza. Elogiar o que é dever rotineiro enfraquece o valor do elogio. O que merece aprovação é um esforço fora do comum, que custou sacrifício. A criança necessita hoje, mais do que nunca, de um lar tranquilo, gestos em câmara lenta, olhar calmo de bem estar, ritmo sereno.
Sérgio tem 5 anos. Todos os dias é acordado pela mãe com violência. ”Depressa, levanta, estamos atrasados.” O pequeno, então, diz cheio de sono: “Não quero ir à escola.” A mãe se enfurece. “Vai e já. Puxa o menino, arranca-o da cama. É uma luta diária.”
A criança revela ao desenhar seu nível mental, seus problemas íntimos, seus desajustamentos. Certa vez, o professor pediu ao Sérgio que fizesse o desenho da família. Na mesma hora pôs-se a desenhar, porém, omitiu a mãe. A mestra pergunta: “Não há um lugarzinho para a mamãe?” “Não, disse o menino.” ”Não mesmo, insiste a professora?” Aí, o pequeno coloca a mãe num cantinho, espremida, mal desenhada e explica: “Ela está nervosa.”
A recusa de desenhar a mãe trai o conflito: relações tensas. Um dia, a mãe se deu conta de seu erro. Passou a acordar o caçula mais cedo, dizendo: “Temos muito tempo. Não precisa correr.” Tudo mudou. O pequeno passou a se vestir cantando, depressa, na alegria de chegar na escola. E no desenho da família, a mãe voltou a ocupar o primeiro lugar, de tamanho maior que os outros, bem desenhada.      
O hábito de estimular as tarefas, de fazer assumir encargos voluntariamente, de prestar contas com lealdade de suas obrigações, forma a consciência do dever. As exigências devem ter caráter impessoal (exigidas de todos), para não atiçar a desobediência. ”Aqui em casa, come-se a tal hora, levanta-se cedo e dorme-se cedo, etc. Mas, dizem os pequenos, na casa de meus amigos não é assim, é tudo à vontade”. A resposta é simples: ”Cada casa tem seu sistema. E quando você casar e tiver filhos, eu tenho certeza de que você vai ter ordem na sua casa”. A organização evita problemas. Cada coisa no seu lugar, é o segredo da boa organização.
E assim, através da riqueza de conhecimentos que D. Maria extraía de suas leituras, ganhávamos nós, em formação, para lidar no dia a dia com nossos alunos e nossos filhos. Guardo com carinho, principalmente, as recomendações dirigidas ao convívio familiar e a educação dos filhos. Seus filhos retratam muito a educação que dela receberam. Que bom saber que nos tornamos eternos, quando plantamos com amor. Os filhos, os netos, herdam a missão de transmitir às próximas gerações a lembrança de tão grande mãe, de tão amada avó!                                     

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PRIMEIRO A OBRIGAÇÃO

A recompensa em forma de um sorriso, elogio, encorajamento, é muito mais estimulante que o castigo. Muita proibição sufoca a iniciativa, ao passo que a liberdade com responsabilidade faz desabrochar e crescer. Vejamos um exemplo: Kiko, de 12 amos, volta da escola aflito. – “Meu boletim está com notas péssimas, mamãe, mas eu já resolvi suprimir meu futebol das quartas e sábados.” – “Está bem, disse a mãe.” Na terça, diz o menino: -“Mamãe, amanhã vai haver excursão com a turma. Posso ir?” – “Você não havia resolvido estudar às quartas-feiras?” – “É, mas todos vão.” – “Meu filho, você teve um bom impulso, não acha que você deve ficar fiel ao que há de mais belo e bom em você, a consciência de sua obrigação? Você tem o direito de ceder a uma fraqueza, você que pretende ser um homem de caráter?” Kiko foi resmungando e mais tarde volta para a mãe. – “Deixa-me ir, mamãe, a excursão vai ser bárbara!” A mãe diz sorrindo: “O problema é seu, estou apenas lembrando a sua boa resolução. Faça o que você achar melhor.” O menino não foi, ficou estudando o dia inteiro. Quando o professor perguntou o motivo de sua ausência, respondeu orgulhoso: - “Conheço minhas obrigações.”

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

BATER/RALHAR/CASTIGAR

Certos educadores apresentaram às turmas de escolares a seguinte pergunta: “Que pensam dos pais que nunca ralham, nem batem, nem castigam?”
Sem hesitar, responderam: “Não gostam dos filhos, não querem ser incomodados, não querem nos ajudar, são moles.” Nem uma só criança reclamou de ser castigada.
As exigências devem ser graduadas de acordo com a idade. Não se dá carne seca a um bebê de seis meses. Nossas ordens também são frequentemente indigestas. Como pode, por exemplo, um pequeno sentar à mesa, sem mexer, pegar, derramar e sujar?
A constância na sanção evita o castigo. Os filhos de pais firmes nem tentam fazer certas artes, porque sabem o que vão perder. O castigo justo é interpretado como uma prova de amor, e o regime de impunidade, como prova de indiferença e fraqueza.
Uma menina de 9 anos, sacudida violentamente pela mãe adotiva, sempre complacente, põe-se a sorrir. A senhora se exaspera e grita: “Você não se incomoda, não é?” A pequena responde: ”Agora eu sei que você gosta de mim, como uma mãe de verdade.” 
Os pais não devem se dissociar dos filhos, isto é, manter-se à distância, quando ministram um castigo. Quase sempre se colocam num pedestal, como inimigos terríveis e fulminam seus raios. Os pais não podem ameaçar de diminuir o afeto, o interesse, o carinho. O castigo será construtivo na medida em que provar a incondicionalidade do amor. ”Eu não gosto de castigar, mas sou forçado a fazê-lo, porque sou responsável pela sua educação. Vamos a um exemplo: ”Uma jovem adolescente pede dinheiro ao pai para comprar uma toilete completa de verão. Porém, gasta tudo com o vestido. Volta ao pai e pede mais dinheiro. O pai nega, argumentando que ela devia ter feito um orçamento prévio. Orçamento? O pai explica que faz isso, mensalmente, com a mãe. A moça tornou-se mais tarde Assistente Social, e notável especialista em orçamento familiar.” Outro exemplo: “Luís tinha 13 anos. Sentia-se abandonado pelo pai que estava sempre em viagem e pôs-se a roubar porque se sentia roubada no afeto. Certo dia, Luís tirou todo dinheiro do cofre da irmã. Quando a mãe soube, teve uma crise de desespero. Meu filho um ladrão! Pediu ao marido que castigasse severamente o filho. O pai leva o filho para o quarto e diz: O que você fez não está certo, meu filho, não é verdade”? Você deve estar aborrecido consigo mesmo. Qual será na sua opinião a melhor maneira de reparar esse prejuízo? Já sei, disse o menino. Não irei com vocês à montanha, almoçar. Está bem, diz o pai. Ao falar com a esposa, complica-se a situação, ela explode. O pai reconhece que o filho necessita mais do que nunca de carinho, ar livre, intimidade com o pai. No dia seguinte, propõe ao filho: Você tem de repor todo o dinheiro da sua irmã no cofre, não é verdade? Que tal se ganhasse esse dinheiro? Ao invés de irmos de trem, nós dois faremos a subida à pé, levando a bagagem nas costas. Eu lhe dou uma importância por hora de marcha, que é o preço do trenzinho para nós dois. Suprimiremos o almoço lá em cima, que é muito caro. Comeremos pão seco e chocolate. E com isso você terá a quantia para repor no cofre de sua irmã. O menino ficou feliz com a ideia do pai. E assim fizeram. Foram 4 horas de dura marcha, de conversa íntima com o pai. Na hora do almoço, a mãe e a irmã resolveram aderir ao pão e chocolate. Desistiram do restaurante. Foi um almoço delicioso, de reconciliação geral.”


domingo, 9 de novembro de 2014

A DISCIPLINA NO LAR

Quanto à disciplina no lar, conta um pai jubiloso: “Meu filho mais velho, aos 14 anos, tornou-se vadio e impertinente. Instituímos, então, um regime duro de castigos, castigo em casa e na escola, porém, nada conseguimos. O menino vivia triste, calado. Afinal, o que havíamos previsto, aconteceu, levou bomba. Quisemos pô-lo para estudar nas férias, quando lemos sobre o valor do estímulo. Resolvemos mudar de tática. Demos- lhe uma chance inesperada: fazer um acampamento para o estudo de um tema da juventude. O rapaz ficou alegre, surpreso, principalmente, por ser perdoado. Transformou-se do dia para a noite. Mudou de gênio. No ano seguinte, foi o primeiro da turma.
Os pais precisam manter uma mentalidade positiva a respeito dos filhos. Os pais positivos acreditam nos seus filhos. Admiram suas qualidades. Seus lábios nem proferem a palavra defeito. Para eles, seus filhos têm dificuldades. Os pequenos não gostam de ordens, nem de conselhos, mas gostam de ajuda, de sugestões. “Você tem sido um bom menino, esforçado no estudo, serviçal, mas você tem dificuldade de levantar cedo. Seus atrasos vão prejudicar o conceito que o professor faz de você.”
As ordens precisam ser dadas na ordem de valores. Assim, a preguiça nos estudos, é mais grave que a mancha na roupa, esbanjar dinheiro, enquanto muitos morrem de fome, é mais grave que não estudar.
A maledicência é mais grave do que falar com a boca cheia. A noção de valor é adquirida exatamente através da reação dos pais ante os erros a acertos dos filhos. Os castigos e a recompensa ajudam muito a formar a consciência moral. As surras e os pitos são bem aceitos, quando se dirigem ao erro e não ao transgressor da ordem.

sábado, 8 de novembro de 2014

PARENTES/AVÓS/VIZINHOS/EMPREGADOS

Por mais cultos e amorosos, os pais muito lucram quando abrem as portas do seu lar aos parentes. Novos temas de conversa, maneiras diversas de encarar a vida, as comparações, os novos afetos. Simpatizando com os parentes, os pais ensinam o espírito de grupo e a tolerância.
Os avós podem ser uma ajuda preciosa, quando sabiamente complementam, ajudam e não desejam substituir, nem competir com os pais. Que sabedoria quando se constituem em conselheiros discretos, diante da inexperiência do casal, nas doenças, nos fracassos, nos negócios, nas dificuldades conjugais.
Os empregados também desempenham papel importante na tranquilidade do lar e na educação das crianças. Merecem, pois, um trato cordial. Os patrões devem cuidar de sua saúde e bem estar, valorizar as suas qualidades, promover seu nível cultural.
Os vizinhos trazem igualmente ao lar, aspectos novos de humanidade. Contam novidades, à sua moda, os acontecimentos, revelam conhecimentos úteis. O comentário criterioso de suas visitas é ocasião valiosa para os pais de iniciar os filhos na arte do discernimento das pessoas e das coisas. Os pais seguros, não temem competições à sua influência, embora vigilantes, integram seus familiares e amigos à vida da família, aceitam seus convites, retribuem amabilidades. Acompanham bem de perto as influências externas, aprovando umas e corrigindo outras.
É com a maior confiança que soltam as pombas dos pombais, mas, ao anoitecer, quando elas voltam, lá estão eles em plantão de amor, para estreitar os laços afrouxados e reforçar a benfazeja intimidade familiar. Uma forte corrente de calor humano, supera as dissensões e mantém a boa disposição dos pequenos para com os grandes, sem o que, não haverá educação.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

REFEIÇÕES: FONTE DE CONGRAÇAMENTO E UNIÃO

Ainda do caderninho de D. Maria...
O regresso do pai ao lar é o ponto alto da intimidade familiar. Cumpre-lhe preparar a entrada em casa, dispondo-se à maior cordialidade, à expansões de carinho e alegria. Na hora da refeição, deve-se cultivar a alegria de estar junto.
Todo casal deve cuidar mais das refeições. Seja bela a mesa, bem apresentados os pratos e gostosas as iguarias. Quem saboreia pratos gostosos, abre-se à boa vontade. Os bares dos colégios têm alta função socializadora. Os amigos que não comem juntos, não funcionam totalmente. A mãe que adota em sua mesa os amigos de seus filhos, está operando treinamento para a vida social. Todos à mesa, portanto, para as refeições.
A mesa do pobre, em geral, é mais acolhedora que a do rico. Quantas vezes a preocupação excessiva das boas maneiras paralisa a conversa. O vinho entornado, a mancha na toalha, que drama nos salões aristocráticos! Um velho comissário de polícia, diante dos crimes cometidos por jovens, costumava dizer: ”Para mim, tudo isso acontece porque já não existe mais a sala de jantar.”
Sejam alegres as nossas refeições, para que se convertam em fontes de congraçamento, de união.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

COMO FAZER DO LAR UMA LAREIRA

Vejam que interessantes essas anotações do caderninho de D. Maria.
A casa deve ter um lugar marcado de conversa e oração. A cadeira de balanço favorece o aconchego. Os gestos e palavras costumeiras de saudar, de despedir, de consagrar pela oração, o alimento, impregnam a alma de afeto e fé.
A oração em família é fator de segurança sem igual.
O fervor dos pais é contagioso, pois toda criança é mística. A confiança na Providência Divina cura dos medos, que tanto amarguram a infância.
A casa paterna vale pelo espírito de família, animado pelo calor humano.
A mãe e o pai sempre atentos aos problemas dos filhos.
O casal unido, de braços abertos às manifestações de carinho, rindo e cantando, ouvindo e contando histórias, vibrando com os sucessos obtidos, reconhecendo o esforço. Todos esses elementos fazem do lar uma lareira.
A comunicação da alma é fácil quando a criança sente que tem seu lugar marcado, que é insubstituível. O regresso ao lar, sempre uma festa. Os pais hão de interromper o que estão fazendo, para sorrir e acolher os filhos. O acolhimento atencioso é o sinal sensível do amor. O reencontro dos membros da família dentro de um estado de bom humor, com beijos, abraços e sorrisos, constitui a suprema técnica da organização do espírito de família. A constância do amor revelada dia após dia, nessas expansões, infunde segurança e propicia higiene mental. Sejam adiadas para ocasiões mais oportunas, censuras e queixas, castigos e conselhos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A HOSPITALIDADE EM UM LAR VERDADEIRO

Todos nós conservamos indeléveis as lembranças da nossa primeira morada e das nossas primeiras vivências. Lembranças “equilibradoras” quando evocam clima de união incondicional e quadros de deliciosa intimidade. A intimidade do lar não depende de conforto, mas sim da certeza de ser amado, é filha do carinho. (Intimidade se traduz nas conversas amigáveis entre os membros da família, é o filho contando o que sente, os seus problemas, suas dúvidas).
A intimidade não teme ser hospitaleira. As famílias fechadas asfixiam-se. Falta-lhes assunto vitalizador. Só os generosos se desapropriam de si para abrigar os outros em seu afeto.
“Minha casa é a casa de todos, dizia um chefe de família. Sempre há lugar para mais um”. Os pais que se dedicam apenas aos seus filhos cultivam um egoísmo sutil.
Um sujeito mal humorado dizia: ”Eu me considero um pai exemplar, vivo exclusivamente para minha mulher e meus filhos, mas não consigo gratidão”. Minha casa vive vazia. Até minha mulher eu preciso recolher, pois tem sempre uma amiga para visitar. Mal suspeitava o coitado, que o hóspede à mesa é um enviado para dinamizar as virtudes domésticas.
O convidado valoriza a casa paterna, evidencia suas qualidades, exige da família comportamentos requintados, esmerando-se cada um em delicadezas recíprocas, atenções e generosidades. O hóspede é artesão de alegria e mensageiro de fraternidade. Não podemos nos isolar, temos necessidade de ir à festas, de fazer visitas.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS GARBINO - LEITORA POR EXCELÊNCIA

Dona Maria era uma pessoa muito culta. Gostava muito de ler e de presentear com livros. Remexendo entre algumas coisas guardadas pela esposa do Elzinho, encontrei um caderno de desenho, escrito com letra cursiva, que parece ser um resumo dos principais tópicos de um livro. O mais interessante é que reconheci, naquelas anotações, muitos ensinamentos passados a nós professoras, que contribuíram para a nossa formação de educadoras. Por isso resolvi dividir com outros educadores essas lições de sabedoria. Deixo a critério de cada leitor o discernimento: “Ainda valem para os tempos atuais?”
As anotações começam assim:

Nada mais fácil que ter um filho.

Nada mais imperativo que fazer dele um homem.

Nada mais difícil que fazer dele um homem realizado em todos os planos.

A delinquência infantil traduz uma carência trágica de influência moral dos pais sobre os filhos.

A família, embora em crise, detém nas mãos a maior soma de influência na formação da personalidade.

Recente pesquisa americana revelou os seguintes dados: a mãe exerce cerca de 60% das influências que vão determinar o comportamento adulto, o pai cerca de 15%, à escola cabem apenas 10% e os restantes 15% distribuem-se pela TV, rádio, companheiros, cinema, leituras, etc.

Quando a família constitui um mundo ordenado e dirigido conscientemente para todos os planos, para os valores reais, sua própria vida diária, espontânea e harmônica, é aprendizagem integrativa que vai determinar na idade adulta, atuações ponderadas e altruístas. Nesse sentido, a família é o berço da civilização de um povo. A grandeza de um povo depende da solidez, da organização e da moral familiar.

Educar é infundir segurança, através de uma ação amorosa e firme, contínua e íntima. E segurança só se infunde através do amor e a certeza de que somos amados.

O clima instável, flutuando entre a ira e a meiguice, o esbanjamento e a avareza, a generosidade e a indiferença, afasta pequenos e grandes.

O educador há de ser soberanamente igual, há de possuir um humor sereno. Quando não possuímos o bom humor natural e espontâneo, podemos criar uma alegria voluntária, premeditada, persistente. E o mundo nem perceberá que a nossa alegria não era um dom hereditário. A serenidade engendra a confiança mútua, capaz de equilibrar a balança dos afetos familiares.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E O APARELHO RESPIRATÓRIO

É inacreditável o volume de conhecimentos que tinha que ser assimilado por uma criança de apenas seis ou sete anos. Desta vez, me deparo com um “exercício” de Ciências. Trata-se de responder cinco questões sobre o Aparelho Respiratório. Mas o mais incrível era ter que desenhar o mesmo. É uma das poucas tarefas que aparece corrigida pela professora.
A professora pergunta:
1º Dizer o que é a laringe e onde fica.
Resposta: A laringe é uma espécie de um funil e fica no pescoço.
2º Dizer quantos são os pulmões, a sua cor e de que é feito.
Resposta: Os pulmões são dois, as cores são rosada cinzenta e de listas escuras, é feito com furinhos que nem uma esponja.
3º Como se chama a membrana que envolve os pulmões e quantas folhas tem?
Resposta: A membrana que envolve os pulmões se chama pleura e tem duas folhas.
4º Quantos são os movimentos da respiração e quais são eles?
Resposta: Os movimentos da respiração são inspiração e expiração; quando a gente inspira o ar abre a caixa toráxica e entra no pulmão e quando a gente expira, fecha os pulmões e a caixa toráxica e o ar sai.
5º O que acontece com o ar e o sangue quando chegam aos pulmões?
Resposta: O gás carbônico sai para fora e o oxigênio fica dentro.
Procurei ser fiel ao transcrever este exercício com as devidas correções da professora, principalmente, o número quatro. Percebe-se que a criança tinha que elaborar a resposta e nem sempre conseguia fazer com clareza. Quase não há erro de ortografia. É interessante notar que desde menininha, Maria Conceição tinha uma caligrafia perfeita. Nas letras maiúsculas, no início das frases ou nomes próprios, elas aparecem rebuscadas, como se fossem bordadas.
Observem o desenho do Aparelho Respiratório (fossas nasais, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, pulmão). Desenhou apenas um dos pulmões, para mostrar bem os bronquíolos.


Desenho, cópia, questionários, chamadas orais, eram recursos que davam resultado na fixação de conhecimentos. D. Maria tinha uma linha parecida na sua atuação como Professora e também como Diretora. Tudo que remetia à sua infância era muito valorizado. Gostava de nos ver introduzindo novidades quanto aos recursos didáticos. Apoiava, motivava. Era uma verdadeira líder. Tinha muito orgulho de sua escola e de seus professores. 

domingo, 2 de novembro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E AS FÉRIAS

Atualmente, os professores não costumam passar tarefas para as férias. Creio que caiu de moda sufocar as crianças com deveres escolares nesse período. As crianças não veem a hora de ficar sem fazer nada. Os pais é que ficam loucos com tanto tempo ocioso e ficam desejando que as aulas voltem logo. Mas o que seria melhor, ocupá-las, reforçando tudo que aprenderam no semestre, ou deixá-las na frente do computador, usando indevidamente a Internet? São poucas as crianças que podem desfrutar da presença dos pais durante as férias. A maioria dos casais trabalha fora. Tempos modernos.
Mas como era no tempo da menininha Maria Conceição? Era o inverso. A mãe era presente e o dever de casa era obrigação. Acredito que sobrava algum tempo para brincar, mas a obrigação vinha em primeiro lugar. As tarefas eram imensas. Vinham repletas de recomendações. Vejam a que achei no Caderninho de Treino da menininha Maria Conceição.
TAREFAS PARA AS FÉRIAS
1º Treinar “todas” as listas coletivas, 25 palavras por dia. (O treino consistia em copiar, diariamente, 25 palavras, e em seguida, separar as sílabas).
2º Treinar todas as listas de Ciências, uma a cada dia.
3º Fazer os Diários todos os dias e passá-los a limpo.
4º 8675,2 : 2,34 e aumentar uma unidade no divisor cada dia. Tirar as duas provas: real e dos nove.
Em quase toda tarefa lê-se o pedido: trazer Diários Bem Comentados. Por mais que eu me esforce, não consigo descobrir que tipo de atividade era essa. Uma vez ou outra, aparecia para passar a limpo os diários. Não sei o conteúdo desse Diário.
Lembro-me de uma professora que também sobrecarregava seus alunos com muita tarefa nas férias. Era a D. Antonieta Grassi Malatrasi. Não fui sua aluna. A sua fama se espalhava. Era muito enérgica. Marcou muito sua época. Acredito que era do tipo da D. Iracema Amarante, a professora da menininha Maria Conceição Viegas. Grandes Mestras!


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E RUI BARBOSA

Vejam o questionário que a menininha Maria Conceição teve que responder com apenas sete ou oito anos de idade, quando cursava o terceiro ano do primário.
Questões:
1º Que nome tem a mais antiga e bela praça de Bauru?
2º Quem foi Rui Barbosa?
3º Onde fez o seu curso primário e em que academias estudou e se formou?
4º Quem imaginou primeiro a Lei do Ventre Livre e a Lei Saraiva?
5º Que fez ele a favor da República e que cargo ele ocupou após a Proclamação?
6º Rui Barbosa foi contra o governo e a favor de quem?
7º Que lhe aconteceu quando houve a Revolta da Armada, em 1893?
8º Até quando ele foi Senador da República?
9º Que aconteceu em 1907, que cognome Rui Barbosa recebeu?
10º Que foi ele fazer na cidade de Tucuman, na Argentina?
11º Quantas vezes foi candidato à Presidência da República e contra quem fez a célebre Campanha Civilista?
Fico me perguntando como a professora conseguia dar tantas informações aos seus alunos. Raramente encontro nos cadernos de treino, pistas que me levem a descobrir que material de apoio tinham as crianças naquela época, para trazer todas as respostas solicitadas na tarefa. Acredito que a maior colaboradora deveria ser a mãe. Se a D. Maria estivesse viva, bateríamos longos papos sobre a sua vida de estudante e a didática de seus professores. A única coisa que sei, é que ela era muito culta e sábia, fruto da educação que recebeu. Amava os livros e sempre surpreendia nos presenteando com um.
Logo após o questionário, vem a orientação das tarefas:
- História da Praça Rui Barbosa
- Jogo de Geografia completo para a Rua 15, de novo
- Diários bem comentados
- Treino de Ortografia, de 1 a 25
- Um problema: Quanto custarão----------Kg de carne, se ------------Kg custam---------------
Muito complexo para uma terceira série, pois a criança tinha que saber operar com números decimais, primeiro calculando o preço de um quilo e depois da quantidade pedida.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E A CARTOGRAFIA

Sempre gostei de trabalhar com as quartas séries, alunos numa fase de transição, nem tão crianças, nem tão pouco adolescentes. Tinha um jeito especial para lidar com eles. Fazia tudo direcionado para a série seguinte, queria que eles chegassem muito bem preparados, talvez, para evitar o mesmo trauma que sofri ao entrar no ginásio, a inesquecível reprovação em massa. Tinha um excelente relacionamento com os professores da quinta série. Conhecia o conteúdo que seria desenvolvido no ano seguinte. Gostava de desafiar meus alunos com questões das séries seguintes. Quando acertavam, ficavam felizes da vida. Muitas vezes, promovia uma disputa de conhecimentos entre meninos e meninas. Ambos elaboravam questões para saber quem sabia mais: meninos ou meninas. A disputa era acirrada. Confesso que, muitas vezes, cheguei a assustá-los com tantas exigências. Fazia questão de cadernos impecáveis. Tinha o hábito de exigir deles a separação de um exercício do outro, com traço vermelho. Para isso era indispensável a régua e o lápis vermelho grosso. Os parágrafos, também, tinham que ser todos exatamente do mesmo tamanho. Alguns professores tinham o hábito de deixar dois dedinhos. Eu, porém, fazia riscar os parágrafos, a lápis, no caderno inteiro, da largura de uma régua de madeira. O efeito era lindo. Quando acabavam de copiar um texto, o alinhamento era perfeito. O traçado era imperceptível. Não preciso dizer que, quando os cadernos dos alunos eram vistados pela D. Maria, voltavam cheios de elogios.
Um dos cadernos que ela gostava muito de ver, chegando até a entrar na sala de aula para observar os alunos trabalhando, era o caderno de cartografia. Hoje, pegando os Cadernos de Treino da menininha Maria, entendo porque tamanho interesse. Ela, com certeza, lembrava o quanto aprendeu com sua professora, desenhando à mão livre, o Estado de São Paulo, o Brasil, a América do Sul, a Europa! Pasmem, tudo à mão livre.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E A POESIA

Leiam a linda poesia que encontrei no Caderno de Treino, do 3º ano A, da aluna Maria Conceição Viegas.

PRINCESA D. ISABEL

Princesa D. Isabel
Mamãe disse que a Senhora
Perdeu o seu lindo trono
Mas tem um mais lindo agora

No céu está esse trono
Que agora a Senhora tem
Além de ser mais bonito
Ninguém o tira, ninguém

Aí no céu quando chegam
Anjinhos aos bandos mil
Depressa a senhora abraça
Os que chegam do Brasil
  
Vejam a singeleza e a ternura com que eram tratadas as figuras da História do Brasil. Garanto que estas três estrofes imprimiram um amor tão grande à Princesa Isabel, que nem o melhor texto seria capaz de tal façanha.
Apesar de ser apenas um Caderno de Treino, surpreendo-me com tantas coisas, que sem querer, me vejo comparando a menininha Maria, com a mestra Maria. Havia, realmente, algo de extraordinário no seu jeito adulto de ser, que só pode realmente ter sido forjado pelas mãos hábeis de excelentes mestres, como deve ter sido D. Iracema Amarante. D. Maria gostava muito de cantar. O canto nada mais é que uma poesia musicada, mas para cair no gosto dela, tinha que ser muito boa. Por isso, quando D. Maria cantava, se entregava de corpo e alma, e as crianças também.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A MENININHA MARIA CONCEIÇÃO E O CADERNO DE TREINO

Confesso que fiquei emocionada ao analisar o Caderno de Treino da menininha Maria Conceição Viegas. Tão pequenina e tão sobrecarregada de deveres escolares. Tive a ideia de me colocar em seu lugar e fazer uma das tarefas que um dia ela fez. É claro que não teria dificuldade, mas demonstraria o quanto se exigia de uma criança de apenas sete ou oito anos.
Fevereiro de 1938
- Treino de ortografia, de 41 a 60
- Algarismos romanos, de CCCXLI à CCCLXXX (341 a 380)
-  Contas: 94 381 : 9 e por 38
- Lista individual
- Leitura do número 498 372 524 (Leitura e Decomposição)
Vou iniciar a tarefa. Quero fazer exatamente como ela fez, copiando os acertos e erros.
41 - em-bo-ra
42 - en-gra-ça-di-nha
43 - e-xa-me
44 - en-ve-lo-pe
45 - em-bar-car
46 - en-can-to
47 - fos-se
48 - xxxxxxxxxxx
49 - fi-as-co
50-Gui-lher-me
51 - gros-se-ri-as
52 - hei
53 - Hu-go
54 - hon-ra-da
55 - ho-nes-ta
56 - hor-ror
57 - ho-je
58 - in-co-mo-da-da
59 - i-ma-gi-nar
60 - ir-ra-di-a-ção
CCCXLI
CCCXLII
CCCXIII
CCCXLIV
CCCXLV
CCCXLVI
CCCXLVII
CCCXLVIII
CCCXLIX
CCCL
CCCLI
CCCLII
CCCLIII
CCCLIV
CCCLV
CCCLVI
CCCLVII
CCCLVIII
CCCLIX
CCCLX
498 372 524: Este número é quatrocentos e noventa e oito milhões, trezentos e setenta e dois mil, quinhentos e vinte e quatro unidades simples. Ele tem três classes, a das unidades, dezenas, centenas simples, a das unidades, dezenas, centenas de milhar, a das unidades, dezenas, centenas de milhão. O 4 vale quatro, o 2 vale vinte, o 5 vale quinhentos, o 2 vale dois mil, o 7 vale setenta mil, o 3 vale trezentos mil, o 8 vale oito milhões, o 9 vale noventa milhões, o 4 vale quatrocentos milhões.

Nota: Errou as duas contas da tarefa. Ao mudar de página para fazê-las, copiou o número errado. Outro detalhe: no treino de ortografia, as palavras eram copiadas e em seguida se fazia a separação das sílabas. Nesta tarefa foi omitida a cópia, só aparece o treino de separação das sílabas.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS - ADMIRAÇÃO ETERNA

Os anos passaram, e toda vez que tenho oportunidade de falar dela, eu me emociono, tamanha foi a influência que exerceu em minha vida. Primeiramente, como minha professora de terceiro ano do curso primário, depois, como minha primeira diretora. Já citei inúmeras vezes seu nome nas páginas publicadas. Quero agora, com o consentimento de seus familiares, dedicar algumas páginas exclusivamente a ela. Quero entrar no Túnel do Tempo, trazer a menininha encantadora que deve ter sido “D. Maria”. Tenho em minhas mãos, seus caderninhos de quando frequentou o grupo escolar, guardados com o maior carinho pela família. Agradeço à Nilce que me confiou este imenso tesouro. Quero ser digna de captar tudo aquilo que ali ficou registrado. Acredito que vamos nos deliciar conhecendo mais ainda fatos de sua vida. Lembrei-me do livro “Bisa Bia, Bisa Bel”, quando a netinha descobre a foto de sua bisavó criança e, a partir de então, é tomada por tanto carinho, que transforma sua “bisa” na sua melhor amiguinha, carregando-a sempre consigo, transformando-a em sua companheira de todas as horas, escondidinha, bem pertinho de seu coração.
1937 - 1938: É desse período os cadernos que tenho em mãos. São cadernos tipo brochura, sem pauta. Na capa tem impresso: 3º GRUPO ESCOLAR/CADERNO DE TREINO/3º ANO A/ ALUNA MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS/PROFESSORA D. IRACEMA AMARANTE
No espaço reservado para o nome da aluna, com uma letra muito delicada, aparece o nome Maria Conceição Viegas, letra da própria criança. No meu tempo de criança, este caderno era chamado de “borrador”. Caderno de treino, nada mais era do que um caderno de tarefa. Para evitar desperdício, as páginas eram numeradas. Porém, o que mais chama atenção é a quantidade de tarefa e a ocupação de cada folha. O espaço era ocupado milimetricamente. Na mesma página, dividida em colunas, cabia, às vezes, a tarefa de matemática e de português. Mas a quantidade de tarefa era realmente espantosa. Acredito que se a criança passava quatro horas na escola, ela passava mais quatro em casa fazendo tarefa. Havia tarefas especiais para as férias, para o carnaval, para os feriados, etc.                    
Vejam esta tarefa passada para os dias de Carnaval: Treino Ortográfico (Uma lista com CEM palavras para serem copiadas e divididas em sílabas), Lista coletiva do mês de janeiro inteirinha, Algarismos Romanos de 391 até 420, mais duas contas. Os algarismos romanos eram escritos em sequência: 391-CCCXCI, 392-CCCXCII, 393-CCCXCIII, 394-CCCXCIV... É interessante observar que todo dia a tarefa seguia o mesmo esquema: Treino ortográfico, Algarismos romanos, duas contas. Mesmo dominando a escrita dos numerais romanos, em toda tarefa aparecia a exigência de se escrever uma sequencia. A escrita passava de mil, dois mil, etc. Era fixação que não acabava mais! Vou publicar uma série de páginas sobre a menininha MARIA CONCEIÇÃO VIEGAS. É a forma que encontrei de homenageá-la. Até a próxima.