quarta-feira, 24 de junho de 2015

MAIO – MÊS DE MARIA

São José me levou para Pratânia e Maria me trouxe de volta para Lençóis. Feliz coincidência. Foi no dia dele que iniciei o meu trabalho na EEPSG Profa. Maria Aparecida Justo Salvador, e no primeiro dia de maio, de volta para Lençóis. Como isso foi possível? Logo após o meu ingresso como diretora, tratei logo de me informar sobre como poderia, legalmente falando, voltar para o meu município de origem. Como Lençóis era Delegacia de Ensino, pude me inscrever pelo artigo 22, para substituir algum diretor do município, que por ventura se afastasse do cargo. E não é que deu certo! A diretora da EEPG Profa. Cecília Marins Bosi, Distrito de Alfredo Guedes, fora designada para integrar a Assistência Técnica do SERHU da DRE de Bauru e assim voltei para substituí-la. Estava muito feliz e ao mesmo tempo triste, por ter que comunicar isso para todos que me acolheram tão bem em Pratânia. Na verdade, a minha saída, confirmou a condição da escola. Ela, realmente, servia de trampolim para os diretores que por ali aportavam. Troquei uma escola de Primeiro e Segundo Graus, com mais de mil alunos, por uma de apenas Primeiro Grau, com uma quantidade tão pequena de alunos, e com todas as vantagens do meu cargo! O Delegado de Ensino, na época, tentou me chantagear, dizendo que só me traria para Lençóis, se eu desistisse de me aposentar, assim que a minha situação como diretora estivesse normalizada. Não sei como é hoje, mas há 24 anos, levava exatamente seis meses para acertar toda a situação, ou seja, o acesso de um cargo para outro. Enquanto isso não acontecesse, eu continuaria trabalhando como diretora e recebendo como professora. Eu não aceitei a chantagem. Fiquei firme com relação aos meus direitos e vim para Alfredo Guedes. Foram exatamente seis meses para eu aparecer como diretora no holerite. Tinha direito de receber toda a diferença de salário dos meses trabalhados como diretora e recebido como professora. Que decepção! Foi tão pouco, que nem lembro mais onde retiveram tanto, se foi no imposto de renda ou onde foi. A Educação não muda. E foi assim, que a partir de 02 de maio de 1.991, comecei a trabalhar em Alfredo Guedes, Distrito de Lençóis Paulista, berço de um ramo importante da família Boso.      

sexta-feira, 19 de junho de 2015

ANO DE 1.991 - INGRESSO COMO DIRETORA DE ESCOLA

No Diário Oficial do dia 15 de março de 1.991 saiu publicado o Decreto de Nomeação para o meu cargo de Diretor de Escola, para exercer em Caráter Efetivo e em Jornada Completa de Trabalho. Diretor de Escola, padrão 12 A, da Escala de Vencimentos do Quadro do Magistério, SQC II. Fui nomeada para a EEPG Maria Aparecida Justo Salvador Profa, São Manuel, Botucatu. Nomeada, o próximo passo era tomar posse, o que aconteceu no dia 19 de março, como já disse, dia de São José Operário. Com a cara e não muita coragem, assumi, pois afinal de contas o que ainda impedia a minha aposentadoria era a aprovação nesse concurso. Foi um verdadeiro desafio. Uma repetição de tudo que eu havia enfrentado quando ingressei como professora. Saí de uma situação muito cômoda, lecionando a uma quadra de minha casa, realizada e reconhecida profissionalmente, trabalhando como professora em um período e como Coordenadora do Ciclo Básico em outro, para enfrentar um verdadeiro desafio. A escola era imensa. Mais de mil alunos. Primeiro e Segundo Graus. Estava passando por reforma. Faltava até carteiras para os alunos. Encontrei uma Assistente de Diretor muito competente, mas meio dona da escola. Explico o porquê. A fama da escola era de servir de trampolim para diretores, ou seja, tomavam posse e assim que a oportunidade surgia, se afastavam. Não foi diferente comigo. Só que não deixava transparecer isso. Mergulhei de cabeça no trabalho. Com a minha prática pedagógica no Ensino Fundamental, investi fundo nos professores do Primeiro Grau. Me aproximei bastante e fui ganhando a confiança deles. A maior parte do Corpo Docente era de São Manuel. Lembro-me de todas elas, de um modo especial, da Sandra, esposa do prefeito de Pratânia. Simpática e competente. As professoras que não vinham de fora, que moravam lá, estavam cursando faculdade. Elas reclamavam muito da transitoriedade dos diretores. Eu dizia a elas que tudo melhoraria no dia em que uma delas assumisse a direção. O prefeito de Pratânia, o Senhor Roque, foi de uma amabilidade imensa e me acolhia sempre. Devo dizer que quando soube que eu era conhecida de seu irmão Jorge, cunhado de minha cunhada Cleide, nosso relacionamento foi melhor ainda. Estava sempre disponível para tudo que dizia respeito à escola. O Prefeito Roque fez e faz muita coisa pela cidade. É amado pelo povo de lá. Hoje é assessor de Milton Monti. É um político de verdade. Pratânia é conhecida pelos seus produtos em couro. É uma cidade pequena que recebe alunos de toda a zona rural. Quem vai para Avaré, passa por ela. É aconchegante, conserva muitas tradições, principalmente religiosas. É a típica cidadezinha do interior que tem na sua Igreja o centro, e em volta a praça. Quando podia, saía para andar um pouco e espairecer. Faz muito tempo que não vou para lá. O progresso e a tenacidade dos prefeitos deve ter produzido muitas melhorias. Sou grata pela acolhida que tive e o respeito com que fui tratada. Com a minha saída, novamente a assistente assumiu. Era de Botucatu, dava aula em Avaré, e nos revezávamos à noite, pois a escola funcionava em três turnos. Fui por pouco tempo Diretora em Pratânia, mas guardo com carinho a experiência positiva. Já se passaram vinte e quatro anos!   

quinta-feira, 18 de junho de 2015

RETOMANDO MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Estamos no ano de 1.991. Estou no Esperança de Oliveira. Como sempre, assumo uma classe de quarto ano. Uma classe de dar inveja. Alunos muito bem preparados e que renderiam muito em aproveitamento. Lembro que minha filha caçula, a Viviane, fazia parte desta turma. Minha sobrinha e afilhada Fernanda Virgínia também. Eram cerca de trinta e oito a quarenta alunos. Para minha filha Viviane, ser minha aluna, era o que mais queria. Com a classe lotada e todo o entusiasmo para iniciar mais um ano, partimos. Lembro que era uma classe que exigiria muito de mim, mas tinha certeza dos bons resultados que alcançaria. O primeiro dia de aula era sempre muito importante. Nós estabelecíamos os padrões de comportamento para o ano todo. Eu falava muito e, a partir de então, ia reforçando diariamente tudo que havia sido proposto. Era muito enérgica e exigente. Meus alunos tinham que se destacar em tudo, principalmente, ir para a quinta série muito bem preparados. Para isso, mantinha um contato muito estreito com os professores da quinta série. Costumava desafiar meus alunos, propondo questões de livros da quinta série. Eles gostavam muito. Ficavam radiantes quando se saíam bem nesses desafios. Pois bem, o ano de 1.991 nos pegou de surpresa . Mal teve início, saíu publicado no Diário Oficial do Estado, a minha chamada para escolha da vaga de Diretor de Escola, concurso que eu havia prestado há algum tempo. Assim que publicaram a relação de vagas, eu e outras colegas aprovadas nos reunimos para analisar qual a possibilidade de escolhermos o mais próximo possível de nosso município. Era o momento, fosse onde fosse teríamos que ir, e depois, caso fosse fora do município, tentar voltar pelo Art. 22, ou tentar um cargo comissionado na Delegacia de Ensino de Lençóis. Fora isso, havia a possibilidade  de aguardar um próximo Concurso de Remoção. Com a minha escolha como Diretora de Escola, deixei o Esperança de Oliveira para, por acesso, assumir meu cargo de Diretora de Escola. Enchi-me de coragem e fui para o município de Pratânia. A Escola onde ingressei leva o nome de uma professora da região. Imensa, com mais de mil alunos, tinha Ensino Fundamental e Ensino Médio. Muitos alunos vinham da zona rural, eram recolhidos por ônibus e percorriam uma longa distância para chegar até a mesma. Eu mesma, como Diretora, tinha que sair às sete horas de casa, para estar, pontualmente, às oito horas na porta da escola. Eram dois ônibus, um até São Manuel, outro de São Manuel até Pratânia. Dia 19 de março, dia de São José Operário, lá estava eu, com a cara e a coragem, sem nenhuma experiência em Administração Escolar, assumindo uma escola de Primeiro e Segundo Graus. Como me saí, conto na próxima página!

terça-feira, 16 de junho de 2015

PARABÉNS! PARABÉNS! PARABÉNS!

Preparada com o maior carinho, aconteceu a Festa de Santo Antônio! Tudo conforme a programação que procuramos divulgar. A Comissão de Festas começou muito cedo os preparativos. Movida pela grande devoção ao Santo, tudo aconteceu conforme a tradição. A parte litúrgica tocou fundo no coração de todos que fizeram o tríduo, mas a festa ao grande Santo superou tudo. Quero falar de tudo um pouco. Padre Milton, admirado e respeitado não só pelos seus paroquianos, mas por todos os fiéis de Lençóis e da região, conduziu muito bem não só a parte religiosa, como também, fez-se presente em todas as demais atividades. Por onde passou deixou a poderosa benção pela intercessão do glorioso Santo. Na quinta-feira, pretendia participar da missa do segundo dia do tríduo. Infelizmente estávamos mal orientados com relação ao novo acesso. Se Deus quiser e Santo Antônio ajudar, teremos um acesso que permita chegar à Capela com mais praticidade nas festas futuras. Como eu não queria perder a missa do sábado, tratamos logo de descobrir o novo acesso. E assim foi. Na sexta-feira fomos prestigiar o Show de Prêmios, no Lions, outro evento da programação em honra ao Santo, cuja renda seria revertida para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, responsável pela Capela do Corvo Branco. Um show de prêmios com uma abundância de brindes, que bem demonstrou a generosidade dos devotos de Santo Antônio. Padre Milton, após a celebração da missa do terceiro dia do tríduo, passou por lá e agradeceu muito a colaboração de todos. Finalmente chegamos ao tão esperado Dia de Santo Antônio, sábado, treze de junho. Desta vez chegamos lá. Às dezessete horas e treze minutos teve início a procissão. Tudo muito tocante. Foi nos arredores da capela. Após a procissão, teve início a Santa Missa, abrilhantada pelo coral que tem um nome forte “TERÇO dos HOMENS". Lindo! Na Homilia, a comentarista fez a leitura de um texto que contava os principais fatos da vida de SANTO ANTÔNIO. Tudo aquilo que já conhecíamos do Santo tivemos a oportunidade de reavivar. No final da missa a tão esperada benção dos Pães de Santo Antônio e distribuição ao povo. Antes da benção dos pães, Padre Milton benzeu o mastro com os três santos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Invocou a proteção dos três e convidou o povo para acompanhar o levantamento do mastro. E para culminar, uma grande explosão de rojões. Após a parte religiosa, começou a quermesse. Padre Milton explicou que daqui para frente o espaço será usado para festas, almoços e outras atividades. Já conta com um caseiro para evitar a ação de vândalos. Mais uma vez, parabéns à comissão de festas que recuperou o espaço com o maior carinho. Em cada detalhe do recinto podia-se perceber que tudo foi feito com muito amor!  

segunda-feira, 15 de junho de 2015

VISITA INESPERADA

No momento em que Santo Antônio entregava sua bela alma a Deus, no convento de Pádua, ele apareceu em Vercelli, ao Padre Abade dos Beneditinos dessa cidade. Tinha grande afeição por ele, pois fora seu mestre em alta teologia. Na ocasião, o abade estava sofrendo de um violento mal de garganta. Antônio apareceu-lhe subitamente, dizendo: ”Padre Abade, deixei minha cavalgadura em Pádua, e vou para a Pátria”. Ao mesmo tempo, aproximou-se do doente, tocou-lhe a garganta, curou-o e desapareceu. O Abade pensou ter recebido a visita inesperada de Santo Antônio, espantou-se somente por ter sido tão curta. Saiu imediatamente de sua cela, percorreu o mosteiro, perguntando aos que encontrava, onde estava o Padre Antônio. Dizia: ”Ele acabou de sair de minha cela, depois de ter me curado do mal terrível que eu sofria”. Os religiosos não duvidaram do milagre que acontecera, pois sabiam que Abade estava incapaz de pronunciar uma só sílaba. Mas nenhum deles vira o Santo por ali. Pouco depois, o Superior e os Religiosos souberam que o glorioso Padre Antônio morrera na tarde de 13 de junho (1231), quer dizer, no dia e hora em que teve lugar a bem-aventurada aparição. Nos momentos mais difíceis de sua vida, Santo Antônio invocava Maria, que corria imediatamente em seu auxílio e, o Menino Jesus descia, visivelmente, em seus braços, acariciando-o, dando-lhe beijos, falando familiarmente com ele. É lindo ficar contemplando a imagem de Santo Antônio. Ficamos arrebatados com a ternura entre ele e o Menino Jesus. 

sábado, 13 de junho de 2015

LÍNGUA BENDITA

O fim do apostolado de Santo Antônio não aconteceu com a sua morte precoce, aos trinta e seis anos. Embora vivendo tão pouco, sua vida foi repleta de obras e méritos. Santo Antônio vive ainda no meio de nós com o mesmo poder que nos dias de sua existência terrena. Ele continua a nos falar como falou durante toda a sua vida. Essa SANTA LÍNGUA, que converteu milhares de pecadores e reuniu em torno dele os peixes do mar para confundir os incrédulos, essa língua que se fez ouvir em todos os idiomas como no dia de Pentecostes, que ressuscitou mortos, que consolou tantas almas, que curou tantas doenças, essa língua que o Papa chamou a Arca do Testamento, onde se conserva o maná do céu e a vara miraculosa de Moisés, essa Língua, enfim, que durante a sua vida se reduziu ao silêncio para nos ensinar a humildade, a renúncia e a união com Deus, está realmente entre nós. Trinta e dois anos após a sua morte, quando fizeram a trasladação das relíquias de Santo Antônio, encontraram os ossos e seu corpo reduzidos à cinzas, porém, a Língua estava intacta. Em presença de fato tão extraordinário, o seráfico Boaventura, não contendo a emoção, tomou-a em suas mãos, beijou-a e exclamou: ”Ó língua bendita, que não cessastes de louvar a Deus e que o fizestes louvar por um número infinito de almas, vê-se agora quanto sois preciosa aos olhos de Deus”! Depois fê-la encaixar num relicário de ouro, para ser venerada através dos séculos. Nada mais era necessário para crescer a devoção ao Santo. Os milagres, que não cessavam um só dia, aumentaram ainda mais.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

VOCAÇÃO FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO

A divisa de Antônio era: vida por vida, alma por alma, amor por amor, imolação total de si mesmo para a glória de Deus! Santo Antônio amou Deus por Deus. Ora, enquanto ele estava no Convento de Santa Cruz, chegaram com grande pompa as relíquias de cinco franciscanos que tinham regado com o seu sangue as terras da África. Ninguém ficou mais tocado que ele com o esplendor dessas festas. Contemplando as relíquias, ele manifestava ao Altíssimo, o desejo de passar pela mesma prova: o sofrimento, o martírio de morrer por amor, oferecendo o sacrifício da própria vida. E diante das relíquias dos santos mártires, Fernando suplicava e se indagava: ”Terei eu essa felicidade? Esse dia chegará para mim?" Os santos mártires ouviram os suspiros de Fernando e, para responder-lhe, enviaram religiosos de São Francisco, aos quais poderia falar de seus projetos. Fernando, então, confidenciou aos religiosos, o seu desejo de entrar para a Ordem de São Francisco, com o firme propósito de ser enviado para a África e ali servir e fazer parte do número de mártires que deram sua vida por amor a Deus. A aprovação não se fez esperar. Dom Fernando foi recebido de braços abertos na Ordem de São Francisco, COM O NOME DE ANTÔNIO. A promessa feita a Fernando foi cumprida. Após o noviciado, foi admitido à profissão e enviado à África onde São Bernardo e seus companheiros receberam a coroa do martírio. Mas Deus reservara a Antônio outra glória. Apesar de desejar ser ignorado, colocando-se abaixo de todos para crescer diante de Deus, não podendo receber o martírio do sangue, entregou-se ao martírio da renúncia. Escondeu seus talentos com tanto cuidado, que durante muito tempo era olhado quase como um ignorante. Era tão reservado, que passava quase por imbecil e, só entregavam a ele, os serviços mais vulgares do convento. E ele tudo aceitava sem dizer uma única palavra sobre sua origem, ou os vastos conhecimentos teológicos adquiridos. Sua única ambição era conhecer Jesus, Jesus crucificado, amá-lo, unir-se a ele. Humildade e obediência eram grandes atributos de Santo Antônio. Perfeito discípulo de Jesus e do patriarca São Francisco, Antônio de Pádua escolhia sempre o último lugar, evitando os louvores humanos. A obediência é a pedra de toque da humildade. Quanto mais uma alma se despreza, mais agrada a Deus e mais facilmente se submete às ordens dos que o representam. É o que nos mostra Santo Antônio. Apesar do grande atrativo pela humildade e escondimento, era pela obediência que renunciava aos seus desejos e corria para onde seus superiores o mandavam. Foi para a África procurar o martírio por obediência, voltou à Itália por obediência, se prega, se ensina teologia, se exerce o cargo de guardião é por obediência. Santo Antônio não se julgava bom para nada, mas por obediência, sentia-se capaz de tudo fazer.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pequena biografia de Santo Antônio

Foi no dia 15 de agosto de 1195, que nasceu em Lisboa, Santo Antônio de Pádua. Pelo lado paterno pertencia à ilustre família de Godofredo Bulhões e, pelo lado de sua mãe, Maria Teresa de Távora, à família real das Astúrias. Consagrou-se ao Senhor desde muito pequeno, educado que foi por mãe muito piedosa. Quando completou dez anos, entrou no colégio dos cônegos da catedral. A sua piedade de anjo, fazia com que fosse admirado por todos. Foi aos 15 anos, que se entregou sem reservas ao serviço de Deus. Entrou num convento dos cônegos de Santo Agostinho, em sua cidade natal. Era muito apaixonado pela oração, mas recebia muitas visitas de parentes e amigos e isto o impedia de entregar-se a elas com todo o ardor de sua piedade. Pediu aos seus superiores autorização para se retirar para o convento de Santa Cruz de Coimbra, onde poderia ficar mais sozinho e, então, se dedicar ao que desejava. Autorização concedida, ali passou dez anos de sua vida. Foi ali que entre as obrigações que lhe eram atribuídas pela ordem, aproveitava todo o tempo que lhe restava, para a meditação e leitura dos livros santos. Dócil às inspirações da graça, aplicava-se a conhecer e procurar tudo que era agradável a Deus. Santo Antônio tinha uma memória prodigiosa e retinha tudo que lia. E assim abrasado de amor a Deus, encontrou na leitura assídua da Palavra, o calor necessário para oferecer um coração ardente a Deus. Como boa árvore plantada em terra fértil, Fernando de Bulhões crescia e adornava-se para dar frutos abundantes no tempo preciso.
Um dia, durante os primeiros anos de sua vida, o jovem Fernando rezava, com as mãos postas, diante da imagem da Santíssima Virgem. De repente, o demônio, invejoso da beleza de sua alma, apareceu-lhe sob uma forma horrenda, ameaçadora, procurando afastá-lo de Maria. Na hora, o menino lembrou-se do que havia aprendido sobre o poder do Sinal da Cruz. Traçou-o imediatamente, sobre o mármore onde estava ajoelhado rezando. Que maravilha! O mármore tornou-se flexível sob a pressão de seus dedos e o Sinal da Cruz ficou impresso nele! O Sinal da Cruz, mais forte que um raio, expulsou o espírito mau. O tempo não apagou este sinal, e até hoje, os peregrinos beijam este vestígio, primeiro prodígio de Santo Antônio de Pádua.


quarta-feira, 10 de junho de 2015

MEUS IRMÃOS PEIXES...

Achava-se um dia Santo Antonio na cidade de RIMINI, na Romanha, procurando um meio de levar a Deus, as multidões que as paixões mundanas desgarravam. Implorou a proteção do Criador e fez sinal ao povo para segui-lo à praia e o conduziu à embocadura do rio Marecchia. Aí, voltando-se para o mar Adriático, clamou em alta voz: ”Peixes do rio, peixes do mar, ouvi. Quero anunciar-vos a Palavra de Deus, uma vez que os heréticos se recusam a ouvi-la”. À sua voz, as ondas agitaram-se; inúmeras espécies desses habitantes, que povoam o mar, correram para aquele que os havia chamado. MEUS IRMÃOS PEIXES, disse-lhes, DEVEIS AO CRIADOR UM RECONHECIMENTO SEM MEDIDA, FOI ELE QUE VOS DEU PARA MORADA OS RIOS, MARES, OCEANOS. Foi Ele que vos deu esta casa nas profundezas das águas, para refúgio nas tempestades; deu-vos nadadeiras para irdes onde quiserdes e vos forneceu a comida de cada dia. Criando-vos, ordenou crescerdes e multiplicar-vos e abençoou-vos. No dilúvio universal, enquanto os outros animais pereciam nas águas, Deus os conservou. Fez-vos a honra de escolher-vos para salvar o profeta Jonas, fornecer o tributo ao Filho do Homem e servir-lhe de alimento antes e depois da sua ressurreição. Louvai e bendizei ao Senhor, que vos favoreceu entre todos os seres da criação. Os peixes atentos, como se fossem dotados de inteligência, testemunhavam por movimentos, que tinham prazer em ouvir o Santo e queriam dar a Deus o mudo tributo de suas adorações. “Vede, exclamou Santo Antônio, voltando-se para os heréticos, admirai como criaturas privadas de razão, ouvem a Palavra de Deus com mais docilidade que os homens criados à sua imagem e semelhança!”

Na trezena de Santo Antônio, exatamente no décimo segundo dia, há uma invocação que começa assim: “Ó glorioso Santo Antônio, cuja língua bendita ensinou os homens a louvarem a Deus, tende piedade de mim e lembrai-vos que não foi só em vosso proveito que Deus o dotou de tantos dons, mas foi também em meu benefício e para me animar a recorrer a vós em todas as necessidades da alma”.




terça-feira, 9 de junho de 2015

SANTO ANTÔNIO DAS COISAS PERDIDAS

Interessante notar como as três crenças mais populares atribuídas a Santo Antônio se entrelaçam. Como surgiu a crença no Santo das coisas perdidas? Dizem que uma senhora de família nobre perdera as chaves de sua casa e ninguém conseguia abrir-lhe a porta. Pediu a Santo Antônio que a ajudasse e, como retribuição, prometeu que daria, caso as chaves fossem encontradas, pão para os pobres a cada terça- feira. O Santo a ouviu, as chaves foram encontradas e ela, até o fim de sua vida, cumpriu a promessa feita na hora da aflição. Desde então, Santo Antônio sempre foi invocado como o santo das coisas perdidas, das quais a mais perdida de todas é o coração humano. Daí ser invocado como o Santo Casamenteiro, que  aproxima os corações perdidos. Há muitas lendas em torno dessa crença. Eis uma delas: existia em Pádua, um tirano de nome Ezzelino, que baixara um decreto, segundo o qual, tanto o homem como a mulher deveriam levar para o casamento o mesmo dote. Assim, rico sempre se casaria com rico e pobre com pobre. Casava-se mais com a “carteira” do que com o coração. A população da cidade se revoltou e Santo Antônio enfrentou o tirano em praça pública. E tal foi a força de suas palavras que Ezzelino foi obrigado a revogar o tal do decreto. Santo Antônio foi carregado em triunfo e, desde então, aclamado como ”o santo casamenteiro”.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

O PÃOZINHO DE SANTO ANTÔNIO

Sei que muita coisa que relato hoje é fruto de uma fé forjada pela catequese que tivemos quando crianças. Catequese de inteira responsabilidade da família. De modo especial, pelas mãos das mães. Já tive oportunidade de falar em meu blog dos recursos que eram utilizados. Minha mãe tinha uma caixa de santinhos de papel, que eu e meus irmãos adorávamos olhar. Foi com ela que aprendemos a conhecer os santos e suas histórias. No seu quarto tinha uma figura em cartão de Nossa Senhora de Fátima e aos seus pés os três pastorzinhos numa atitude de arrebatamento diante da Mãe de Deus, que nos arrebatava também. Meu pai tinha uma fábrica de produtos derivados do milho. Qual era o nome? São João. Tinha um quadro belíssimo na parede com a figura dele.  Olhar para aquela criança angelical, de cabelinhos encaracolados, tendo ao seu lado aquele carneirinho tão mimoso, também nos arrebatava para a presença de Deus. Na cabeceira de nossas camas, a figura do Anjo da Guarda, que conservo até hoje. O tempo foi passando, a educação foi mudando, e hoje se não fossem as catequistas com seu trabalho de evangelização, desde a mais tenra idade, não sei quantas mães teriam tempo para catequizar seus filhos. Hoje, não tenho só na lembrança o que relato. Minha mãe conserva todas as imagens dos santos de que falei, e quando algum está roído demais pelo tempo que passou, ela insiste em guardar, pois jogar santo fora é pecado. E foi lá, no meio de suas relíquias, que fui buscar subsídios para relatar muita coisa de Santo Antônio, já caídas no esquecimento. Comecei minha página de hoje para falar do pãozinho de Santo Antônio e também fazer uma homenagem à Tia Yolanda Radicchi, que dedicou sua vida toda à Igreja. No dia de Santo Antônio enchia nossas mãos de pão bento, porque fazia questão que levássemos para outras pessoas que não tinham participado da missa e assim continuar a tradição. A história do “PÃO DE SANTO ANTÔNIO” remonta a um fato curioso que é assim narrado: ”Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros quando na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido “roubados”. Espantado foi contar ao Santo o ocorrido. Este, calmamente, mandou que ele verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O frade padeiro voltou espantado e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento”. O PÃOZINHO DE SANTO ANTÔNIO é , por tradição, colocado, pelos fiéis, nos sacos de farinha, com a fé de que, assim, nunca lhes faltará o que comer.
No dia 13 de junho, às 18 horas, Missa na Capela de Santo Antônio no Corvo Branco. Após a missa, quermesse, onde serão oferecidos a tradicional sopa de gratine, salgados, doces típicos e bebidas quentes. VAMOS PRESTIGIAR!

domingo, 7 de junho de 2015

QUEM FOI SANTO ANTÔNIO DE LISBOA E DE PÁDUA?

Um cristão privilegiado em dons de Deus. Desde a infância era feliz na graça de Deus, amado pelos seus familiares, crescendo dia a dia como amigo de Cristo. Santo Antônio sempre teve grande devoção pelos Sacramentos, Sagradas Escrituras e ensinamentos da Igreja. A fé entra pelos ouvidos, por isso deve ser pregada, tornar-se prática no modo de viver, e foi o que fez Santo Antônio, sem esperar a retribuição e sem transacionar em termos comerciais. Viveu para o próximo, para o sacrifício, para a fé no poder de Deus. Morreu moço, tendo sido canonizado onze meses após. O culto dedicado ao santo por milhares de fervorosos adeptos,  foi rapidamente se estendendo. Não só os católicos homenageavam Santo Antônio, mas também os índios da América do Norte, os pagãos da China, os ortodoxos e os cismáticos. A devoção a Santo Antônio deve estar ligada a Deus, que é amor e afasta o desespero. Falham aqueles que só enxergam no santo “ o casamenteiro”  ou “o restituidor de coisas perdidas”. Falham aqueles que através de crendices procuram obter lucros, substituindo a imagem verdadeira do Santo. O melhor momento para honrar-se Santo Antônio é no seu dia e a forma correta de cultuá-lo será a imitação de sua vida, através de atos em benefício ao próximo, isentos de crendice. A figura de Santo Antônio deverá ser um apelo a um trabalho melhor, a um comportamento mais humano e menos egoísta. Esse é o culto que deve ser dedicado ao Santo, esse foi seu modo de viver.


sexta-feira, 5 de junho de 2015

DONA ERMELINDA E O RESPONSÓRIO DE SANTO ANTÔNIO

Santo Antônio também é o Santo que nos ajuda a encontrar as coisas perdidas. Existe uma oração chamada Responsório, que rezada por pessoas de muita fé, fazem o que está perdido aparecer. São pessoas de uma fé imensa no poder de intercessão de Santo Antônio junto a Jesus. Uma dessas pessoas era Dona Ermelinda, filha de tradicional família lençoense, a família Paccola. Dona de um sorriso encantador e de uma meiguice cativante, era procurada por todos que desesperados pela perda de algo, confiavam na sua oração para recuperar. Além do sorriso, da meiguice, envolvia a todos com o seu jeito carinhoso de tratar as pessoas e conversar. Era de uma religiosidade e caridade que só encontramos em pessoas muito especiais. Era casada com seu Walter Cusin e mãe de duas filhas: a Marli e a Dionísia. Tive oportunidade de dar aula para a mais nova, a Dionísia. Lembro-me do carinho dela comigo quando dei aula para a Dionísia. Lembrava com lágrimas nos olhos como a Dionísia havia nascido pequenina. Ela dizia que era um bebê tão pequeno que um anel servia de pulseirinha em seu braço. Dona Ermelinda teve a alegria de ver as filhas formadas, casadas, netos correndo pela casa e muitas outras coisas boas. Certa ocasião, estava em Amparo hospedada em uma Colônia de Férias da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo com minha família, quando precisei de Dona Ermelinda. Amparo é uma cidade que tem uma localização privilegiada. Permite passeios e compras muito boas. Circulávamos por Lindóia, Serra Negra, Monte Sião, Estâncias Turísticas que deixavam meus filhos, então crianças, encantados. Quando estava em Lindóia ia sempre visitar a querida Irmã Antonieta, recolhida no Hospital da cidade e cuidada pelas outras Irmãs de sua ordem. Monte Sião foi palco do que vou narrar agora. Cidade pitoresca, famosa pelas suas malhas, atraía e atrai até hoje quem quer adquirir seus produtos. Homens, mulheres, jovens, todos se dedicam a arte de confeccionar os tricôs. Em cada casa há uma confecção. Foi numa dessas lojas que fiz compra para a família. No dia seguinte, dei por falta de minha carteira. Bateu o desespero. Fomos à delegacia, fizemos boletim de ocorrência, comunicamos ao gerente da colônia e, no desespero, ligamos para minha sogra, que logo fez contato com a Dona Ermelinda para fazer o RESPONSÓRIO. Não foi possível encontrá-la. Voltamos sem a carteira. Estava perdida. Dias depois, recebo pelo correio um pacote com um bilhete que dizia o seguinte: ”Encontramos sua carteira no meio das peças de tricô que a senhora, provavelmente, estava vendo. Tivemos o cuidado de abri-la e encontramos o seu endereço. Tiramos apenas o dinheiro suficiente para enviá-la pelo correio.” Junto, um cartãozinho da loja. Guardo até hoje o bilhetinho. Foi ou não foi um milagre de SANTO ANTÔNIO?

quinta-feira, 4 de junho de 2015

QUADRILHAS

As quadrilhas fizeram, fazem e sempre farão o maior sucesso nas festas juninas. Dizem que no nordeste  o ano se divide em duas partes: Carnaval e Festas Juninas. O Carnaval, seja onde for, não me atrai, mas as quadrilhas exercem um fascínio muito grande sobre mim. É nesta época do ano que fico presa à televisão atrás das reportagens das tradicionais festas juninas das regiões norte, nordeste. A riqueza das coreografias, o artesanato que explode no colorido das roupas, que riqueza de detalhes. A criatividade e variedade de materiais empregados é de uma riqueza ímpar. Não há ouro ou pedra preciosa que se iguale. Mas tudo isso cativa porque quem se dispõe a participar das danças, o faz com o coração. As raízes falam mais alto, e então, numa explosão de sentimentos o espetáculo acontece. E nossos repórteres, na ânsia de buscar o novo, acabam apresentando espetáculos que nada mais são do que a perpetuação de nossa cultura. Nestas regiões todos são valorizados, principalmente os mais velhos. São eles os responsáveis por manter vivas as tradições. Em todas as apresentações, o que vemos, são pessoas simples, de todas as idades, crianças, jovens, idosos. A partir do momento que integram um grupo, a alegria toma conta. Ninguém está preocupado se está acima do peso, se falta um dente na boca, se é velho demais, ao contrário, quando entrevistados exibem uma satisfação de dar inveja. Admiro o trabalho que os artistas mais jovens fazem, criando ONGS do nada, contando apenas com o recurso dessa motivação interna presente nas comunidades mais pobres e projetando-as para a vida! São jovens que ao invés de buscar na droga a realização pessoal, colocam os seus conhecimentos, a sua arte, a serviço da formação das novas gerações. E assim vão surgindo por esse Brasil afora, bandas, orquestras, grupos de dança, etc. Os projetos de sustentabilidade, outro grande exemplo. Do nada, mas muito bem orientados, contando apenas com os recursos naturais de cada região, o artesanato regional já está alcançando o mercado internacional.Por trás de cada idealizador de um projeto há um ser humano preocupado com o próximo, com o futuro. Vamos acompanhar com atenção o que o mês de junho nos reserva. E vamos curtir nossos netos dançando as populares quadrilhas em suas escolas.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

DOCES E COLORIDAS LEMBRANÇAS

Parece que ainda sinto no rosto o frio do mês de junho enquanto acompanhávamos a procissão, mas ao chegarmos lá, parecia que tínhamos alcançado uma grande vitória, pois tudo era muito festivo. Entrar na capela era essencial. Era nossa homenagem ao grande Santo.  Depois, sim, curtir tudo que a festa oferecia. Íamos à pé, mas a volta era de circular. Como o próprio nome está dizendo, eram ônibus que ficavam circulando durante o dia e à noite, levando o povo para festar. Nos horários de pico formavam-se filas imensas. Eram pagos, mas nunca nos deixavam na mão. De Lençóis partiam da Rodoviária. Soube que estão providenciando melhorias no acesso ao Bairro do Corvo Branco, pois, hoje, quem quer chegar lá, precisa pegar a rodovia que dá acesso à cidade de Macatuba, e ao chegar na altura do Corvo Branco, sair no acostamento e aguardar que a pista esteja livre para atravessá-la em segurança. Perdeu-se o encanto de andar, andar, andar muito para chegar até lá, mas vale a pena marcar presença. O grande problema hoje é onde estacionar, mas acredito que a comissão dos festejos deve ter se preocupado com isso. A Capela é pequena, mas o coração de Santo Antonio é imenso e generoso. Minha mãe é grande devota de Santo Antônio. Possui várias imagens dele e relata grande número de graças alcançadas através dele. Nós, seus filhos, aprendemos com ela a suplicar em todos os momentos difíceis. Na recuperação de objetos perdidos, sua ajuda é infalível. Minha mãe tem inúmeras orações, que de tanto rezar, estão amareladas e comidas pelo tempo. Mas é muito linda a devoção que ela tem ao santo. Santo casamenteiro é também uma grande fama dele. Existe até uma imagem desrespeitosa, que é vendida em grandes centros religiosos, para fazer chantagem com ele. O Menino Jesus que aparece em seu colo, é móvel, pode ser retirado. Então, quando alguém quer um namorado, esconde o pequeno Jesus e promete ao santo, só devolvê-lo, quando lhe conceder a graça pedida. É tão linda a vida de Santo Antônio. O pãozinho que é abençoado no seu dia é a tradição que nunca esteve ausente em nossa família. Todos nós comemos um pedacinho e o resto é colocado junto com os mantimentos, para que ele nunca falte em nossos lares. O pão é abençoado e distribuído na Igreja no seu dia, graças aos  devotos  que pagam suas graças, doando  os mesmos.
Parabéns à comissão de festejos. Parabéns ao Padre Milton. Os devotos de SANTO ANTÔNIO vão marcar presença!


terça-feira, 2 de junho de 2015

FESTA NO CORVO BRANCO

Fiquei muito feliz quando vi, num jornal local, a notícia da realização da tradicional Festa de Santo Antônio no Corvo Branco. De novo vieram à minha lembrança de criança como esta festa era prestigiada pela população de Lençóis. A abertura  era feita com a solene procissão que saía da Igreja Matriz rumo ao Bairro do Corvo Branco. Não era motorizada. Mês de Junho era muito frio, mas lá íamos nós, acompanhando o andor de Santo Antônio. Casaco pesado, cachecol enrolado no pescoço, vela na mão e a devoção ao santo, faziam com que o povo todo ano participasse da festa. O trajeto era longo, considerando-se que a cidade de Lençóis não tinha a dimensão que tem hoje. Descíamos da Matriz até a rua 15 de Novembro, seguíamos até a esquina do atual Banco Itaú, subíamos até a Vila Contente. Na antiga Destilaria tinha início o trecho mais longo do percurso. Caminhávamos em chão de terra batida até chegar à Capela de Santo Antônio. Era realmente um grande gesto de fé e devoção ao santo. Esta procissão acontecia na abertura da festa. No dia de Santo Antônio havia missa solene com procissão pelos arredores da Capela. Tudo que hoje tenta se resgatar, não tem o mesmo gosto das festas da época, mas é louvável a iniciativa. Soube através dos jornais, que a Capela foi restaurada. Que a famosa Barraca do Recreio também está pronta para servir o tradicional almoço, que na época era feito pelas senhoras descendentes de italianos, as Capoani, as Canova, as Ciccone e as Pettenazzi, que sabiam fazer como ninguém, a deliciosa comida italiana: sopa de gratine, ravióli, leitoa assada, polenta com frango, tudo de dar água na boca. Esta barraca era frequentada pelas pessoas de maior poder aquisitivo. Porém, havia outra barraca que ficava na parte mais alta, famosa pelos pastéis e outros petiscos, comandada pela família Baptistella. Além das devoções, da comida, havia as diversões.  Quem não conheceu o seu Arlindinho e sua famosa Barraca de prendas que eram sorteadas e faziam a delícia de quem ganhava? Ali encostavam velhos, adultos, crianças, que adquirindo seu bilhete ficavam aguardando finalizar a venda dos números da rodada. Só então, Seu Arlindinho girava a roleta e anunciava o número. Era muito legal. As rodadas aconteciam o tempo todo. O Correio Elegante fazia a delícia de quem era jovem, na esperança de que Santo Antônio desse uma mãozinha! E o leilão de gado? Desde muito cedo, as pessoas responsáveis pela festa saíam pelas propriedades rurais pedindo prendas. Os animais ficavam expostos no recinto e no encerramento da mesma eram leiloados. Era uma tradição que se repetia anualmente. Eu acredito que a construção da Rodovia Marechal Rondon colaborou com o fim da tradicional festa, pois o perigo é muito grande para atravessá-la. Com o crescimento da cidade, a Capela do Corvo Branco passou a pertencer à Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, que tem como Pároco Padre Milton. Muito dinâmico, carismático, Padre Milton tem conseguido de seus paroquianos todo o apoio necessário para o resgate desta tradição. Quero prestigiar tudo que acontecer por lá. Que Deus abençoe todos aqueles que estão se dedicando a este evento.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Festas Juninas - Doces lembranças


Já estamos no mês de Junho, sexto mês do ano. Tradicional mês das festas juninas. Tornou-se tão curto, que o que era tradição ser comemorado em junho, agora se estende pelo mês de julho.Temos, então, festas juninas e julinas. Junho tem gosto de quentão, vinho quente, pipoca, canjica, doce de abóbora, de batata doce, arroz doce, etc. Desde muito cedo tomei gosto por estas festas. Quando criança, meu pai nos levava pelos sítios de seus tios  e ali desfrutávamos da alegria de ver os familiares e amigos reunidos. Eu acho que para as crianças não havia coisa mais linda do que ver a fogueira ardendo e a sanfona tocando com maestria. As rancheiras executadas levavam para o meio do terreiro os casais que varavam a noite dançando.Todos arrastavam os pés alegremente. Tive oportunidade de crescer ouvindo este instrumento tocado com habilidade pela família BOSO e de conhecer pessoalmente o MÁRIO ZAN, sanfoneiro muito amigo da família e que fazia questão de comparecer às festas ou simplesmente curtir a amizade que os unia. Lembro-me das rezas, principalmente, da ladainha, que era rezada no final do terço, antes de erguer o mastro. Mês de junho era muito frio, e nós crianças não víamos a hora de levantar o mastro para correr e se aquecer na fogueira. Santo Antônio, o primeiro dos santos comemorado em junho, tem fama de santo casamenteiro. A tradição diz que quem não socar o mastro, não casa. Por isso, mal era levantado, as moças solteiras corriam na base do mesmo pedindo casamento e socando. Com isso, o mastro ficava firme até o ano seguinte. O pipocar dos rojões acontecia quando o mastro era levantado. Sempre ouvi falar que quem tem fé, no momento em que a fogueira já está reduzida à brasas, consegue atravessá-la descalço. Tinha muita curiosidade sobre isso, até que um dia, numa dessas festas em Alfredo Guedes, eu pude ver um devoto atravessar a fogueira sem se queimar. Inacreditável! 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

DE QUEM É ESTE PERFIL?

Campeã Regional/Bauru (11 anos consecutivos)
Campeã Paulista (mais de 10 vezes)
Campeã Brasileira pela ABQM (5 vezes)
Campeã do Congresso Brasileiro pela ABQM (6 vezes)
Campeã da Copa dos Campeões (2 vezes)
CAMPEÃ MUNDIAL, em 2.009, na ITÁLIA
Este perfil é de uma amazona lençoense, que passou pelas minhas mãos, quando fez a quarta série no Grupo Escolar Esperança de Oliveira. Uma menina muito linda, que como suas coleguinhas de turma, seguiu sua trajetória, buscando a realização profissional. Esta menininha me deu muito trabalho. Ao contrário da professora que adorava ensinar matemática, tinha muita dificuldade na matéria. Deve estar lembrada de minha paciência ao lidar com ela. Quando toda a classe estava absorvida em realizar os exercícios propostos, eu puxava a minha cadeira e me colocava ao seu lado, procurando auxiliá-la, principalmente, na divisão. Método breve, nem pensar. Era só pelo longo. Tabuada tinha que estar na ponta da língua. Teste rápido todos os dias. Sua mãe era presença constante na escola. Acompanhava de perto a filha. Seu pai, de família tradicional de Lençóis, tinha um hobby que lhe rendeu algumas vezes muita dor de cabeça. Era um exímio caçador. Minha aluninha vivia me prometendo uma ave deliciosa, fruto das caçadas de seu pai. Eu já conhecia a deliciosa carne de perdiz, pois meu pai também foi caçador. Não é que um dia fui presenteada com ela? Minha aluninha, dona de um sorriso invejável, que ilumina seu rosto, tinha que ser uma amazona. Sua infância foi na mesma casa que seus pais moram até hoje. A natureza exuberante por todos os lados. Animaizinhos, tanque com peixes, cachorros, um verdadeiro paraíso no meio da cidade. Quando fez o quarto ano, convidou-me para sua festa de aniversário. É claro que fui, como também todos os coleguinhas da classe.
Acredito que estejam curiosos para saber de quem estou falando. Trata-se de ANA PAULA ZILLO, filha de João Baptista Zillo e Ana Maria Ramirez. Ana Paula Zillo, 36 anos, desde os sete anos de idade monta a cavalo e compete. Perdeu as contas de quantas provas já venceu neste tempo todo. Estima que tenha mais de 500 troféus. Ana Paula é referência para crianças e adolescentes em todo o Brasil. São suas estas palavras: ”Quero competir ainda durante muitos anos. É minha paixão”.  Ela está linda na capa da revista O COMÉRCIO,  uma homenagem pelo Dia Internacional da Mulher. Parabéns, ANA PAULA!

domingo, 5 de abril de 2015

Penúltima Sessão da Câmara Municipal de Lençóis Paulista

Sempre que posso, vejo na TV Prevê, a reprise da Sessão da Câmara Municipal que acontece toda segunda-feira em Lençóis Paulista. Confesso que não gosto daquela leitura enfadonha feita pelo secretário da mesa e votada, em seguida, pelos senhores vereadores.  Prefiro ouvir os debates. Porém, são poucos os vereadores que têm o dom da palavra, mas desta vez eu tinha um motivo especial para segurar minha impaciência e ficar focada num assunto muito importante que ia ser votado: o Estatuto do Magistério Público Municipal. Sabia que na sessão anterior à discussão, ou melhor, o debate, tinha sido caloroso. Mas havia pontos polêmicos que precisavam ainda de um tempo maior para serem aprovados. E foi exatamente isto que aconteceu. Há uns tempos, mudaram a jornada do professor municipal, tornando impossível para ele, acumular um cargo no município e outro no estado. Queriam que o professor municipal trabalhasse exclusivamente para o município. Agora, querem redução na jornada, para que possam acumular. E parece-me que foi aprovado. Outros pontos polêmicos ficaram para serem votados nas escolas por todos os professores. Toda a Câmara se dispõe a acompanhar e fiscalizar esse processo, para que realmente retrate a vontade da maioria. Tenho certeza de que quem me acompanha no blog deve estar se perguntando porque meu interesse por esse assunto. Porque gosto de acompanhar tudo que se refere à educação, embora eu não seja funcionária municipal. Esse processo de erros e acertos, esse vai e vem, mostra como é difícil acertar. O que foi bom ontem, já não é mais hoje. Espero que diante das mudanças já aprovadas, o resultado apareça em uma melhor qualidade de ensino. A fala de um nobre vereador é que me levou a escrever esta página. Ao ocupar a Tribuna, ele fez menção às suas primeiras professoras: Maria Ângela Trecenti Capoani, que o alfabetizou, Dulcinéia Orsi Morelli, professora do segundo ano e Anna Dorothy Pirozzi Seoli, professora do terceiro e quarto anos. Ao falar de suas primeiras mestras, expressou sua gratidão pelo trabalho feito com carinho, dedicação, competência e muita doação. Lembrou-se de um mimo que ganhou de sua professora D. Dorothy: versos pirografados num retângulo de madeira, mas que ficaram gravados também em sua memória. Recitou-os e um colega o chamou de vereador poeta. Tipó, o nobre vereador poeta, homenageou assim todos os professores que têm em suas mãos a formação das novas gerações. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

ESCOLA ARRECADA FOTOS ANTIGAS PARA EXPOSIÇÃO DE SEUS 90 ANOS

Este título me chamou atenção quando lia, no Jornal de Bauru, as páginas dedicadas à Cultura. Uma foto pequena trazia a figura do diretor da Escola Guedes de Azevedo, Senhor Roberto Pallota, provavelmente em sua sala ou na Biblioteca da Escola, e sobre uma mesa, muitos álbuns de fotografia. Percebe-se que são antigos e que talvez façam parte do acervo cultural da escola. Comecei a ler o artigo e já no primeiro parágrafo fiquei encantada com  a iniciativa do diretor, pois  exatamente há um ano, nós também, em Lençóis Paulista, estávamos nos debruçando em um mesmo objetivo, ou seja, comemorar os cem anos do nosso querido Grupo Escolar Esperança de Oliveira. No referido artigo, o diretor fala que pretende até agosto, reunir o máximo possível do acervo fotográfico dos ex- alunos e comemorar em grande estilo. Eu me identifiquei muito com a intenção do atual diretor da escola, porque seu principal objetivo  é despertar nos atuais alunos da Escola Guedes de Azevedo, a consciência do trabalho pedagógico ali desenvolvido desde os tempos de sua mãe, quando introduziu, há trinta anos, uma metodologia de alfabetização . Marília Guedes de Azevedo Pallota é o nome de sua mãe e mantenedora da escola. Mais lindo ainda é o slogan que criaram para divulgar a comemoração dos 90 anos do Guedes de Azevedo: ”Nossa história vai além do portão da escola: está na casa, nos álbuns e na memória”. Parabéns ao diretor pela iniciativa. Os nomes dos grandes educadores não podem cair no esquecimento. É esta consciência  que não há dinheiro que pague. A valorização vem como fruto de um trabalho feito com responsabilidade, amor, dedicação. Foi com a intenção de colaborar com os festejos do Centenário do Esperança de Oliveira, que em março do ano passado, criei o meu blog, e até hoje  posto páginas dedicadas àqueles que souberam e sabem honrar a profissão de educador. Quem quiser colaborar, a escola tem todos os meios digitais à disposição. Coloca também seu telefone como meio de contato. Desejamos muito sucesso nesta valiosa iniciativa e que os frutos sejam doces para todos que ali deixaram sua marca

segunda-feira, 16 de março de 2015

UM CORAL DE ANJOS

As festas que aconteciam no Esperança de Oliveira eram famosíssimas. Muito bem preparadas pelos seus professores. Onde quer que acontecessem, eram sempre prestigiadas, aliás, a escola tinha uma responsabilidade muito grande nas apresentações, pois o público já sabia que seriam sensacionais. As apresentações em desfiles roubavam a cena. O mesmo acontecia com as confraternizações de final de ano, quando delas só se excluíam os alunos. As aposentadorias sempre foram motivo de festas e homenagens. Lembro-me de uma, a que foi preparada para a aposentadoria da Cidinha Montoro. Nesta tive oportunidade de entrar com uma participação especial, envolvendo os alunos das duas quartas séries do período da manhã. Juntamos os meus alunos e os da Alice, aliás, uma das raras vezes que a vi dando aula para outra série que não fosse o primeiro ano. Preparamos um coral. Embora minha voz fosse muito mais para uma locutora de rádio, sempre me saí muito bem cantando com meus alunos. Pois bem. Era final de ano. Como sempre, até hoje, o clima de Natal começa a entrar em minha casa pela música. Guardo até hoje um LP dos Canarinhos Liceanos, do Rio de Janeiro, com as mais belas canções de Natal. Estas canções fazem parte da vida de minha família. Todo Natal começava a ser preparado através delas. O LP é tão antigo e tão atual, que ele foi atravessando os tempos e suas músicas foram se adaptando às formas mais modernas de reprodução . Do Long Play de vinil para a fita cassete, da fita cassete para o CD, sempre produzindo o efeito mágico da época de Natal. Ouvi as músicas. Selecionei as que fariam parte da apresentação. Ensaiamos. Os recursos que eu tinha nas mãos eram um rádio e a fita cassete. O rádio era portátil, daqueles que a gente ia buscar no Paraguai. Levava para a escola todo dia. De portátil não tinha nada, mas tinha um som! Fui educando o ouvido das crianças fazendo-as ouvir as músicas que iriam aprender a cantar. A cada ensaio do nosso coral, eu ficava mais encantada com os resultados. Mas faltava um detalhe: coral que se preza tem que estar uniformizado. Eram mais de setenta crianças. Aí tive uma idéia.  Gostaria que as crianças estivessem todas de branco. O tempo era curto. Não podia nem pensar em pedir para os pais uma veste só para a apresentação de uma noite. Foi então que me lembrei das vestes brancas de Primeira Comunhão. Corri para Tia Yolanda, contei o que estava fazendo e do que estava precisando. Zelosa como era com as coisas da Igreja, prontamente me atendeu, não sem antes fazer uma série de recomendações. Chegou o grande dia. As crianças enfileiradas no corredor central do Esperança de Oliveira, todas de branco, portando nas mãos uma vela acesa. As luzes se apagaram, tendo início a apresentação. Até o tablado do Paulo Zillo havíamos emprestado. Num cantinho ao lado, bem ao meu alcance, meu rádio portátil, ele daria o tom e faria a parte instrumental de acompanhamento. A apresentação causou uma emoção indescritível. Foi o momento mais lindo da festa, que continuou depois com um jantar. No dia seguinte, cuidei de atender as recomendações de tia Yolanda, sempre tão generosa. Lavei pessoalmente as mais de setenta vestes. Os varais de minha casa pareciam da rouparia do céu. Todo branco com as vestes dos anjos! Entreguei todas passadinhas para tia Yolanda, que as guardou para a próxima festa de Primeira Comunhão. Um agradecimento especial a todos os alunos que participaram. Gostaria de lembrar o nome de todos para homenageá-los. Quem sabe algum deles ao ler esta página, hoje adulto, possa compartilhar da mesma emoção!

sábado, 14 de março de 2015

ABREM-SE AS GAVETAS DA MEMÓRIA

O dia tão esperado do lançamento do vídeo dos 100 anos  do Grupo Escolar Esperança de Oliveira, aconteceu. Com a pergunta: ”ONDE NASCE A ESPERANÇA?” e um texto como resposta, os autores do mesmo sintetizaram muito bem o que ali queriam retratar. Para quem não esteve lá e nem curtiu ainda, deixo aqui a minha apreciação. ONDE NASCE A ESPERANÇA? Nas memórias ou nos sonhos? Na emoção ou na razão? Foi para contar os sonhos e as memórias do Grupo Escolar Esperança de Oliveira, que os autores do mesmo voltaram ao passado e de lá trouxeram personagens que habitam outra dimensão do tempo: a dimensão das memórias. Algumas crônicas de vida, situações escolares interessantes e passagens curiosas entre os alunos e professores são lembradas como HISTÓRIAS REAIS passadas no Esperança de Oliveira. ABREM-SE AS GAVETAS DA MEMÓRIA. Retrocedemos no tempo, à Lençóis Paulista do início do século passado, quando nasce a escola.
Estávamos ali, no galpão lotado do Esperança, ansiosos para o lançamento. Cada detalhe do mesmo foi cuidado com muito carinho. Começa a exibição. Quarenta e cinco minutos de uma emoção indescritível. Uma verdadeira volta pelo Túnel do Tempo. Na montagem do filme, presente e passado se defrontavam o tempo todo .O presente, através da fala dos entrevistados e, o passado, na interpretação dos atores crianças, jovens e adultos .
Parabéns à Esfera Produções que soube captar tão bem a belíssima história de nosso grupo escolar. Parabéns ao elenco. Roubaram a cena: Norma Capoani e Bianchini, ex- professores, que, tranquilamente iam relatando suas memórias, e artistas contratados, que encenavam os fatos recordados. O desempenho dos artistas mirins, a Norminha e o Bianchini,  trouxeram a nossa memória cenas reais vividas em nossa infância. Parabéns a todos que deram seus depoimentos e que aparecem no filme. Após a exibição, com a voz embargada, tanto a Norma como o Bianchini posavam para as fotos ao lado dos atores mirins. Bons tempos! Vale a pena assistir!

quarta-feira, 11 de março de 2015

DEGRAUS/ESCADAS

Todos nós temos fixação por alguma coisa. Em matéria de arquitetura, um detalhe que sempre me chamou atenção foram escadas. A primeira grande escada que ficou na minha memória foi a do Esperança de Oliveira. Por quatro anos seguidos, degrau por degrau, descíamos na hora da saída, e não me lembro de nenhum acidente com nenhum aluno. E olha que não é uma escadinha! Ainda hoje, quando vou à escola da minha infância, ela me impressiona. Subir é mais fácil. Descer assusta. Embora tenha uma proteção lateral, é muito baixa para servir de apoio. Mesmo assim, prefiro ficar ao lado dela. Olhando para ela, vem à minha memória a figura de uma professora que subia e descia a mesma com a imponência de uma rainha. Trata-se de Dona Mariazinha, minha professora do quarto ano. Já falei dela muitas vezes, principalmente, pela sua competência profissional. Mas em termos de elegância, de distinção, de porte, era uma rainha. Tudo nela era tão harmonioso, no seu tipo mignon, que era impossível não ficar enlevada diante dela. Era ela que, como uma rainha, subia e descia as escadas do Esperança, do alto de seus sapatos de salto alto, para compensar sua pequena estatura. Essa visão pessoal de minha professora subindo e descendo as escadas, era reforçada com a visão da escadaria de sua própria casa. Impressões de criança, mas que imprimiam certo fascínio por esses detalhes. Ao lado de sua casa, outra residência que me atraía por suas escadarias, era a casa habitada pela família do Seu Virgílio Cicconi, onde hoje é o Espaço Cultural. Também abrigou o Hospital de Lençóis. Outra escada que ficou em minha memória foi a da entrada da casa de minha tia Teresa. Tinha uma sensação prazerosa de que lá no alto tudo era mais bonito. Sempre sonhei com uma casa com escadas na frente, mas a minha não tem sequer um degrau. É perfeita para a velhice e também porque era pura fantasia de minha imaginação! Espero que em nome da acessibilidade, estas escadas não sejam destruídas. O Esperança mantém as escadarias da frente do prédio, mas na parte interna, já foram adaptadas. Tudo foi feito com muito capricho, mantendo o encanto de um prédio tombado e permitindo o acesso com segurança para todos. Outra escadaria fascinante era a do nosso santuário. Escadaria que levava ao local onde ficava o coral, os sinos, o relógio, etc. Tínhamos acesso livre. Hoje ela está cercada de proteção. Graças a Deus! Mas era muito divertido atrever-se a subir alguns lances dela. Divertido mesmo era ver tocar os sinos. Três cordas pendiam do teto, e eram manualmente puxadas para fazer os sinos tocarem. Além da alegria de ouvir os sinos tocando, a farra de subir e descer, ao puxar e soltar as cordas! Escadas e degraus, degraus e escadas!

terça-feira, 10 de março de 2015

SEU SEBASTIÃO NO DIA A DIA

Seu Sebastião tinha um jeito bonachão. O sorriso estava sempre estampado em seu rosto. Para as crianças, tinha mais jeito de Vô do que de Diretor, para se impor, não precisava ser autoritário. Era muito amigo, porém, por trás desse seu jeito havia uma águia. Captava tudo, por isso também travou grandes batalhas com quem se atreveu a se desviar da sagrada missão de educar. Tinha uma visão muito clara do seu papel de profissional da educação. Exercia-o com segurança e autoridade, nem que para isso tivesse que ir “as vias de fato” com alguns profissionais. Nunca pecou por omissão. Sempre pôde contar com professoras extremamente zelosas, tanto na parte burocrática, quanto na parte administrativa. Deise, Anita, Neide, Marilene, foram os braços direito de seu Sebastião. Quantas vezes, eu fui surpreendida com a presença dele na minha sala de aula. Quando a classe estava concentrada em atividades, ele entrava sorrateiramente, e me assustava, porque nem eu mesma percebia sua presença. Fazia isso com prazer, sempre para levar um papinho. Às vezes, na hora do recreio, entrava na sala dos professores. Só mesmo quando tinha alguma coisa importante para comunicar. Nesse ponto, contava sempre com a Neide, extremamente delicada na condução de relações humanas dentro da escola. Seu Sebastião ficou muito tempo no Esperança como Diretor. Foi ali que se aposentou. Grandes professores trabalharam sob a sua batuta. Tinha um time que vinha de Agudos. Este fato que vou relatar o divertia muito. Quando estava com vontade de brincar um pouco, ele chamava na diretoria uma aluna de Dona Dolores, que com maestria, imitava a sua mestra nos mínimos detalhes. Para quem não se lembra, Dolores era “a Professora”. Trabalhava com os alunos de quarto ano. Era muito alegre, se vestia muito bem, aliás, como todas na época. Maquiada, bem penteada, elegantíssima, todo dia fazia a mesma rotina. Tomava o ônibus e vinha de Agudos para Lençóis lecionar. Pois bem, a menina que encantava o Seu Sebastião, imitando a professora, era filha do Aleu Basso e da Marisa. Talvez, ela nem se lembre mais disso. Com seu jeitinho infantil, quantas vezes foi para a diretoria, não para ser repreendida, mas para divertir nosso diretor. Seu Sebastião se aposentou, voltou para Tatuí, mas de vez em quando dava um pulinho em Lençóis. Tinha vínculos muito fortes com os lençoenses. Foi uma consternação geral sua morte. Ficará eternamente em nossas lembranças.

segunda-feira, 9 de março de 2015

O DIRETOR SEBASTIÃO SANTOS

Seu Sebastião veio da cidade de Tatuí. Eram quatro ou cinco irmãos, nenhum casado. Conhecia o Seu Sebastião pela grande amizade e carinho que tinha com a família da tia Conceição, pois foi ali que se aninhou quando veio para Lençóis. A família o adotou e foi recíproco. Ali fazia suas refeições, recebia carinho, preenchia a saudade de sua família, se refugiava nas horas difíceis e sabia que podia contar com tudo isso. Tia Conceição era uma mulher muito fina. Antes de se casar, trabalhou na casa da professora D. Antonieta Malatrazi, e dela aprendeu, principalmente, a delicadeza no trato com as pessoas. Falava baixinho, expressava-se muito bem, mas era na cozinha que revelava seus dons, era quituteira de mão cheia. Sua casa era procurada pelos professores que vinham de fora. Seu Sebastião morava em um sobradinho na mesma rua do Esperança e, exercia também, a profissão de advogado. Outra grande amiga de Seu Sebastião, D. Amélia, morava na mesma rua. O cafezinho era sagrado na sua casa. D. Amélia também entrou para a História da Educação no município, principalmente pela sua atuação no município de Alfredo Guedes. Professora alfabetizadora de primeira linha, dona de uma caligrafia incrível, também marcou fortemente alunos e colegas. Depois de aposentada e morando muito próximo do Esperança, teve a chance de trabalhar mais um pouco e ao lado do grande amigo, Seu Sebastião. Embora a idade já tenha marcado muito Dona Amélia, sua presença desperta sempre o maior carinho e respeito pelo exemplo de vida. Sentiu muito quando perdeu seu grande companheiro. São seus filhos que hoje a amparam. Dona Amélia será sempre lembrada por seus ex-alunos, colegas e todos os que passarem pela escola que leva seu nome. Quando a Cássia Regina, minha filha mais velha, fez a Primeira Comunhão, Dona Amélia fez questão de deixar uma mensagem no seu álbum, que reflete a luz divina que sempre norteou sua vida e que sempre procurou irradiar.


sábado, 7 de março de 2015

DE VOLTA AO BERÇO

A escola que me acolheu criança, agora me recebe em final de carreira. Estamos no ano de 1.986. Através do último concurso de remoção para o qual me inscrevi, consegui a sonhada vaga para trabalhar no Esperança de Oliveira. Não foi fácil deixar o Malatrazi. Tínhamos uma escola muito bem conceituada e muito bem estruturada. Direção, Corpo Docente e Discente de primeira linha, bons projetos desenvolvidos, mas era hora de aproveitar a oportunidade que surgia. Foi com dor no coração que me removi. Junto comigo, voltou também meu filho Evandro.  Na ocasião, o Seu Sebastião Santos era o Diretor. Profissional competentíssimo, sempre cercado de pessoas igualmente competentes. Apesar de seu jeito paternal, sabia conduzir com autoridade o Esperança de Oliveira. Como não poderia deixar de ser, continuei a trabalhar com quartas séries e agora em regime integral. Porém, como havia outros cargos à disposição, assumi a Coordenação do Ciclo Básico. Em um período trabalhava com a quarta série e, no outro, com o Ciclo Básico. O Ciclo Básico havia sido implantado recentemente, com o objetivo de permitir ao aluno mais tempo para ser alfabetizado, possibilitando ao professor de primeira série, acompanhar seus alunos por dois anos, sem repetição no primeiro ano, pois o aluno só seria avaliado ao final do ciclo. Nessa época, tínhamos um quarteto famoso no período da manhã: Alice, na primeira série, Leoni, na segunda série, Miria, na terceira série e, Zuleika, na quarta série. Isto no período da manhã. Quando me aposentei em 1.991, elas ainda permaneceram trabalhando, eu era a mais velha. Nosso laço sempre foi muito forte. Além da relação profissional, estávamos ligadas afetivamente desde muito cedo. Nunca houve distanciamento em nossas relações. Havia sempre um motivo que impedia que isso acontecesse, o que fortalecia os nossos laços. Quanta coisa bonita pudemos e podemos  ainda partlhar. As aposentadorias chegaram, os filhos se formaram, os casamentos, o nascimento de netos, novas carreiras, mudanças de cidade, etc. E nossa amizade sempre tão atual. Às vezes, também, acontecimentos tristes, inesperados, nos surpreendem, mas nossa Turma Legal resiste a tudo. Falar desses últimos anos de trabalho no Esperança de Oliveira é muito prazeroso. Guardo, como não poderia deixar de ser, muitas lembranças. Algumas, apenas na memória. Outras, gravadas nos cartõezinhos que carinhosamente me entregavam no final de ano. Ainda vou me deter um tempo falando sobre nossas experiências no Esperança de Oliveira. Já prestei meu tributo por ocasião do seu centenário, falando, principalmente, das minhas memórias infantis. Agora quero falar como professora, quase concluindo minha carreira. Me aguardem!

sexta-feira, 6 de março de 2015

CERCO DE JERICÓ

Abençoado Cerco de Jericó! Sete dias de oração intensa, que subiu aos céus como um clamor fortíssimo, para pedir cura e libertação de tudo que carregamos como herança negativa das gerações passadas. Monsenhor Carlos tem sido um incansável batalhador desde que veio para Lençóis. Suas obras constituem um legado preciosíssimo para as próximas gerações. Há cerca de vinte anos, quando aqui chegou, percebeu que a missão seria grande. Com muita coragem e determinação traçou seus planos, e com muito jeito e firmeza foi conquistando seus fiéis. Foram anos de trabalho árduo e dedicação, nem sempre bem compreendido. Tudo que se propõe a fazer é muito bem pensado. Sacerdote de visão privilegiada, voou alto, e o resultado aí está. Muitas vezes, como ele próprio já comentou, sentiu medo diante da amplidão das obras. Porém, sempre confiante na Providência Divina, avançou todos os sinais. Cuidou do material, mas não descuidou do espiritual. Hoje temos um Santuário à altura da devoção à Nossa Senhora da Piedade, para ninguém por defeito, tudo dentro das normas técnicas exigidas por lei, para um ambiente que reúne centenas de pessoas. Segurança, conforto, beleza, paz, clima de recolhimento, tudo isso podemos desfrutar na casa do Pai. Monsenhor Carlos é exigente, seguro do que deseja para tornar cada vez melhor o trabalho de evangelização. As Pastorais merecem nota Dez! São nas grandes solenidades, durante o ano, que vemos e sentimos o que é estar a Serviço de Deus. O Cerco de Jericó, momento intenso de oração que acabamos de viver, mostrou uma igreja renovada na fé. Participante desde o primeiro, senti  as mudanças que tiveram que ser introduzidas por questão de segurança. A missa que era celebrada às três horas da manhã, era extraordinária por englobar tudo, principalmente, a penitência. A oração de Exorcismo, voltada para os quatro cantos da cidade, nos dava a certeza de que Deus estava agindo, livrando-nos de todo o mal. Quando Jesus passava e se deixava tocar por nós, com certeza, graças eram derramadas. De tudo que eu senti neste último Cerco de Jericó, o que mais me impressionou foi o aumento da participação dos fiéis nesta primeira missa do dia. Foi religiosidade ou o horário mais favorável? Não importa, o importante é que saímos restaurados. Também foi uma benção a presença do Padre Adnam (desculpe-me se não é assim que se escreve). Tão jovem e tão sábio. Seus testemunhos de vida, seus ensinamentos, sua tranquilidade, cativou a todos. Como disse o Monsenhor Carlos, foram tantos os envolvidos, que dificilmente conseguiríamos nomear todos. Muitos, no escondimento. Até o próximo Cerco, se Deus quiser, e Ele Quer!

quinta-feira, 5 de março de 2015

FELIZ ANIVERSÁRIO, MIRIA!

O SENHOR TE ABENÇOE E TE GUARDE.
MOSTRE A TI O TEU ROSTO E TENHA MISERICÓRDIA DE TI.
VOLTE PARA TI O TEU OLHAR E TE DÊ A PAZ.

A cada ano a primavera da vida se renova. Celebram-se os dons, as conquistas, as lutas, as vitórias e também as quedas, as dificuldades, os momentos menos bons. Viver é isso, uma sucessão de acontecimentos que devem ser vividos com intensidade. VIVER COM INTENSIDADE É O QUE VOCÊ MAIS ESTÁ FAZENDO NESTE MOMENTO, pois a chegada das netas em dose dupla faz com que você coloque para fora a vovó que é. Parabéns aos queridos pais, que na ânsia de ficar mais juntinho da vovó e da família, mudaram-se para Lençóis. Em meu nome, em nome da Turma Legal, quero pedir a São Francisco e a Santa Clara de Assis que olhem sempre por vocês e derramem, neste momento tão especial, todas as bênçãos e graças dos céus sobre suas vidas!

quarta-feira, 4 de março de 2015

AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ

Quando fiz o quarto ano do curso primário no Esperança de Oliveira, minha professora foi a D. Mariazinha. Minha mãe vivia dizendo que ela fora sua professora também. Eu achava o fato extraordinário. Como podia ser possível, havendo uma diferença tão grande de idade, de uma menininha para outra menininha, da mãe para a filha? Outro fato curioso que ela sempre citava era sobre o Padre Salústio. Segundo ela, foi quem fez seu casamento.  Quando eu nasci, ele fez o meu batizado e disse: “ Vou fazer o casamento dela também.” Isto não aconteceu, mas tive tempo de conhecê-lo. Estas situações me levaram a refletir sobre quantas vezes durante o meu magistério, eu me vi na mesma situação que a Dona Mariazinha, primeiro trabalhando com a mãe e depois com os filhos. Vou falar. Trata-se da Maria Ocléris Martins, filha do falecido Diogo Martins, um dos proprietários da Fazendinha, onde ficava a primeira escola em que lecionei.  Quando ali cheguei para dar aula, Maria Ocléris era uma menina que sonhava com a mudança para a cidade e assim continuar os estudos. Fui eu que a preparei para o exame de admissão ao ginásio. Aprovada no exame de admissão, fez o ginásio e depois o Curso Normal. Eis uma nova professora formada e, sem perder tempo, logo estava na sala de aula. Muito bonita, logo se casou e teve seus filhos. Por uma dessas incríveis coincidências, construíram uma linda casa na Rua Gabriel Oliveira Rocha, rua da Escola do Parque Residencial São José. Apenas uma rua separava a casa da escola. Os anos foram passando e eis que a história se repete: recebo como minha aluna, sua filha Giovana. Mãe e filha alunas de uma mesma professora. Atingi três gerações da família de Seu Diogo Martins: sua filha Maria Ocléris, suas netas Giovana e Alice, suas bisnetas Daniela e Débora. Além de ser professora de todas, fui colega de trabalho da Alice, já em final de carreira. Alice protagonizou experiências divertidas enquanto suas filhas estudaram comigo. Tinha sempre uma lembrança de seu tempo de menina, lá na Fazendinha, e transportava para a minha sala de aula através de suas filhas. Uma muito boa foi a ficha usada para contagem na zona rural. Era fruto de uma árvore enorme que ficava bem na frente da casa de seu avô. Quem diria que aquela ficha tão seca e tão dura, quando plantada, germinaria? Pois foi isso que aconteceu. E com muito cuidado foi levada por suas filhas para o local de onde veio.

terça-feira, 3 de março de 2015

PARA NÃO MAGOAR NINGUÉM

Esta listagem que me propus fazer tem o objetivo de provar que tudo que se refere a meus ex-alunos continua guardado com muito carinho. Remexo, releio, lembro-me de passagens interessantes, escrevo, mas às vezes confesso que fico questionando: “Será que interessa a alguém?”  Mesmo assim, continuo. Na minha memória há sempre a alegria presente daquela perguntinha depois de décadas, quando casualmente cruzam comigo: ”Dona Zuleika, a senhora não se lembra de mim?” “Como é o seu nome?” - pergunto. Apenas ouço o nome e, já na lembrança, aflora não só a criança escondida na fisionomia de um adulto, como também os coleguinhas de sala de aula. Nesta lista não há uma sequência cronológica, são ex-alunos que permanecem eternos através de suas mensagens simples de um cartão de natal. A única coisa que posso afirmar com segurança é que frequentaram o Malatrazi no período de 1.977 a 1.985. Vou abrir a lista com o Adauto José Martins, hoje Padre Adauto. Quando foi ordenado Padre, veio pessoalmente trazer o convite para a Ordenação Sacerdotal. Éder Gutiérres, irmão do professor Adilson Gutiérres, que se emocionou com a página publicada sobre o Orfeão do Paulo Zillo, do qual fez parte. Foi lindo. Os irmãos Glauco e Gleiton. Lembro-me do sorriso dos dois. As irmãs Fabrícia e Michele Garcia. Sua inesquecível mãe, Arléia. Juliano C. Martim. Luciana Piovezan. Claudinéia Chapani. Eliane da Silva Ramos. Edilene Doreto. Márcia Cristina Luiz. Suélem Cristina. Sabrina. Rosemary Benedetti. Priscila Tangerino. Glauco Temer Feres, filho de Vera e Paulo Lídio, sempre presentes, acompanhando o trabalho realizado na escola. Petra Mittelbach, filha da Zuleica, minha xará. Claudirene S. de Oliveira. Lisângela Maria Boso. Inesquecível Raquel, filha de Maria Uzilde e que partiu tão cedo! Alessandro Morelli. Elaine (Um cartão mimoso com os dizeres ”Minha mestra querida, que os seus sonhos se tornem realidade. Parabéns! Aqui fica toda a gratidão em reciprocidade ao seu labor. Elaine”. A letra e a mensagem não são próprias de uma criança. O valor está nas entrelinhas, é a família valorizando o trabalho do professor. Daniel e Cristiano, filhos de Maria Odília, funcionária da escola na época, que me presentearam com uma agendinha e imprimiram nela a sua mensagem. Um dia, eu sei, estas recordações serão destruídas. Tudo tem um fim, mas enquanto isso... vou recordando.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Lembranças de Primeira Comunhão

Guardo com carinho lembranças de Primeira Comunhão de alunos do Malatrazi, dadas como recordação.
Escolhi os dizeres de uma delas para transcrever:
“Felizes somos nós os convidados para a ceia do Senhor”.

                                                  Liturgia Eucarística
Eu,  Edilene Maria Doretto,
No dia 28/10/1.984
Na comunidade São Benedito, Vila Mamedina
Recebi Jesus na Eucaristia pela primeira vez.

Obrigado a você que participou comigo desta celebração. Agradeça a Deus, comigo, para que sejamos fiéis a Ele por toda a vida.

As outras lembranças são dos alunos: Cassiana Regina dos Santos, Rossana Oliveira e Souza, Petra Mittelbach, Eliane da Silva Ramos, Glauco Temer Feres.





Do ano seguinte, guardo as lembranças de: Fabíula Regina Ferreira Vacchi, Lisângela Maria Boso, Cláudia, Telma Regina Barbosa.( 17/11/1.985) 


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DE 1.977 a 1.985: 12 ANOS DE MALATRAZI

Este foi o espaço de tempo que trabalhei na E.E.P.G. do Parque Residencial São José, pois foi com esse nome que foi criada a atual Escola Malatrazi.
Quem conhece o Tony Martins, sabe que ele tem uma memória incrível. Toda vez que vou cortar o meu cabelo, não perde oportunidade de comentar sobre o meu blog. Nossas vidas se cruzaram em momentos muito especiais, tanto no Paulo Zillo, como no Malatrazi. Da última vez que estive com ele, o assunto foi o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja de São José e a Inauguração da Escola do Parque Residencial São José. Bem, o que uma coisa tem a ver com a outra? Simplesmente aconteceram no início do ano de 1.977. A devoção a São José é tão antiga em Lençóis, e tão popular, quanto o nosso querido Padre Salústio. Devotíssimo de São José, realizava todo ano, no mês de março, a novena ao santo. O povo prestigiava os nove dias de oração. Nessa época, as missas eram celebradas às seis horas da manhã. A Igreja lotava. As congregações marcavam presença. Padre Salústio era festeiro. Tudo era muito grande na sua época, principalmente, as festas religiosas. Sua personalidade marcou os católicos da época. Os mais velhos lembram com saudades, os mais novos, apenas sabem que Padre Salústio é o nome de uma avenida da cidade. Pois bem, muitos padres marcaram sua passagem por Lençóis, até que chegou o Padre João Novaes. Como o Padre Salústio, permaneceu em Lençóis por muitos anos. Tive oportunidade de ajudá-lo em muitas ocasiões, principalmente, na campanha pelas missões no mês de outubro. Na época do Padre João Novaes, não havia ainda um trabalho tão bem estruturado de pastorais, mesmo assim havia muitos colaboradores. Sempre gostei de ser comentarista, de proclamar a palavra. Sempre servi e auxiliei. Mas voltando ao Padre João Novaes, devemos a ele, a construção de uma capela em honra a São José, na Vila Ubirama, cuja pedra fundamental foi lançada no mês de março de 1.977, mesmo ano da criação da E.E.P.G. Antonieta Grassi Malatrazi, na gestão do prefeito Ézio Paccola. Tony descreve nos mínimos detalhes o lançamento da pedra fundamental da capela, bem como a inauguração da escola. Lembra-se das autoridades presentes, da banda, dos discursos, das bandeiras, etc. Lembra-se também do trabalho que deu para deixar a nova escola pronta para a inauguração. Segundo ele, o Diretor Edo Jesus Coneglian, com a ajuda dos próprios alunos, ia recebendo o novo mobiliário, desembalando e arrumando nas salas de aula, para que tudo ficasse pronto a tempo. Foi uma correria, mas deu tudo certo. Só depois de tudo isso, nos mudamos do Garrido, onde estivemos provisoriamente instalados. Tudo aconteceu no mês de março de 1.977. No mês de abril, participamos com muito orgulho do desfile de aniversário da cidade, representando orgulhosamente a E.E.P.G. do Parque Residencial São José. Tantos anos se passaram. Seria muito importante, entre tantos eventos que acontecem durante o ano, incluir no Calendário Escolar, a comemoração do aniversário da escola e sua história. Fica a sugestão. 

DÉBORAH

Nome forte, nome bíblico, jamais esqueceria as alunas que passaram pelas minhas mãos, registradas com esse nome. Vamos começar pela Déborah, filha da Inah Lúcia, irmã do nosso querido amigo Procópio e do Antonio Carlos.  Dos três irmãos, apenas o Procópio criou raízes em Lençóis. Antonio Carlos e Inah foram para o Paraná. Casaram-se, como não poderia deixar de ser, com lençoenses (Giofrê e Serralvo). Antonio Carlos e Inah têm raízes aqui e sempre voltam para rever o irmão e outros parentes que aqui deixaram. Quando tenho oportunidade de conversar com seus familiares, sempre peço notícias. Déborah, de quem estamos falando, não é mais uma menininha. Os anos foram  passando. A menina seguiu sua vida. Hoje, com certeza, está casada e realizada profissionalmente, pois era uma excelente aluna. Um traço marcante em Débora era a sua meiguice. Nestes últimos tempos, tenho me detido na organização de cartas, cartões, bilhetes, santinhos, que recebi ao longo de meus quase trinta anos de magistério, tentando agrupá-los por escola. Foi fazendo isso, que encontrei uma cartinha da Débora, expressando o seu carinho por mim. De um lado, a cartinha, e do outro, um poema que vou transcrever:

SENHOR, SEREI PONTE
Olho a ponte
Escuto a linguagem da ponte
Sou forte, muito forte!...
Resisto a tudo!...
Permaneço estática.
Persevero no meu posto!...
Nasci para unir.
Senhor,...
Quero ser ponte também
Serei ponte para os corações chegarem a ti

Ser ponte!...
Unir a terra aos céus
Unir pessoas entre si
Unir os desunidos
Unir os desencontrados
Unir os corações
Sim!...
Senhor!...
Serei ponte!

Com certeza, não foi de qualquer lugar que Déborah copiou este poema. Tendo os avós que teve e os pais que tem, boas mensagens é que não faltavam. Tudo é artesanal no cartão feito por suas mãozinhas de criança. Um pedaço de cartolina cor de rosa, duas folhas de papel de carta, um pouco de cola e o desejo de homenagear a professora. Lembranças como essa jamais irão para a lata do lixo. São pontes que me levam para o passado e me enchem de saudade. Das outras Déborahs, falarei no momento oportuno. Em tempo, Déborah foi minha aluna no Dr. Paulo Zillo, no ano de 1.973. Os alunos tinham por hábito, nas festinhas de final de ano, fazer  cartõezinhos para os professores, desejando Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Esta cartinha data de 12 de dezembro de 1.973.



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PRIMEIRA EUCARISTIA

É muito lindo folhear o Álbum, que cada um dos meus filhos tem, da Primeira Eucaristia. Hoje estou com o do Evandro em minhas mãos. Logo nas primeiras páginas aparecem os dizeres: ”Respondendo ao convite de Jesus, eu, Evandro Luís Radichi, participei da Eucaristia pela primeira vez, no dia 09 de novembro de 1.985, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade. Recebi das mãos do Padre Serafim Petroski. Em seguida, uma foto muito linda do Evandro e de sua catequista, Dona Adélia Segalla Lorenzetti. Tinha o hábito de registrar tudo que acontecia no dia, como pessoas que estiveram presentes, presentes recebidos, e também colar no próprio álbum as lembrancinhas de Primeira Comunhão. Quase todos os pais se preocupavam com isto. É uma tradição que permanece. Terminada a missa, as crianças gostam de distribuir as lembranças. Lembro-me de que as do Evandro vieram da Aparecida do Norte, assim como seu álbum. Registrado no álbum, encontram-se alguns nomes de coleguinhas que fizeram a primeira comunhão no mesmo dia: Leandro Moretto, Sandro de Almeida Salles, Marcelo Ricardo Paccola, Fernanda Minetto, Ricardo José Boso, Daniel Galiano Ortiz, André Paccola Sasso, André Luís Caciolari e outros mais. No mesmo álbum tive o cuidado de colar as respectivas lembrancinhas. Assim, como pais responsáveis, íamos registrando todos os passos na formação de nossos filhos: nascimento, Batizado, Primeira Eucaristia, Crisma, Casamento, nascimento dos netos, enfim, o ciclo da vida. Evandro entrou nesta página porque marcou o período que fechei no Malatrazi, embora eu tenha muito para falar ainda desta escola.